o0o A Companhia de Artilharia 3514 foi formada/mobilizada no Regimento de Artilharia Ligeira Nº 3 em Évora no dia 13 de Setembro de 1971, fez o IAO na zona de Valverde/Mitra em Dezembro desse ano o0o Embarcou para Angola no dia 2 de Abril de 1972 (Domingo de Páscoa) num Boeing 707 dos Tams e regressou no dia 23 de Julho de 1974, após 842 dias na ZML de Angola, no subsector de Gago Coutinho, Província do Moxico o0o Rendemos a CCAÇ.3370 em Luanguinga em 11 de Abril de 1972 e fomos rendidos pela CCAÇ.4246 na Colina do Nengo em Junho de 1974. Estivemos adidos em 72/73 ao BCav.3862 e em 73/74 ao BArt.6320 oOo O efectivo da Companhia era formada por 1 Capitão Miliciano, 4 Alferes Mil, 2 1º Sargentos do QP, 15 Furriéis Mil, 44 1º Cabos, 106 Soldados, num total de 172 Homens, entre os quais 125 Continentais, 43 Cabo-Verdianos e 4 Açorianos» oOo

sábado, 31 de dezembro de 2011

Ao Decano da Companhia um Feliz Aniversário

Não quero passar o São Silvestre sem antes manifestar ao meu "Secretário" e amigo Octávio Botelho os meus sinceros votos de parabéns, por mais um aniversário natalicio, que hoje comemora, com o desejo de muitos e longos anos na companhia de seus familiares e amigos e de nós também, bem como um ano novo cheio de saúde e felicidades.
Bem haja, um abraço, carvalho

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Correio de Lumbala Nguimbo

Exmo Sr. António Carvalho.
Faz tempo que não sabia mais de si. Agradeço de todo o coração por se ter lembrado de mim e da minha comunidade, nestas terras dos Bundas. Espero que o Sr. também goze de boa saúde bem como a sua familia. Obrigada pela imagem tão bonita da Igreja que me mandou. Realmente foi linda, é pena ter sido destruída pela guerra. Temos esperança de que próximo ano se reconstrua. Entretanto, rezamos numa igreja improvisada que não chega aos pés da antiga. Desejo para si e para a sua família, Feliz Natal e Ano Novo 2012 abençoado pelo Senhor.
Desde Lumbala Nguimbo
Respeitosamente,
"TK" s.t.j
Em anexo a Igreja actual onde rezamos.
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Interior da Igreja onde actualmente se reza no Lumbala Nguimbo
Exma: Irmã "T K"
Faço votos que se encontre de boa saúde, assim como toda a sua comunidade. Quero desejar-lhe nesta quadra que se aproxima um Feliz Natal e um Próspero Ano de 2012, com muita saúde, muita paz e felicidade, um grande bem haja a todos. Em anexo uma foto antiga da Capela de Lumbala Nguimbo, que encontrei no meu expólio dessa época, aquando da minha estadia nessa carismática vila do leste de Angola, para guardar como recordação e mostrar aos seus alunos, que certamente nunca a viram  na sua plenitude,  devido a sua idade, antes de ser destruida
Fico aguardar suas noticias
Torres Novas - Portugal
Atenciosamente
António Carvalho
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1973 - Igreja de N.S. Fátima  na Vila Gago Coutinho - hoje Lumbala Nguimbo
Adeus até ao meu regresso

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Boas-Festas de Natal - Feliz Ano Novo

Azevinho
Nesta quadra festiva que se aproxima, não quero deixar de apresentar ao “Blog-master”, aos restantes colaboradores deste Blogue, a todos os outros “Panteras Negras”, assim como aos seus familiares, os meus votos sinceros de um Santo Natal, num ambiente em que reinem a paz, a harmonia, a compreensão, o amor e a partilha, tão necessários na difícil situação que atravessamos e que, de um modo geral afecta muita gente, de uma maneira indistinta e global. Aproveito a oportunidade para desejar que o Ano de 2012,   nos traga a todos, o que o de 2011 nos tirou, acrescido de muita saúde, felicidade e bem-estar. Para todos em geral, vai um grande abraço do Camarada e Amigo,Botelho

sábado, 17 de dezembro de 2011

Os Leões do Mucoio

Era a última linha de água no caminho, antes de chegar a  Ninda, a chana do Mucoio tinha pouco mais de quatro centenas de metros de largura, e a nascente distava meia dúzia de kms, para oeste, um pequeno veio de água salobra e saturada de laterite, serpenteava a coberto do capim,  ensopando quase toda extensão do vale envolvente, a paisagem verdejante à distância mais parecia um campo de cultivo, protegido pela mata, que envolvia a chana  ao longo do seu percurso  até ao Rio Luati, onde desaguava doze kms a leste da picada.
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Nengo 1973 - Oliveira, Pires, Parreira e Beringel com duas leoas abatidas
A protecção aquele monstro de lagartas que rasgava a selva a régua e esquadro, (Bulldozer, Caterpillar D10) era assegurado vinte e quatro horas por dia, tínhamos montado o destacamento na convergência da picada antiga e a terraplanagem da futura estrada, num local frondoso com árvores de grande porte, onde o sol mal penetrava, acampamos lá quase dois meses, a impermeabilização do solo, a movimentação de terras, a elevação da cota da estrada para um nível superior e a compactação demoraram bastante tempo. Estávamos na época do cacimbo com dias secos e quentes, noites muito frias e húmidas, a altitude média no planalto da província do Moxico é de 1100mts, com amplitudes térmicas na ordem dos vinte graus, dias 20/25º, noites 5/10º, chegando mesmo a gear algumas madrugadas.
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Picada de 1973 - Maquinaria pesada da Tecnil, na construção da estrada
Duas ou três vezes por semana, íamos dar uma volta à procura de caça, seguíamos a orla da mata ao longo da chana para montante ou jusante, ora numa margem ou noutra,  tínhamos a concorrência de uma população de leões, residente na periferia, que encontrámos várias vezes ao longo da nossa permanência na zona, e numa ocasião investimos com viatura para testar a sua reacção, um dos machos dominantes, simulou e intentou varias investidas. Só quem ouviu os rugidos ecoando pela noite dentro pode perceber o respeito que infligem, quando nalgumas madrugadas se aproximavam do destacamento urrando em uníssono até de manhã, arrepiava os cabelos, só de pensar que algum poderia entrar por ali dentro, como veio a suceder mais tarde na latriteira do Luati.
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Chana do Rio Mucoio na picada de Ninda
Os sentinelas que nessa época de noites muito frias, faziam o quarto de sentinela sentados á roda da lareira, não saíam de cima da Berliett, sempre com o holofote á mão não fosse o diabo tecê-las. Estava com o Arlindo de Sousa à frente do pelotão, julgo que o Rodrigues estava no Nengo, quando numa ocasião, por volta da meia-noite, os urros eram de tal ordem violentos e tão perto que ninguém pregava olho, chegámos a disparar uma ou duas rajadas, e os roncos amainaram um pouco. Já tinha pegado no sono quando na mudança de turno ás duas da manhã o Lourenço do Carmo, entra e diz-me, não encontro o Veiga, a cama está vazia, peguei no petromax  e saímos direito á tenda dos Cabo-Verdianos, a cama do Veiga era a primeira á entrada da tenda e estava de facto vazia, alumio o seu interior e chamo  pelo seu nome, qual não é o nosso espanto, quando de uma das outras quatro camas emergem duas cabeças assarapantadas, o Carmo exclama, “ai que carago, julgava eu que o leão tinha comido este gajo e afinal  está-se a baldar” e o Veiga muito pronto, “não nosso Cabo, eu ter muito medo dos leões, a minha cama está junto à entrada, fazer muito frio, tenda não ter porta e eu  vir dormir aqui na cama  com Jesuino que é meus camarada”, gargalhada geral…!! Faziam parte do 1º Grupo um 1ºCabo e dez Soldados oriundos das ilhas de Santiago e Fogo no Arquipélago de Cabo Verde, na chegada em 1972 ao leste foram distribuídos nas tendas com os continentais, para evitar a segregação, mas com o tempo os cinco da Ilha de Santiago acabaram por se reagrupar na mesma tenda por vontade própria.
Adeus até ao meu regresso

