Caros Camaradas “Panteras Negras”:
“Recordar é viver”, lá diz a velha sabedoria popular!...E, como sempre, verifica-se que a sua sabedoria secular e, até talvez, quem sabe, milenar é, durante todos esses séculos e milénios, muito respeitada, por ser o repositório valioso de todas as vivências e experiências acumuladas pelos nossos antepassados e que nunca deve ser menosprezado. Nesta ordem de ideias, proponho-me hoje, em união espiritual convosco, recordar os Natais que, desde o ano de 71, até 73, da centúria passada, passamos juntos e em comunhão familiar e que deixam dentro de nós uma suave nostalgia dessas datas que já vão tão distantes no tempo, mas que, dificilmente se esquecerão pois tal é, de facto, impossível, porquanto nos deixaram marcas indeléveis que permanecerão para sempre na nossa memória, tanto individual como colectiva.
E, assim, começo com o Natal de 71: Esse, não o passámos juntos, uma vez que estávamos em Évora na formação da CArt 3514!... Passei-o eu, nos Açores e vós, nas vossas terras de naturalidade. Esse apenas ensombrado pela natural preocupação de saberdes que, dentro em pouco tempo, teríeis de partir como mobilizados para uma guerra, num continente com ambiente e clima completamente diferente daquele a que estáveis habituados e, ainda com a agravante de, como disse acima, irdes para uma guerra, enfrentando todas as incógnitas que uma tal situação acarreta: Regressaremos?... Quando?...Como?... Não regressaremos?... Porquê?... Podem crer, mas devem sabê-lo, que eram perguntas para as quais haviam muitas respostas e, algumas delas, não muito agradáveis de ouvir ou sequer pensar nelas!...
Felizmente, apesar de, logo no início da nossa missão (7/5/72), termos tido o azar de perdermos o primeiro elemento, o 1º.Cabo Ernesto Gomes, passados pouco mais de 2 meses; o segundo, Joaquim Ricardo (23/8/72), a nossa Companhia, podem crer, foi abençoada neste campo, se compararmos as nossas perdas com a de outras infelizes Companhias que perderam muitos, muitos mais que estes que nós perdemos...!
O segundo Natal, passado na guerra, foi para mim e para alguns (não para todos vós), passado em Gago Coutinho!... Não me esquece o espectáculo de Natal realizado no palco montado num salão do Quartel do BCav.3862 “ Cavalo Branco”, já nem me lembro bem se era no refeitório da Praças. Lá esteve, entre outros, a actuar com uma canção em italiano, o nosso 1º Cabo Socorrista António Elísio Soares, que cantou mais outra, muito cómica, que contava a história: “Era uma vez um chouriço a assar!...” Enfim!... Recordações que não esquecem, do Natal de 72..!! Do Natal de 73, esse já passado no Nengo, tenho as melhores recordações!... O Camarada Fur. Soares, nesse Natal, de saudosa memória, empenhou-se em ensaiar um Grupo Coral, com um reportório composto maioritariamente de peças musicais natalícias, tais como o “Oh Holly Night”, cantado em três línguas: Português, Inglês e Francês, o “Silent Night”, em português, o” Primeiro Natal”, em português, o “Lullaby”, de Brahms, também em português e uma canção de protesto de Francisco Fanhais, “Vemos, ouvimos e lemos”. Estou aqui a lembrar-me de que, se a última peça do programa fosse ouvida por uma certa “Polícia” que estava bem perto de nós, estaríamos todos numa embrulhada séria, pois que tal cantiga estava interdita em Portugal pelo regíme em vigor!... Do referido Grupo Coral, fazia parte eu próprio, entre outros camaradas, de entre os quais recordo o Carrusca, o Paulo Ribeiro, o Vitor Dinis e muitos outros, dos quais já me não recordo.
Desse último Natal em África, mais própriamente no Leste de Angola, não tenho qualquer imagem, mas para isto não ir assim, sem ilustração, pois ficava um bocado defeituoso e, para não ser assim, vou anexar uma foto, inédita neste Blogue e de que vou identificar os respectivos figurantes: São só dois e muito conhecidos de todos: Um deles, sou eu próprio e o outro, o nosso Fur. Serviço Mat. António Duarte.
Este já está, contra o que é habitual, excessivamente longo e, deste facto, peço que me desculpem.
Por fim, só me resta reiterar os votos, já emitidos no “post” anterior, de Bom Natal para todos os Camaradas Colaboradores, todos os “Panteras Negras” e familiares e ainda para os eventuais visitantes deste Blogue.
