o0o A Companhia de Artilharia 3514 foi formada/mobilizada no Regimento de Artilharia Ligeira Nº 3 em Évora no dia 13 de Setembro de 1971, fez o IAO na zona de Valverde/Mitra em Dezembro desse ano o0o Embarcou para Angola no dia 2 de Abril de 1972 (Domingo de Páscoa) num Boeing 707 dos Tams e regressou no dia 23 de Julho de 1974, após 842 dias na ZML de Angola, no subsector de Gago Coutinho, Província do Moxico o0o Rendemos a CCAÇ.3370 em Luanguinga em 11 de Abril de 1972 e fomos rendidos pela CCAÇ.4246 na Colina do Nengo em Junho de 1974. Estivemos adidos em 72/73 ao BCav.3862 e em 73/74 ao BArt.6320 oOo O efectivo da Companhia era formada por 1 Capitão Miliciano, 4 Alferes Mil, 2 1º Sargentos do QP, 15 Furriéis Mil, 44 1º Cabos, 106 Soldados, num total de 172 Homens, entre os quais 125 Continentais, 43 Cabo-Verdianos e 4 Açorianos» oOo

terça-feira, 31 de março de 2009

De Manuel Dias Monteiro

Cordiais Saudações a todos!
Maçarico que sou nestas andanças do Blogue da CART 3514,” PANTERAS NEGRAS”, que homenageia a Companhia à qual tive a honra de pertencer, aproveito em primeiro lugar, para cumprimentar todos os meus Companheiros, em particular os que como eu pertenceram ao 4º grupo de Combate. Para todos um grande abraço.
Aos iniciadores desta “obra” uma palavra especial de agradecimento por me terem acolhido na vossa “lavra” que com carinho semearam e que já começou a dar os seus frutos. Sem querer desprestigiar os outros editores, todavia, quero aqui render a minha homenagem em primeiro lugar ao amigo António Carvalho pela sua dedicação a esta obra, pois é através deste blogue que vamos recordando e tendo notícias dos nossos companheiros que o rumo da vida dispersou pelo mundo inteiro.
Em segundo lugar, não posso esquecer de um outro Companheiro, que me dá o privilégio de pertencer ao seu rol de amigos e quase todos os dias me atura em amenas cavaqueiras pela noite dentro, através desta “modernice” que se chama internet. Falo, pois, de Octávio Botelho, que como há 37 anos atrás, continua a dar cartas neste jogo da vida, pela sua forma peculiar de estar na vida..
Para quem hoje se iniciou (e ainda não tem folêgo suficiente para mergulhar nestas águas embora tranquilas) a conversa já vai longa e por isso, despeço-me com um: “Até amanhã, Companheiros!”

Boas-Vindas

Cá estou de novo e, para já, pedindo desculpas pela minha insistência em aparecer após ter decorrido tão pouco tempo depois da minha ultima presença!...Mas não pude deixar de ficar agradavelmente surpreendido quando hoje, ao fazer a ronda diária ao nosso Blogue, deparei com um novo colaborador que, segundo parece, não resistiu ao "empurrão" que, recentemente, lhe foi dado por mim e pelo camarada Carvalho!...Caro Monteiro, como vê, as águas são muito calmas e até agradáveis e não são tão assustadoras como parecem à primeira vista!...Após o "mergulho", sustem-se um pouco a respiração enquanto possível, para não correr o risco de engolir alguma água e, sobe-se de novo à superfície para renovar o ar e fazendo isto nas calmas e alternadamente, não correrá o risco de se "afogar"!...E assim, no sistema alternado de "mergulho"-"emersão", tenha a certeza de que tudo correrá bem!...

Agora, só me resta felicitá-lo pela sua decisão e desejar-lhe que tenha muito êxito na sua colaboração e que também não hesite em dispor do seu album de fotos para melhor ilustrar e enriquecer o Blogue da CArt 3514 que é de nós todos e que, quanto mais "rico" e "ilustrado" ele for, melhor falará de nós aos coevos e aos vindouros.