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Tavira - Sacrifício dos Inocentes (2)

Da última vez que por aqui andei, falei-vos da minha chegada triunfal ao CISMI em Tavira, efeméride que nunca mais esquecerei durante a vida.Mas, passado o primeiro impacto, fui a jogo, não fosse aquilo que me tinha acontecido ser bluff e por isso, paguei para ver no que aquilo ia dar. E podem crer que só fiz, realmente, POKER no último dia quando me deram a guia de marcha com destino a Vila Real, ao Regimento de Infantaria 13. Mas até que isso chegasse, passaram-se 14 longas e penosas semanas em Tavira. Ali no CISMI, sigla esta que, no final da primeira semana, já não tinha o mesmo significado, embora as iniciais fossem as mesmas, já queriam dizer uma coisa real e totalmente diferente: Centenas de Infelizes Sacrificados e Martirizados Inocentemente. Os rituais desta “guerra” eram uma dança que, afinal, tinha um pouco a ver com o Corridinho Algarvio, dança muito rápida e, cansativa, a raiar a violência!... E esta era a música que se dançava no quartel!... E os passos da dança do CISMI, ensaiavam-se de manhã, à tarde e muitas vezes à noite.Para começar o dia, logo após o pequeno-almoço, já que o quartel era pequeno, saímos umas vezes a marchar ao som cadenciado de um, dois, esquerda, direita; outras em passo de corrida até ao Campo da Atalaia. Aí iniciávamos o circuito do “pagador de promessas”, com umas corridas para aquecer e que passavam na frente de meia dúzia de capelas ou igrejas que margeavam todo o espaço do campo de treinos da Atalaia. Depois destas brincadeiras e outras afins, que nos iam moendo o corpo, seguíamos fatalmente até à maior atração turística daqueles sítios e que os nossos instrutores não esqueciam de nos mostrar diariamente de uma forma sui generis!... Quando lá chegávamos às salinas, todo o pelotão era mandado seguir em fila de pirilau (este pirilau não tem nada a ver com um outro que se possa pensar!...) ou fila indiana, por uma das divisórias que seguravam a água das salinas e eles, os artistas maiores (cabos milicianos e os aspirantes ou alferes, conforme os casos), seguiam pela divisória que ficava defronte dos “infelizes e sacrificados”. De lá, sem problemas guturais, berravam bem alto para que ninguém os ignorasse: -QUEDA FACIAL EM FRENTE!…
Canal de acesso da água do mar às Salinas
Local escolhido onde "chafurdavamos" com mais frequência
Era o mata-bicho mais delicioso que eles podiam saborear!... Ouvirem o barulho da queda naquele charco e naquele lodo nauseabundo da água das salinas, era o antiácido que eles precisavam para aquela azia própria de "militares zelosos e com a mania do aprumo”, mais xicos e lateiros que eu conheci em toda a minha vida de tropa "fandanga". Era puro gozo que lhe víamos estampado no rosto!... Assim quase como que um aperitivo antes do almoço. Depois deste cerimonial, com que os grandes senhores (daquela guerra) martirizavam os inocentes, era hora de regressar ao quartel em passo de corrida, quase sempre com a água a saltar das botas, mas que tinha o condão de nos fazer chegar à caserna com a farda praticamente seca. O remédio era mudar de roupa em grande velocidade, quase como os modelos fazem nos seus shows de apresentação das peças da nova estação.
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Preparação das salinas para a nova Safra
Com o fatinho mudado, roupinha limpa e as botas engraxadas, caminhávamos para a formatura do almoço, munidos do material individual, próprio desta outra batalha, que iríamos travar com a fome e que constava de talher e tampa do cantil, acessório este para beber água ou vinho. Eu bebia vinho, que não era mau, quer na qualidade quer na quantidade e porque, como com cerca de vinte e um anos, tinha saúde de ferro e não queria enferrujar o organismo. Bem, da ementa que se servia no CISMI, o prato que mais me recordo e dos mais típicos dos chefes cozinheiros era o carapau recheado, que constava de carapau frito com tripa e escama, daí o seu nome de ”carapaus recheados”….!Todavia, nos dias em que (à data) o Capitão Folques, Comandante do Batalhão de Instrução, estava de Oficial de Dia, o rancho era sempre do bom e do melhor, isto por ele ser muito exigente e sempre rejeitar o rancho que lhe era apresentado. Perante esta situação o que os "mestres da culinária" mais rápido conseguiam confecionar, era bife com batatas fritas e "ovo a cavalo", apesar de sermos de Infantaria.Depois do almoço, então na calma dos deuses, talvez mercê da qualidade do vinho, e não do estômago temperado, a tarde decorria calma e era muito melhor tolerada. O tempo passava mais rápido de volta das aulas de instrução táctica que duravam até às cinco e meia da tarde. Uma pausa para o banho, para novamente nos barbearmos, enfiarmos o fatinho de saída, a preparação para darmos uma voltinha por Tavira e seus arredores e arranjarmos uma gaiata a rodar a nossa idade para o namorico ou, mais tarde, para retemperar o buraquito no estômago que tinha ficado em vão na hora do almoço. Um dos restaurantes mais procurados ficava depois da ponte do rio Gilão em direção a Vila Real de Santo António e que era, nada mais nada menos, que uma churrasqueira que, além de servir a ave que lhe dava o nome, servia outros pratos. Os que por lá andaram naquela época, decerto não me desmentem. Entre todos, o prato mais requisitado era o bife com guarnição.Antes ainda de sairmos para o exterior do quartel, tínhamos de passar por outro ritual, também inesquecível. O instruendo mais ousado, colocava vinte ou trinta camaradas em formatura defronte do túnel de saída e junto ao gabinete de sua senhoria o Oficial de Dia à unidade, que se prestava logo a vir inspecionar as tropas e meus amigos, muitas vezes, desses trinta, só saíam dois ou três. Os outros, por terem a barba mal feita, o cabelo grande (em Tavira aparava-se o cabelo todas as semanas), a gravata mal colocada, os “amarelos” mal polidos, iam-se “ataviar” correctamente e voltavam quantas vezes ele, o senhor maior daquele dia e daquela guerra, entendesse. Entre eles todos havia um com a patente de tenente e que por semelhança física foi batizado com o nome de cabeça de …… (bácoro mas grande). Para verificar se as barbas estavam devidamente escanhoadas, dobrava uma folha A4 em duas e roçava-nos com ela na cara. Se ela fizesse barulho, era certo e sabido que mesmo que isso só acontecesse com um pobre diabo os outros não saiam também. Ia tudo para a caserna. Deste destemido guerreiro e defensor do seu alto espírito de aprumo militar, nunca mais esqueci e felizmente, era espécime único, porque nunca outro encontrei até ao final da minha tropa.
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Princípio da noite no Jardim dos Namoricos
Praça da República
Depois desta resenha de como era passado um dia em cheio no CISMI, quando não havia a dita instrução noturna, nem nos tinha calhado em rifa nenhum quarto de sentinela ou serviço à Casa da Guarda, ficamos agora por aqui, prometendo-vos contar, principalmente, o que se passava pela carreira de tiro em S. Marcos e o que se passou no Barranco do Velho na Serra do Caldeirão, já na fase final da nossa conquista do Reino dos Algarves que, passado um ano, nos levaria de conquista em conquista até às terras de Além Mar, às Terras do Fim do Mundo.
A todos os camaradas e amigos da CART3514 e aos seus familiares em suma a toda a Família "PANTERAS NEGRAS" votos de um BOM E SANTO NATAL e um ANO NOVO repleto de tudo o que mais desejarem.
Voltaremos a encontrar-nos um dia destes...