Até breve e um abraço do Amigo
Botelho
“Recordar é viver”, lá diz a velha sabedoria popular!...E, como sempre, verifica-se que a sua sabedoria secular e, até talvez, quem sabe, milenar é, durante todos esses séculos e milénios, muito respeitada, por ser o repositório valioso de todas as vivências e experiências acumuladas pelos nossos antepassados e que nunca deve ser menosprezado. Nesta ordem de ideias, proponho-me hoje, em união espiritual convosco, recordar os Natais que, desde o ano de 71, até 73, da centúria passada, passamos juntos e em comunhão familiar e que deixam dentro de nós uma suave nostalgia dessas datas que já vão tão distantes no tempo, mas que, dificilmente se esquecerão pois tal é, de facto, impossível, porquanto nos deixaram marcas indeléveis que permanecerão para sempre na nossa memória, tanto individual como colectiva.
E, assim, começo com o Natal de 71: Esse, não o passámos juntos, uma vez que estávamos em Évora na formação da CArt 3514!... Passei-o eu, nos Açores e vós, nas vossas terras de naturalidade. Esse apenas ensombrado pela natural preocupação de saberdes que, dentro em pouco tempo, teríeis de partir como mobilizados para uma guerra, num continente com ambiente e clima completamente diferente daquele a que estáveis habituados e, ainda com a agravante de, como disse acima, irdes para uma guerra, enfrentando todas as incógnitas que uma tal situação acarreta: Regressaremos?... Quando?...Como?... Não regressaremos?... Porquê?... Podem crer, mas devem sabê-lo, que eram perguntas para as quais haviam muitas respostas e, algumas delas, não muito agradáveis de ouvir ou sequer pensar nelas!...
Felizmente, apesar de, logo no início da nossa missão (7/5/72), termos tido o azar de perdermos o primeiro elemento, o 1º.Cabo Ernesto Gomes, passados pouco mais de 2 meses; o segundo, Joaquim Ricardo (23/8/72), a nossa Companhia, podem crer, foi abençoada neste campo, se compararmos as nossas perdas com a de outras infelizes Companhias que perderam muitos, muitos mais que estes que nós perdemos...!
O segundo Natal, passado na guerra, foi para mim e para alguns (não para todos vós), passado em Gago Coutinho!... Não me esquece o espectáculo de Natal realizado no palco montado num salão do Quartel do BCav.3862 “ Cavalo Branco”, já nem me lembro bem se era no refeitório da Praças. Lá esteve, entre outros, a actuar com uma canção em italiano, o nosso 1º Cabo Socorrista António Elísio Soares, que cantou mais outra, muito cómica, que contava a história: “Era uma vez um chouriço a assar!...” Enfim!... Recordações que não esquecem, do Natal de 72..!! Do Natal de 73, esse já passado no Nengo, tenho as melhores recordações!... O Camarada Fur. Soares, nesse Natal, de saudosa memória, empenhou-se em ensaiar um Grupo Coral, com um reportório composto maioritariamente de peças musicais natalícias, tais como o “Oh Holly Night”, cantado em três línguas: Português, Inglês e Francês, o “Silent Night”, em português, o” Primeiro Natal”, em português, o “Lullaby”, de Brahms, também em português e uma canção de protesto de Francisco Fanhais, “Vemos, ouvimos e lemos”. Estou aqui a lembrar-me de que, se a última peça do programa fosse ouvida por uma certa “Polícia” que estava bem perto de nós, estaríamos todos numa embrulhada séria, pois que tal cantiga estava interdita em Portugal pelo regíme em vigor!... Do referido Grupo Coral, fazia parte eu próprio, entre outros camaradas, de entre os quais recordo o Carrusca, o Paulo Ribeiro, o Vitor Dinis e muitos outros, dos quais já me não recordo.
Desse último Natal em África, mais própriamente no Leste de Angola, não tenho qualquer imagem, mas para isto não ir assim, sem ilustração, pois ficava um bocado defeituoso e, para não ser assim, vou anexar uma foto, inédita neste Blogue e de que vou identificar os respectivos figurantes: São só dois e muito conhecidos de todos: Um deles, sou eu próprio e o outro, o nosso Fur. Serviço Mat. António Duarte.
Este já está, contra o que é habitual, excessivamente longo e, deste facto, peço que me desculpem.
Por fim, só me resta reiterar os votos, já emitidos no “post” anterior, de Bom Natal para todos os Camaradas Colaboradores, todos os “Panteras Negras” e familiares e ainda para os eventuais visitantes deste Blogue.
Até breve e um abraço do Amigo
Botelho
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