Não quero alongar-me mais e termino, por agora, apresentando cordiais saudações a todos os colaboradores, a quem desejo as maiores felicidades, sem esquecer todos os restantes elementos da CArt 3514 e ainda os eventuais "visitantes" do nosso Blogue. Um abraço para todos.

sábado, 28 de março de 2009

Parabéns


Reapareço, dando sinal de vida, e ao mesmo tempo para marcar uma data especial!...Neste dia, o nosso comum amigo e camarada Manuel Dias Monteiro, cuja efígie se encontra nesta breve nota, completa 59 Primaveras e, por essa razão, me lancei a rabiscar esta breve nota para, em meu nome e, se me permitem, dos restantes colaboradores do Blogue, apresentar-lhe os nossos parabéns pela feliz ocorrência!...Ao mesmo tempo, aproveito para lhe perguntar quando é que se atreve a dar o "mergulho" na colaboração da edição do mesmo, não apenas com fotos do seu album, que é útil e enriquecedora, mas de um modo mais efectivo e activo, escrevendo "histórias" que, de certo, terá nos seus memoriais e que animarão ainda mais o Historial da CArt 3514!... Ficamos à espera de uma decisão do Camarada Dias Monteiro, que já tarda!...
Os meus cumprimentos aos restantes colaboradores do Blogue e aos seus visitantes!...

quinta-feira, 26 de março de 2009

Lumbala Nguimbo

Do álbum de Manuel Dias Monteiro
Que nos cita: Imagem da rua principal de Gago Coutinho, à direita o estabelecimento Kitanga que comercializava de tudo um pouco desde alimentação, tecidos, vestuário, bijutaria, ferramentas agrícolas, combustíveis e artigos diversos, à esquerda a casa do Administrador do município e em frente um monumento em honra do navegador e aviador Carlos Viegas Gago Coutinho, que nos fins do século dezanove coordenou a demarcação da fronteira leste de Angola.

A Vila de Gago Coutinho era atravessada pela via rodoviária que ligava a capital do Moxico ao município dos Bundas, à comuna de Ninda e Chiúme e mais a sul ao município do Rivungo no Cuando Kubango. Em Abril de 72 aquando da nossa chegada ao leste, este troço urbano já era asfaltado, e a maioria das casas de Habitação, Comercio, Restauração, Administração Local e Policia, construídas em alvenaria situavam-se ao longo desta estrada, era o único local onde se podia andar com sapatinho à maneira, também era nesta "suposta avenida" que aos domingos ao final da tarde a comunidade local e a residente faziam os seus passeios e cortesias, aproveitando o fresco do final do dia e a rapaziada mais parecendo bicho do mato, ávidos por ver mulher branca, aproveitavam a paisagem para lavar a vista e carregar baterias, e então..!! Quando a filha do Administrador estava de férias lectivas, aquilo mais parecia o paredão da praia da Nazaré em pleno mês de Agosto.

Cheias no Leste

Luena, 25.Março
Governador do Moxico em digressão ao interior para avaliar estragos das chuvas.
–João Ernesto dos Santos “Liberdade”, iniciou esta quinta-feira, uma digressão a cinco municípios da província, para se inteirar das consequências causadas pelas chuvas que se abatem na região.
Igualmente coordenador da comissão provincial da protecção civil, vai visitar até ao dia 30 de Março, os municípios do Léua, Kameia, Luacano, Luau e Alto-Zambeze, onde manterá reuniões com as respectivas comissões municipais e outras autoridades locais.
Os municípios do Alto-Zambeze e Luacano (a 519 e 217 quilómetros, respectivamente), são considerados mais vulneráveis às cheias, devido aos maiores caudais dos afluentes do rio Zambeze que atravessam estas circunscrições, nomeadamente, os rios Luvua, Chivumaji e Lutembue.
Outro município exposto às cheias é o dos Bundas (356 kms a sul do Luena), por onde passam os rios Lungue-Bungo, Luanguinga, Mussuma, Nengo e Kuando, os maiores da região sul da província.
Na sua digressão, o governante faz-se acompanhar dos membros da comissão provincial da protecção civil.
Notícia AngolaPress

quarta-feira, 25 de março de 2009

Lumbala Nguimbo

Paróquia São Bonifácio conta com serviços de irmãs de Teresiana
A Paróquia “São Bonifácio”, afecta à Igreja Católica no município dos Bundas, província do Moxico, conta desde o último fim-de-semana com duas irmãs da congregação Teresiana, que irão contribuir na educação da juventude feminina da circunscrição.
Segundo uma nota distribuída hoje, terça-feira, à Angop, as missionárias foram apresentadas aos membros da Paróquia pelo bispo da Diocese de Luena, dom Jesus Tirson Blanco, durante a celebração de uma missa.
Durante a homilia, o prelado católico aconselhou os fiéis a promoverem o amor e a unificação espiritual entre os membros da comunidade religiosa e não só.
Dom Tirson Blanco orientou o pároco local, Padre Orlando Agostinho a sensibilizar os fiéis para ajudarem no reavivamento do evangelho nas comunidades onde estão inseridas, para o crescimento da igreja e a sua requalificação.
O fomento da agricultura e outras actividades úteis á sociedade foram outras recomendações deixadas aos membros da Igreja e a população pelo líder da Diocese do Luena.
Lumbala-Nguimbo é a sede municipal dos Bundas, um dos nove da província do Moxico que dista 356 quilómetros a sul do Luena.
Notícia AngolaPress