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Noticias de Lumbala Nguimbo

Placa Toponimica
O Municipio dos Bundas prevê colher 469.000 toneladas de produtos agricolas, milho, mandioca, arroz e outros produtos agrícolas, no fim da campanha 2011/12, disse à Angop, o chefe de Secção Municipal da Agricultura, Canhica Lastone. Informou que estão a ser preparados 109.000 hectares de terra, sendo 50.000 para o cultivo de milho, 40.000 para mandioca e outros 19.000 para outras culturas. O sector da agricultura conta com a participação de 890 camponeses organizados em quatro associações agrícolas e que estão a beneficiar de inputs agrícolas como sementes e instrumentos de trabalho (enxadas e catanas). Canhica Lastone disse que em comparação com a época passada (2010/11) houve a redução de 11 mil hectares, por questões técnicas, tendo apontado a mecanização agrícola como factor principal. Na campanha agrícola 2010, a comuna do Lutembo, com 120.000 toneladas,  foi a mais produtiva do município e é potencial produtora de mandioca naquela circunscrição. Na presente campanha agrícola, aberta oficialmente este mês, a  maior colheita de arroz será na comuna de Mussuma Mitete, estima o responsável, a julgar pela sua potencialidade no cultivo deste cereal. A nível da província do Moxico a previsão de colheita no final da campanha é de Um Milhão e 122 Toneladas de produtos agrícolas, numa área de 248 mil hectares de terra preparada. Estão envolvidos neste programa 150 associações, três cooperativas, 169 pequenos agricultores, dos quais,  59 já beneficiaram de crédito agrícola.
AngolaPress

sábado, 3 de dezembro de 2011

Feliz Aniversário

Neste dia, venho apresentar ao nosso “Blogmaster” e Camarada “Pantera Negra”, António José Rosado Carvalho, os meus mais sinceros votos de parabéns pelo seu aniversário natalício que hoje  comemora, com os melhores desejos de muita saúde, felicidade, prosperidade, paz e amor, na companhia dos seus familiares, amigos e camaradas mais próximos e de que esta data se prolongue por muitos e muitos  anos, com tudo quanto de bom possa existir.  Após tudo isto, só me resta enviar os meus cumprimentos para os seus familiares e para ele, vai um grande abraço de parabéns do Camarada e Amigo,
Octávio  Botelho

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Noticias de Lumbala Nguimbo

Placa Toponímica
Três mil e 538 novos eleitores foram cadastrados no município dos Bundas, província do Moxico, em menos de três meses, informou hoje, quarta-feira, à Angop, o chefe da brigada fixa número 65423, Isaías Lote André. Segundo a fonte, outros oito mil e 381 antigos eleitores confirmaram os seus dados, dos quais, cerca de mil mudaram de residências e 676 pediram a segunda via de cartões. Isaías Lote disse que o processo decorre sem muitos sobressaltos, tendo em conta a movimentação das duas brigadas (fixa e móvel), para as seis comunas e bairros periféricos à vila de Lumbala-Nguimbo, sede municipal dos Bundas. ”A afluência de pessoas é maior, sobretudo, os jovens que irão votar pela primeira vez”, explicou o chefe da brigada.Bundas é um dos nove municípios da província do Moxico, com uma população estimada em mais de 50 mil habitantes, muitos dos quais regressados da vizinha República da Zâmbia.
AngolaPress

domingo, 27 de novembro de 2011

TAVIRA – O Sacrifício dos Inocentes(1)

Lembram-se do Recruta das Caldas? Pois, esse mesmo, que já lá tinha lutado muito para que não lhe roubassem nenhum fim de semana, para regressar ao colo da mãe, agora de saudosa memória e aos braços da namorada, hoje esposa e mãe da sua filha única. Pois, esse mesmo, corria o mês de Abril de 1971, no final da recruta foi presenteado com uma boa especialidade que agora, quando por acaso lhe perguntam, diz que era dos Serviços Gatilhotécnicos, mas naquele tempo era Atirador de Infantaria. Pois, Amanuense do gatilho era uma especialidade militar de alto gabarito, que logo lhe marcava uma ida a África a qualquer um dos três palcos da guerrilha. Passado o primeiro impacto, há que arrumar as trouxas daqueles dez ou doze dias de licença em penates e fazer-se à jornada, ir até ao Algarve, que à data começava a ser um local de veraneio ( para os turistas claro está). A viagem que durou um dia inteiro, até não correu mal. Mas quando cheguei a Tavira, cidade onde estava sedeado o CISMI, Centro de Instrução de Sargentos Milicianos de Infantaria, o choque foi tremendo. O quartel, um velho convento, cabia todo inteirinho dentro da parada do hotel de cinco estrelas de onde eu tinha saído, RI5 em Caldas da Rainha.
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Porta de Armas do CISMI
Apresentei-me lá ao 1º Sargento da Secretaria, xico por carreira, xicalhão por natureza, o que é bem pior. Esta personagem sinistra, depois de nos ler a “cartilha dos condenados”, mandou-nos aguardar uns minutos na parada, que depois iríamos ser distribuídos pelas nossas companhias. Pareceu-me serviço combinado (como o da CP), porque logo ali, apareceu um alto oficial (na estatura, claro está) com a patente de Alferes, que se virou para mim e meia dúzia de camaradas que ali se encontravam como eu, tal e qual como se aguardassem a malga da sopa, à porta de uma “caritas” qualquer e “ordenou-nos” que o seguíssemos em passo de corrida. Lá fomos, assim como rafeiros com a cauda entre as pernas, até à Atalaia, local mítico que mais à frente vos explicarei o porquê. Lá chegados, mandou-nos perfilar e fazer “queda facial em frente”, vá se lá saber porque era facial e em frente, mas era um ato muito tradicional e sem grande cerimonial no CISMI, que todos que por lá andaram não esqueceram de certeza. Pois, meus caros amigos, depois de executada a ordem, que para aqueles que lerem isto e não tiverem sido militares, é uma posição que nos faz ficar de quatro no chão, apoiados nas palmas das mãos e nas biqueiras das botas. Posição esta diga-se que é muito confortável para quem estiver só a ver, para quem tem de ficar em pranchado, amortecer a queda com os braços e depois fazer flexões sem nunca deixar ir a barriga ao chão, não vos digo nem vos conto…
Não é que aquela alma, aquele corisco maligno, cujos galões (um de cada lado) lhe tinham subido dos ombros à cabeça, lá do alto da sua escanzelada estatura, profere com uma alegria indisfarçável: - Está todo o mundo a encher cinquenta. Cinquenta flexões!? Ali logo para o lanche a coisa não estava mal, não senhor. Findas, as ditas cujas, vai de pôr em pé e em sentido como sua senhoria ia mandando. Claro que ao batimento das mãos sujas por terem estado no chão, junto das ancas ao fazer a posição de sentido, lá ficaram registadas a palma das mãos. O artista manhoso que era, passou revista e para quem tinha as calças sujas, o que obviamente sucedeu a todos, e ainda por cima as calças da fardinha número dois “de passeio” que ainda estavam limpas e vincadinhas, por ainda não termos começado os “trabalhos forçados”, foi argumento mais que suficiente para ali mesmo, voltarmos a ficar de quatro, com a tal “queda facial em frente” e pagamos mais cem (Eu não devia nada àquele “gajo”, nunca o tinha visto, mas paguei mais 100, sem refilar).
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Frontaria do Quartel, CISMI em Tavira
Foi assim o meu batismo e o de mais uns quantos, que aquela hora estávamos no lugar errado, quando passou aquele artista que achou que nos havia de humilhar, quebrar o orgulho e preparar-nos psicologicamente para o resto… Com mais calma vos darei conta para, como agora é vulgar ouvir dizer, ficar registado para memória futura. Assim começou a minha fornada de furriéis, que enquanto a dita não ficou bem cozida ou queimada, ainda começaram por ser tratados por Cabos Milicianos, aquele estado do limbo/purgatório militar, não eram Praças nem Sargentos.
Isto meus caros amigos, foi o meu batismo no CISMI, assim a modos que os aperitivos ou as entradas de um evento gastronómico. Os restantes pratos daquela comida forte no Algarve servir-vos-ei a seu devido tempo, assim o engenho me ajude para o passar a escrito.
Um forte abraço a toda a Família Panteras Negras em geral e em particular aos editores deste Blogue. Até um dias destes.

sábado, 26 de novembro de 2011

Revivendo épocas passadas

Camaradas “Panteras Negras”:
Já são decorridos mais de dois meses sobre a minha última passagem neste blogue e, por isso, resolvi dar sinais de que ainda por cá ando, embora com algumas dificuldades inerentes à minha saúde e idade que, é bom não esquecer, é mais avançada que a vossa uns treze a catorze anos. Pode parecer que nada significa essa diferença, mas o facto é que representa muito e espero que vocês próprios o verifiquem quando atingirem a minha actual idade daqui a catorze anos, o que será um óptimo sinal e a prova de que ainda por cá andam. As razões da minha ausência neste blogue devem-se a eu ter também o meu próprio Blogue, onde coloco “posts” semanais e assim, o tempo torna-se-me um tanto escasso para outras actividades. Hoje consegui arranjar um tempo para dar notícias minhas neste local e aqui estou para isso mesmo. Em simultâneo aproveitei para recordar factos passados na época em que estivemos destacados em missão de guerra no Leste de Angola.
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Botelho, no descanso (Nengo 1973/74)
Para isso lá fui procurar nas caixas de sapatos alguma foto que pudesse ilustrar este “post”. Entre outras, escolhi as duas que aqui anexei. Na primeira estou eu no meu quarto, na Colina do Nengo, imagem que deve ter sido captada em 1973-74, numa pose de descontracção e descanso, após um dia chato na Secretaria do Comando, o meu local de trabalho. Tenho saudades desse tempo, mas não da situação vivida por todos nós naquela época em que nos encontrávamos desenraizados das nossas famílias, das nossas terras e entes queridos!...Saudades da minha idade, da minha saúde de ferro que, hoje, se encontra um tanto enferrujada; saudades da camaradagem em que vivíamos e que ficou solidamente cimentada até ao dia de hoje e se renova periodicamente nos diversos convívios que se têm realizado e contribuem para o fortalecimento desses elos que a todos nos unem. Na segunda imagem, captada no ano de 1972 enquanto a CArt 3514 esteve em Gago Coutinho, estou eu também. O local em que me encontro é junto à ponte sobre o primeiro rio que se encontra à saída de Gago Coutinho, na estrada para o Nengo . A estrada em questão está por trás de mim, em último plano.
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Botelho, em passeio (Gago Coutinho-1972)
Foi durante um passeio aos arredores de Gago Coutinho e demonstra grande descontracção para quem está numa zona de guerra!...Enfim é o que faz sermos novos e nos leva o tomar atitudes de tal inconsciência e que, se fosse hoje, seria incapaz de assumir!...Vou terminar, apresentando cordiais saudações para o nosso “blogmaster”, restantes colaboradores , para todos os “Panteras Negras” e familiares e ainda para os eventuais visitantes deste Blogue, onde quer que se encontrem. Para todos vai um abraço do Camarada e Amigo,
Octávio Botelho