segunda-feira, 23 de março de 2009

Lumbala Nguimbo

Gago Coutinho de ontem.
Imagem aérea da Vila Gago Coutinho em 1973, em primeiro plano um bombardeiro Harvard T6, mais abaixo o quartel e sede da Ccs Batalhão, com as instalações do Pad à esquerda e o destacamento da Fap e a pista de aeronaves à direita, o campo de futebol em frente á porta de armas, e em cima, bem visível a estrada principal que atravessava a vila e os caminhos transversais de acesso aos musseques.
Lumbala Nguimbo de hoje
Sede Municipal dos Bundas na província do Moxico, (denominada na era colonial Vila Gago Coutinho) é hoje uma circunscrição com uma população estimada em 56.741 habitantes, distribuídos pelas comunas do Luvuéi, Lutembo, Sessa, Mussuma, Ninda e Chiúme, numa área com 42.992 kms2, faz fronteira a leste com a Republica da Zâmbia, limitada a norte pelo município do Alto Zambeze, a oeste com os Luchazes e o Luena e a sul com os municipios de Mavinga e Rivungo na província do Cuando-Kubango. Foram matriculados no ano escolar 2008/2009 mais de 18.000 alunos na 7º classe distribuídos por 64 salas de aula e assistidos por 147 professores. Depois do cessar das armas e da estabilidade das populações, com as vias de comunicação restabelecidas, pontes e caminhos rodoviários, foi possível a construção de infra-estruturas básicas, tais como escolas, meios sanitários, rede eléctrica e iluminação pública com a instalação de um gerador, água potável com pontos de distribuição, serviços primários de saúde/hospitalares, reabilitação do comercio tradicional, da agricultura, da criação de lavras de subsistência familiar, a pesca, apicultura e caça, no final do ano com a campanha eleitoral ao rubro foram beneficiados com o sinal de rádio e televisão publica.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Convivío Anual da cart.3514

Vai realizar-se no próximo dia 16 Maio o 4º convívio anual da Cart.3514 com um almoço de confraternização na Quinta da Provença em Casais Novos - Alenquer, com o seguinte programa:

quinta-feira, 12 de março de 2009

Documentos D´outrora (5)

Delegacia de Saúde dos Bundas
-Certificados de Vacinação-
Estes documentos foram guardados religiosamente até aos dias de hoje, retratam um pouco dos cuidados sanitários que eram impostos e cumpridos á regra pelos nossos camaradas da área de saúde sempre que os prazos de vacinação caducavam, trabalho este a cargo do nosso fur. Enf. José Manuel Fonseca Marques e dos adjuntos Zé Abreu, Jomi, Rodrigues e Elísio Soares que muitas vezes nos ajudaram com muita paciência e dedicação nos problemas de saúde que surgiram ao longo da comissão. 1-Certificado Internacional de Vacinação contra a Febre Amarela, só era válido se a vacina usada fosse aprovada pela Organização Mundial da Saúde, e o centro de vacinação estivesse habilitado pela administração sanitária do território, a validade deste Doc. tinha a duração de dez anos após a data da vacinação.
2-Certificado Internacional de Vacinação contra a Varíola, abrangia um período de três anos, com inicio oito dias após a data da primo-vacinação efectuada com resultado (inserção).
3-Certificado Internacional de Vacinação contra a Cólera, com duração de seis meses a começar seis dias depois da primeira injecção da vacina ou logo após a revacinação.
Certificado Vacinação (Cólera).
Documento individual atribuído a cada militar em comissão no ultramar, que certificava a vacinação ou revacinação, com o carimbo de autenticação conforme o modelo prescrito pela Administração Sanitária do território onde era efectuada.
No documento acima a primeira vacina foi administrada pelo Serviço de Vacinação de Évora no (RAL3) Regimento de Artilharia Ligeira 3, em 20/03/72 a poucos dias do embarque para África, as restantes foram administradas já no leste de Angola pela "Delegacia de Saúde dos Bundas " no Sector Militar de Gago Coutinho conforme o exemplar autenticado com os respectivos carimbos dos serviços de saúde local.