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

"Rebenta Minas"

Durante os dez anos de guerrilha no Leste de Angola as minas AP e AC provocaram muitos danos físicos, morais e materiais às NT. As picadas de areia solta eram propícias a este tipo de armadilha, pois era muito fácil enterrar e armar uma mina anti-carro no trilho onde rolavam as viaturas que seguiam uma após outra, como dum comboio se tratasse, serpenteando na mata que as ladeava quilómetros e quilómetros e invadia muitas zonas destes trilhos sinuosos.
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Rebenta Minas estaccionado na Colina do Nengo em 1973
Houve que inventar um “rebenta minas” para minimizar os efeitos psicológicos ao condutor da frente, adaptando a Berlliet, que rolava na cabeça da coluna, com o objectivo de destruir os possíveis engenhos explosivos “semeados” na picada. As viaturas eram reforçadas e blindadas com sacos de areia sobre a carroçaria traseira, sobre os guarda lamas e também sob o banco e os pés do condutor, os pedais e o volante eram acrescentados, as portas, a capota da cabine e o capô do motor eram removidos, de modo a não provocarem danos colaterais sobre o condutor, no caso de o veículo accionar uma mina.
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Picada de Ninda 1973 - Autotanque da Tecnil destruido por mina AC
Mais tarde, foi projectado e estudado em pormenor um rebenta minas, com a colaboração técnica da Universidade de Luanda e depois fabricados em oficina pelo Depósito Material de Guerra em Angola. O dispositivo montado na frente do tractor, constava de uma lança perfilada em aço tubular, com três metros e tal, acoplado a um eixo articulado de rodado duplo ou simples, provido de rodas maciças com sistema direccional, de difícil manejo por parte dos condutores, devido e á falta de amortecedores e á rigidez do sistema.
Picada de Ninda 1972 - Berlliet destruida por mina AC
Nunca tiveram grande aceitação devido ao mau desempenho no terreno, uma das criticas feitas ao veículo era o varejo da lança que provocava muitas saídas do trilho em picada e também a falta de potência, que obrigava o motor a regimes de rotação muito altos com sobre aquecimento do material, que causava paragens e demoras no andamento da coluna. Em Gago Coutinho o RM era muito utilizado pelo Bcav. 3862, na velha picada para o Mussuma, Ninda e Chiúme, mas o aparecimento da nova geração de minas AC com sistema de carreto/trinco programado para explodir na 2º, 3º ou 4º viatura e também a construção da nova estrada, motivaram a sua paragem.
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Ninda 1974 - Dias Monteiro na lança do RM

Gago Coutinho 1972 - Elisio Soares na lança do RM 

Gago Coutinho 1972 - RM com eixo dianteiro de rodado duplo
Mais tarde com a chegada do novo batalhão, um dos Cmdts do Bart 6320 gostava muito de se exibir na vila aos comandos daquele brinquedo, decidiu novamente a sua inclusão na frente das colunas auto, mas a sua inoperacionalidade em caminhos de laterite e alcatrão, levavam os cmdts das colunas invarialvelmente a dispensá-lo, a meio do caminho, não passando para além do rio Nengo, onde ficavam à espera do retorno da coluna, para regressarem à sede do batalhão em Gago Coutinho.
AP – anti pessoal
AC – anti carro
NT – nossa tropa
RM – rebenta minas.......Adeus até ao meu regresso

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Faleceu José Jesus Cruz

Em Fátima no ano 2010
Faleceu no dia 25 Outubro, de doença oncológica o nosso companheiro José Jesus Cruz, ex-militar do 2º pelotão da Cart.3514, 61 anos de idade, natural de S. Jorge - Batalha, foi com  surpresa, que tomámos conhecimento, e esta tarde na companhia do César Correia, fui a S. Jorge, prestar homenagem ao amigo Zé da Cruz em nome  dos  seus antigos camaradas de armas  e acompanhá-lo nesta derradeira viagem da sua vida. Levar uma palavra de carinho e solidariedade aos seus familiares, em especial à sua Esposa, Filhas, Filho, Genros, Neto, que tiveram a gentileza  de nos participarem o seu óbito, assim como a hora e local das exéquias, bem hajam.
Carvalho

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Um tasco no caminho

Em finais de 72 o “Bidonville” na Colina do Nengo estava em fase de acabamentos, reunindo as condições mínimas para a instalação do Comando da Companhia, até então sedeado no Quartel do Batalhão em Gago Coutinho, desde a saída de Luanguinga em Junho desse ano. O grosso do pessoal operacional, acampou junto à ponte do rio Mussuma, onde iniciámos a construção de algumas estruturas básicas, mas foi sol de pouca dura, os oito  kms que nos separavam da vila era uma tentação, o “desenfianço de homens e viaturas” não auguravam uma estadia prolongada naquele local. A distância cada vez maior á frente de trabalhos, a logística e a segurança acabaram por  acelerar a mudança para o alto da colina Nengo, de onde dominávamos visualmente a zona envolvente, a meio caminho na picada para Ninda, onde acabamos desterrados até ao final da comissão.
«Foto de Dias  Monteiro» - Destacamento Rio  Mussuma Julho 1972
Estávamos em Dezembro, tinha acabado de chegar com o Medeiros de umas curtas férias, ele nos Açores, eu na Metrópole, estava no Nengo com o 1º Grupo, quando o Rodrigues recebeu ordem para preparar o pessoal, havia um reconhecimento, de dois dias a jusante do rio na margem esquerda, ao longo da encosta, até à confluência do primeiro afluente, uma dezena de kms de distância, pernoita e regresso no outro dia ao longo da orla da chana. Já tínhamos dormido na mata algumas vezes na protecção à D8, que fazia a desmatação na frente de trabalhos, conhecíamos o ambiente nocturno, com todos aqueles sons estranhos e animais rastejantes, à procura duma refeição, foram dois anos a contar estrelas. O Medeiros participou voluntariamente, por indisponibilidade do Arlindo de Sousa, o Dias da Rosa passou uma manhã a costurar um colete para granadas do M.60 ao Lourenço do Carmo, levamos também o David Ramos Vaz, que o António Soares carinhosamente tratava por “Bagaço” era seu adjunto na brigada das obras e manutenção do destacamento, tinha retornado ao pelotão por infringir a “lei seca” semanas a fio. 
Patrulha no Nengo em 1973
Saímos cedo, progredindo em trilhos de caça, quase sempre com a chana á vista, a meio da manhã ao explorar um antigo caminho vindo do rio, detectamos sob a copa do arvoredo o esqueleto duma velha cubata com alguns artefactos artesanais de pesca, à muito abandonados, depois uma paragem mais prolongada para ingerir a RC, na parte da tarde o calor os insectos e o prurido causado pelos pólenes, não deram tréguas, também a arma, os carregadores, as granadas, o saco dos apetrechos, o bornal e o cantil, começaram a fazer mossa.
O final da tarde aproximava-se, havia que procurar um sitio para pernoitar, acampamos numa zona arborizada em chão de areia, depois descemos em grupos até ao rio para reabastecer os cantis, escolhido o lugar, havia que montar a segurança, determinar os locais de cada secção, nivelar e limpar o local de aconchego, acolchoá-lo com folhas, trocar de meias fazer alguma higiene, comer e descansar. No outro dia madrugamos cedo, noite mal dormida, algum frio entranhado nos ossos, aquela maldita neblina matinal que repassava a vegetação e ofuscava a visibilidade, a falta do tabaco, o mau hálito, a sujidade, as botas a ferrar o dente, o mata bicho sabe mal, apenas os cubos de marmelada consolam o palato, desfazemos os nichos, enterramos o lixo, camuflamos os vestígios, preparamos o regresso..
Nengo Nov. de 73 - Carvalho, Liberto, David Vaz, Barbas, depois Beringel e Eduardo Barros
Na hora da partida estala a gargalhada geral, vemos o David Vaz de gatas numa azáfama, remexendo o chão em volta do lugar onde pernoitou, alguém pergunta, o que é que perdeste? Oh porra, perdi o meu dinheiro..! Returque o “Estrangeiro” (Almeida Correia) com sacanice, para que trouxestes dinheiro seu ca..lho? Sei lá, podia-mos ter a sorte de encontrar um tasco no caminho…!! Só o David Vaz me fazia rir naquela hora, ainda o consigo imaginar de kiko na cabeça á “tronga-mocha”, beata ao canto da boca, patilhas e bigode mal aparados, naquele seu estilo desengonçado e castiço, mas muito trabalhador e subordinado.
No caminho de regresso ao longo da orla da mata, antigas palhotas queimadas e pequenas lavras familiares abandonadas com algumas árvores de fruto, maltratadas pelo tempo e pela seca, onde recolhemos algumas mangas resinosas e laranjas engelhadas, mais há frente uma longa mancha de terra ocre, estéril e torrada, cotos de madeira carbonizados, resquícios do que teria sido outrora uma grande lavra, arrasada pelo efeito do napaln muito utilizado nesta zona.  .
"Foto Kamangas" 1973 - Destruição de lavra com bomba de Napalm
As populações habitavam ao longo das margens dos rios, em pequenas comunidades, subsistindo das lavras, da pesca, do mel e da caça. Com o inicio da guerrilha, foram deslocalizadas e intimadas a viverem, em guetos de arame farpado na periferia de vilas, em agrupamentos étnicos, controladas socialmente, por sobas, milícias e pide, subtraindo-os à influência dos guerrilheiros e evitando que dispersos no mato fossem fonte de recrutamento fácil e coercivo.
Adeus até ao meu regresso

domingo, 9 de outubro de 2011

Noticias de Lumbala Nguimbo

Placa toponímica
 Educação -
Pelos menos 160 novos professores e 40 salas de aulas são precisos no município dos Bundas, para cobertura da rede escolar e inserção de crianças fora do ensino, no próximo ano lectivo. A preocupação foi manifestada hoje, na vila de Lumbala-Nguimbo, sede municipal dos Bundas, pelo chefe da Repartição local da Educação, André Catongo explicou que a Repartição actualmente controla 160 professores e 40 salas de construção definitiva, números ínfimos tendo em conta a explosão escolar que se regista naquela circunscrição nos últimos anos. Neste ano lectivo prestes a terminar, segundo André Catongo, estão registados 17.335 alunos da iniciação à 9ª classe e 5.412 ficaram fora do sistema de ensino por insuficiência de professores e salas de aula. Solicitou igualmente a introdução da merenda escolar, como forma de incentivar as crianças a permanecerem nas escolas.
As comunas de Luvuei e Lutembo, no município dos Bundas, vão ainda este ano contar com novas infra-estruturas escolares e sanitárias, no quadro da implementação do programa de desenvolvimento rural e combate à pobreza. Segundo a Angop de fonte oficial, em cada sede comunal, está em construção uma escola primária com quatro salas de aula cada, um posto de saúde e residências para os respectivos quadros. Igualmente estão a ser instalados sistemas de captação, tratamento e distribuição de água potável e de iluminação pública, que irão melhorar o atendimento das populações e mudar a imagem das duas localidades.
Na mesma perspectiva, a localidade de Lucula, 30 quilómetros a norte da vila de Lumbala Nguimbo, está em construção uma escola primária com igual número de salas de aula, um posto de saúde e duas residências para professores e enfermeiros.
Na sede do município (Lumbala Nguimbo) está em execução a reabilitação e ampliação de uma escola primária e construção de um depósito de medicamentos e um armazém para produtos agrícolas. O município dos Bundas conta com uma população estimada em mais de 70 mil habitantes, subdivididos em sete comunas, que na sua maioria se dedica na agricultura, caça e pesca artesanal.