Gago Coutinho

De Lumbala Nguimbo
O administrador municipal dos Bundas (Moxico), Júlio Augusto Kuandu, empossou hoje (quinta-feira), em Lumbala-Nguimbo, 51 novos membros recentemente nomeados para cargos de chefia em repartições e secções municipal e comunais.
No acto de investidura o responsável exortou os empossados a dedicarem-se com todo o "zelo e amor" às funções pelas quais foram chamados, mostrando as suas habilidades e experiência, para o bem do país e da população.
Na sua opinião, “a tomada de posse significa um contrato com o governo para servir a população”, aconselhando a simplicidade, compreensão e simpatia com todos que procurarem os serviços administrativos.
As boas relações laborais e o respeito aos superiores hierárquicos foram entre outros pareceres dirigidos aos novos membros do aparelho administrativo do município dos Bundas.
Bundas é um dos nove municípios da província do Moxico, situado a 356 quilómetros a sul do Luena, está subdividido em seis comunas, nomeadamente, Luvuei, Lutembo, Sessa, Mussuma, Ninda e Chiúme.
É o segundo maior municipio depois de Alto-Zambeze, com 41.154 quilómetros quadrados e uma população estimada em 56.741 habitantes, na sua maioria camponeses e apicultores.
noticia AngolaPress

domingo, 8 de março de 2009

PAD.2285 36 anos depois

Crachá do PAD 2285
"Os Diferentes"
Gago Coutinho 71/73


Há dias editei aqui um artigo de homenagem aos nossos antigos camaradas e amigos do serviço de material que connosco conviveram durante um ano em Gago Coutinho, da qual guardamos boas recordações, de amizade e colaboração, independentemente dos vários despiques que travámos aquando dos embates futebolísticos em que cada um puxava para seu lado como è natural. No artigo do blog o ID do PAD estava incorrecto, por erro ou lapso de memória do Albino Félix que me transmitiu essa informação, e que eu acabei por escrever com uma interrogação entre aspas, dúvidas essas dissipadas depois de um mail enviado pelo ex. fur mil. Américo Pedro, camarada e amigo, natural aqui do Entroncamento, que não via desde a sua saída de G. Coutinho á 36 anos, e me convidou a estar presente na estação ferroviária desta vila no passado sábado dia 7 pelas 11 horas para um abraço á rapaziada do Pad, que aqui se reuniram, afim de seguirem num mini-bus a caminho da Sertã onde realizaram o seu encontro anual. Passados tantos anos e voltar a encontrar estes camaradas, que conhecemos na idade dos “sonhos” falar dessa época, das “brigas” e dos casos do futebol, do click do Medeiros (o Açoriano), das farras, dos copos, dos convívios, enfim um desfiar de recordações que no pouco tempo do encontro, nos levou novamente ao leste, revimos fotos que todos conhecemos, chão que juntos pisamos, imagens dum passado comum gravadas na nossa memória, que jamais esqueceremos.
Passados tantos anos, è natural que a nossa mente, não reconheça estas feições, pois todos nós mudámos, uns mais que outros, estamos mais velhos, mas depois em diálogo, com o desenrolar das “estórias”, vividas no mesmo cenário acabamos, por reconhecer alguns.
Até um dia, sempre ao vosso dispor
Um grande abraço a todos
Carvalho.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Convivio Anual da Cart.3514

De Fernando Carrusca
No ano da comemoração do 35º aniversário da nossa chegada ao "Puto" após 27 meses de comissão no leste de Angola, tenho muito prazer e gosto, em organizar este 4º encontro na minha região, e espero sinceramente, seja do agrado de todos os amigos e familiares, que nele queiram participar.
Aos meus Camaradas e Companheiros da Cart3514 tenho a honra de anunciar e convidá-los assim como aos seus familiares a participarem neste encontro a realizar no próximo dia 16 de Maio (Sábado) com o seguinte programa: Concentração prevista para as 10H30, no parque de estacionamento junto à praça de touros em V. Franca de Xira, onde serão recebidos com os cumprimentos da praxe pela organização do evento, uma visita agendada ao Museu Municipal desta Vila Ribatejana, seguindo depois em caravana para a Quinta da Provença em Casais Novos - Alenquer, local de confraternização e almoço, previsto para 13H30.
A todos os camaradas que por qualquer motivo alheio, não recebam o convite via CTT a tempo e horas, devem entrar em contacto com o Fernando Carrusca afim de confirmarem a sua presença até ao dia 15 de Abril sff.
Contactos:
Fernando Carrusca
Tlm. 919970684
Tef. 263299605