  • AngolaPress
  • segunda-feira, 3 de outubro de 2011

    Noticias de Lumbala Nguimbo

    Placa Toponímica
    Saúde - O Município Bundas na província do Moxico, terá no final deste ano, um núcleo local de dadores de sangue, visando acudir às respectivas unidades sanitárias, a informação foi avançada no Luena, pelo presidente da referida associação provincial, António Pinto “Mata-bicho”, que garantiu estarem criadas as condições para a implementação destes núcleos, aguardando apenas a resposta das respectivas administrações municipais. Fez saber que os municípios do interior da província nunca tiveram bancos de sangue e esta é uma experiência “piloto”, que será extensiva aos outros municípios, de forma a diminuir mortes por falta de sangue. Solicitou apoios das administrações municipais dentro dos seus programas de acção e de outros parceiros sociais, quanto ao estímulo dos associados. Concretizada a intenção diminuir-se-á casos de mortes por falta de sangue nos hospitais e centros sanitários.
    Vacinação - 9.390 petizes dos zero a cinco anos de idade foram vacinados contra pólio e sarampo, em Lumbala-Nguimbo, município dos Bundas, província do Moxico, na fase urbana da campanha “Viva vida com Saúde”. De acordo a supervisora municipal do Programa Alargado de Vacinaçao (PAV), Maria Muteche, 5.540 petizes foram imunizadas contra a poliomielite e 3.750 receberam vacina anti-sarampo. Segundo a fonte, durante a primeira fase realizada de 9 a 13 de Setembro 4.272 petizes receberam a vitamina (A), para prevenção da cegueira, e 3.543 receberam albendazol (desparasitante). A fase rural, última da campanha, iniciada a 19 de Setembro já terminou. Finda a campanha, o PAV tem a previsão de vacinar 10.403 petizes menores de cinco anos, em todo o território do município dos Bundas. 
    Estão envolvidos na campanha cinco brigadas, constituídas por sete técnicos cada

  • AngolaPress
  • segunda-feira, 12 de setembro de 2011

    Recordações do Leste de Angola

    Caros Amigos e Camaradas:
    Estão quase a completarem-se três meses em que aqui apareci pela última vez. Não sei se sabem, mas a causa desta ausência deve-se ao facto de eu me encontrar algo ocupado, semanalmente, com o meu próprio Blogue, em que me proponho narrar todo o meu trajecto por Angola, desde 1965 até 1974, data em que o mesmo foi encerrado com a minha ultima prestação de serviço, integrado na CArt 3514”Panteras Negras”. É claro que como sempre, se começa a contar uma história pelo princípio e, assim, tenho andado ocupado a compilar alguns documentos fotográficos que ilustrem o trabalho em que me encontro empenhado, trabalho esse que se está a revelar um tanto ou quanto difícil, dada a escassez de documentos de que disponho para isso. Mas esta é uma história que me diz respeito mais directamente a mim e, por isso, vou evocar uma pessoa e uma história que já diz alguma coisa, não só a mim, mas também a vós.
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    1ºs.Sargs.Torres e Botelho, no Nengo, em 1973 (?)
    A pessoa em questão foi uma personagem controversa, que teve uma passagem, quase que diria, meteórica pela nossa CArt 3514. Mas o facto real é que, na verdade, apesar de todos os condicionalismos , sempre deixou por cá alguns sinais e vestígios da sua passagem que não podem ser escamoteados, tal como os deixados no espaço por um meteoro, após a sua passagem.
    Assim, não querendo modificar as opiniões de ninguém mas, no entanto, mantendo as minhas, acho por bem evocar essa pessoa que, como todos já devem ter percebido, se trata do, ao tempo 1º.Sarg.Meira Torres e que foi e era, o 1º.Sargento Titular da CArt 3514, pois que, se assim não fora, teria sido substituído por outro 1º.Sargento no QO da CArt 3514, o que, de facto, não aconteceu. Apenas fui posto no seu lugar, mas o meu lugar não foi substituído, porquanto eu pertencia organicamente ao 1º.GC e este, com a minha saída nunca foi recompletado e manteve-se deficitário, durante toda a Comissão.
    E, a esse propósito, ainda me lembro da “Repreensão Pública”(o que vale, é que não foi registada!...) que me foi dada pelo ex-Alf.Rodrigues, no Convívio de Boleiros, em 2010, pela minha falta ao serviço operacional no seu GC. Ora, eu nunca poderia ter estado nos dois lugares ao mesmo tempo, pois não sou, nem era, como a Nª.Srª.de Fátima, que consegue estar em todas as igrejas ao mesmo tempo!...
    Continuando com minha ideia, aqui vai uma imagem fotográfica, tirada no Depósito de Géneros do Nengo, durante uma qualquer refeição, em que figuramos eu e o 1º.Sarg.Augusto Veiga Meira Torres que, apesar de todas as controvérsias sobre a sua pessoa, foi um dos elementos da CArt 3514, tanto oficial como particularmente e passados tantos anos, as questões que tivemos eu e ele, e que pouco ou nada significaram, estão completamente esquecidas e ultrapassadas nas “brumas da memória”.
    Cordiais saudações para o “blog-master”, todos os restantes colaboradores, elementos da CArt 3514 e familiares e ainda para os eventuais leitores deste “post”, onde quer que se encontrem. Para todos um abraço do Amigo e Camarada,
    Octávio Botelho

    sexta-feira, 26 de agosto de 2011

    O Morteiro 81

    S. Miguel 16 Agosto 2011
    De João Medeiros
    Corria o mês de Janeiro ou Fevereiro de 1973, estávamos nos acabamentos finais do destacamento na Colina do Nengo, quando o Manuel Cardoso da Silva entrou na messe, vinha todo ardido, porque o Capitão num dos seus dias de mau humor, apertou com ele sobre a logística da defesa do destacamento, no qual as armas pesadas tinham uma preponderância primordial ( Posição das Metralhadoras pesadas, e do Morteiro 81 ). As Metralhadoras seriam montadas nas torres dos postos de sentinela em cantos opostos e o Morteiro 81 ficaria posicionado ao fundo do destacamento sobre o canto esquerdo entre a Messe e a estrutura do Comando. O Manuel na sua maneira característica de falar quando estava irritado dizia f…-.. agora tenho de abrir ali um buraco para por a merda do Morteiro e fazer um plano de tiro.
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    O Cap. Rui Crisóstomo, Carlos M. Monteiro, Parreira, Pimenta, Paulo Ribeiro, Diogo, e na piscina Medeiros e Cardoso da Silva
    Quanto ao plano de tiro, a malta no gozo dizia-lhe que a melhor maneira de o elaborar era fazer uns tiros com o morteiro e depois ir á procura das crateras onde as morteiradas tinham caído, tirava as coordenadas e assim tinha um plano de tiro garantido. Imagine-se o que ele não disse e eu lembro-me. Bom, mas isto foi a parte fácil da tarefa, porque o mais difícil era abrir a cova para instalar o Morteiro e encher as sacas de areia para protecção em volta da cova (ninho). Bem, pessoal para abrir a cova está quieto, voluntários não havia, porque os homens de armas pesadas estavam distribuídos pelos pelotões, tal como os enfermeiros e transmissões, etc.
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    Medeiros e Cardoso da Silva a "desafogar" o Morteiro
    O Manuel já se via a ter de abrir a cova sozinho, com um ou outro homem e tinha de cumprir prazos por causa da ameaça de ter de ir para o mato. Mas lá conseguiu fazer o essencial para se ter um morteiro 81 instalado com todos os erres e esses (cova com diâmetro x , altura y, sacos de areia em volta, munições, mira montada, níveis, lona de cobertura e protecção do equipamento etc.)
    Quando acabou o trabalho ao fim do dia o nosso capitão que pernoitava em Gago Coutinho foi embora e nós fomos tomar umas cervejas como de costume e o Manuel consolou-se a desabafar.No dia seguinte tudo corria ás mil maravilhas, na messe ao almoço como de costume era bocas para um lado e para o outro e quando menos se esperava caiu uma pancada de água como era próprio da época, um autêntico dilúvio.
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    Medeiros e Cardoso da Silva a pescar granadas
    Saímos da messe, cada um para os seus lugares, o Monteiro das transmissões disse-me, oh Medeiros o Morteiro está inundado ..! Fui ter com o Manuel e disse-lhe, ele não acreditou e mandou-me para longe, lá insisti e ele foi verificar. O resto vocês imaginam, o nosso Capitão foi observar e não comentou nada porque o ambiente não estava agradável. O Manuel lá desmontou a arma, limpou, lubrificou e guardou o morteiro em lugar seguro e até à chegada dos Maçaricos nunca mais se falou no Morteiro 81.