Na Comuna do Lutembo

Na imagem á chegada ao Lutembo temos: Ribeiro e Ramalhosa sentados nos guarda lamas da Berliett onde se fazia uma viagem porreira sem apanhar pó, o pior eram as AC que nos faziam pensar duas vezes, em cima do capô Carvalho, Duarte e Careca, atrás Oliveira, César Correia, Gomes e o saudoso Zé Abreu
Estávamos nesta altura em inicio de comissão quando alguns de nós visitaram pela primeira vez o Lutembo onde estava estacionado o 3º Pelotão, era na época um pequeno aldeamento com uma pista para aeronaves, um posto administrativo e umas cinco centenas de habitantes, situado na via rodoviária Luso-G. Coutinho a pouco mais de 30 kms de Luanguinga. Aproveitei a boleia da coluna de abastecimento que passava no Lumbango e fui visitar a rapaziada do terceiro, que estavam num local agradável em relação ao primeiro e quarto pelotão, que fizeram a iniciação logo em destacamentos isolados na mata, para abrir o apetite, mais tarde os papéis acabaram se invertendo, ninguém se pode queixar da sorte, são águas passadas, o que lá vai são hoje, apenas memórias d´outrora.

domingo, 1 de março de 2009

Estórias de Caça (3)

Luati 1973
Foto do álbum do camarada Manuel Araújo Rodrigues com duas cabras do mato
Em meadas de 73 as obras de desmatação da nova via rodoviária entre Gago Coutinho e Ninda chegaram ao rio Luati, nesta frente de trabalho operava uma bulldozer de lagartas, um maquinista e uma equipa de vinte e tal indígenas munidos de catanas e machados para limpar raízes e desobstruir o terreno desmatado, do nascer ao pôr-do-sol, regressavam todos os dias a Gago Coutinho para passarem a noite, seis dias por semana.
A segurança do pessoal e dos equipamentos era da nossa responsabilidade, com uma secção no período da manhã, outra no da tarde e algumas vezes pernoitámos junto da máquina, quando a distância ao nosso acampamento era demasiada para a sua deslocação. A gestão operacional destas situações obrigava-nos a constantes mudanças do acampamento, facilitando a operacionalidade dos recursos e meios existentes. Foi escolhido um local a meia encosta, perto da ponte sobre o rio e da picada, na orla da mata, aproveitando a sombra das árvores para suavizar o calor da época. Ao fim de alguns dias neste local e depois da adaptação, começámos novamente a sair à noite para caçar, depois de termos feito umas incursões diurnas para conhecer o terreno, caminhos de acesso e retorno, pistas e pegadas de caça, apalpar o terreno nesta grande chana na margem direita do rio a montante da ponte.
Não era normal caçar de madrugada, mas naquela altura por estarmos há pouco tempo naquele local e por precaução saímos a meio da noite, atravessamos a ponte, picada acima, tomamos um trilho para montante do rio até à grande chana onde passamos umas horas de holofote na mão à procura de caça, foi daquelas noites em que as coisas não correram bem, a dada altura com tanta volta perdemos os pontos de referencia e andámos a nora naquela imensidão, e para azar maior um atascanso para animar a malta, digo bem animar.
Pois a barafunda já tinha começado antes, éramos uns dez homens, cada um com o seu azimute, vai por aqui, vai por ali, ó meu cego estamos andar para trás, quiseste vir por aqui, então f.de-te e pega na enxada e cava, isso é que era bom, não ajudas ficamos cá todo o dia, outro esgalhava a rir, outro retorquia vai-te rir pró c…lho, e por ai adiante…! Com o recurso aos taipais laterais da berliett e muito trabalho de pá e pica lá conseguimos sair desta situação e chegar a terra firme. Apanhado o trilho de retorno e mais animados lá regressámos ao raiar do dia, a tempo do primeiro contacto rádio da manhã com a sede da companhia, não fossem os camaradas que ficaram no destacamento comunicar a nossa ausência e arranjar algum trinta e um à rapaziada…!
Não citei nomes dos camaradas pois não me recordo dos intervenientes da situação.