    sexta-feira, 12 de agosto de 2011

    Noticias de Lumbala Nguimbo

    Placa Toponímica
    O governador do Moxico, João Ernesto dos Santos "Liberdade", visitou na quarta-feira, as obras de impacto social, na comuna de Luvuei, município dos Bundas, em sequência da deslocação iniciada segunda-feira na circunscrição a sul do Luena. O dirigente começou por inspeccionar a construção do sistema de captação, tratamento e distribuição de água potável, escola primária com capacidade de quatro salas de aulas, centro de saúde e uma residência para funcionários da educação e saúde. Na comuna do Lutembo, avaliou a construção de uma escola T4, bem como o sistema de captação, tratamento e distribuição de água à população daquele conselho administrativo. Visita à comuna do Mussuma Mitete, constam da agenda do governante, que igualmente vai constatar a edificação de infra-estruturas administrativas e sociais em construção no âmbito do programa de melhoria e ofertas serviços básicos à população. Durante a sua estada na vila de Lumbala-Nguimbo, inaugurou duas pontes de madeira sobre rio Lucula, na estrada que liga a sede do município, à comuna de Sessa. (Caminho que liga os Bundas a Cangamba no municipio dos Luchazes) As obras estão enquadradas no Programa Municipal Integrado de Desenvolvimento Rural e de Combate à Pobreza. Ainda no Lumbala-Nguimbo, o governador e os membros do governo provincial que o acompanham vão assistir às comemorações do 3º aniversário de empossamento do "rei" Mwe Mbandu III, soberano do grupo etnolinguístico Mbundas, a assinalar de 11 a 12 deste mês, e reunirão também com a Administração Municipal.
    AngolaPress

    terça-feira, 9 de agosto de 2011

    Parque Nacional do Mussuma

    Placa Toponímica
    A Ministra do Ambiente, Maria de Fátima Jardim anunciou a criação do Parque Nacional do Mussuma, no Município dos Bundas, numa zona transfronteiriça que servirá de circulação dos animais dentro da área de conservação entre Angola e a Zâmbia. Informou no Moxico, que o país conta com 13 áreas de conservação de espécies da fauna e flora, que cobrem uma extensão de 82.272 kms². As zonas físico-climáticas de que dispõe Angola resultam numa grande diversidade de animais e vegetação, multiplicidade que coloca o país num dos mais ricos desta região austral do Continente Africano em termos de fauna e flora.  
    Manada de Palancas vermelhas
    As 13 áreas de conservação de espécies da fauna e flora em Angola são o Parque do Iona (Namibe, o maior do país, com 15.150 km²), Parque da Kameia (Moxico, segundo do país, com 14.450 kms²), Parque de Quissama (Bengo-Luanda), Parque de Cangandala (Malanje), Parque do Bicuar (Huíla), Parque do Mupa (Cunene) e Parque regional de Cimalavera (Benguela). As reservas naturais, integrais e parciais são as do Luando (Malanje), de Ilhéu dos Pássaros (Luanda), Luiana (Kuando Kubango), de Búfalos (Benguela), Natural do Namibe e de Mavinga (Kuando Kubango)
  • AngolaPress 
  • sábado, 30 de julho de 2011

    Os que se lembram de mim..

    S. Miguel 29 Julho 2011
    De João Medeiros 
    Há meses atrás, esteve aqui na minha ilha (São Miguel), por pouco tempo, ao serviço da sua empresa, o Victor Dinis das transmissões. Telefonou-me, fui ao seu encontro para lhe dar um Abraço. Há dias atrás, também de passagem aqui na ilha, na companhia dum grupo de amigos, o César Correia. Telefonou-me, fui ao seu encontro para lhe dar um Abraço. Ontem, dia 27/07/2011, toca o telefone e para surpresa minha, era o meu Amigo, João António Fontes, que, estava em trânsito no aeroporto de Ponta Delgada, com destino aos Estados Unidos América, aonde ia de visita aos seus familiares. Como passageiro num voo internacional, não podia sair da sala de embarque, mas, ele lá dentro e eu cá fora, mexemos uns cordelinhos e lá conseguimos dar um Abraço. E bonito! Também me apresentou o seu filho, um jovem bem posto, de fino trato (com 40 anos de idade), que me levou a pensar, que o Fontes, já tinha aquele filho quando foi arrancado à sua terra natal, (Ilha do Fogo - Cabo Verde) e mobilizado connosco para Angola.
    Fátima 2010 - João Medeiros e João António Fontes
    Comentários para quê? Hoje que somos pais e temos filhos, percebemos o porquê, daqueles que já tinham filhos, andarem tristes e preocupados, quando andávamos na tropa. Amigos e Companheiros, que fique mais uma vez registado, a Alegria que sinto. Se dúvidas houver, quando por cá passarem ou quiserem estar, é só dizer, telefonar ou informar, que eu estou aqui para Vós… Os que se lembram de mim.

    terça-feira, 19 de julho de 2011

    Caçada Noturna no Mussuma

    A minha 1ª caçada noturna
    Há dias encontrei o Alfredo, actualmente a viver aqui na zona de T. Novas, era condutor do PAD.2285 em Gago Coutinho, passava dias desenfiado no destacamento do Rio Mussuma à beira da ponte, por causa da caça, dormiu lá algumas vezes com o pessoal da ferrugem. Nos encontros ocasionais, acabamos sempre a reeditar o nosso “glorioso” passado africano, a meio dumas cervejas, recordou uma peripécia passada naquela época, que nunca mais esqueceu e perguntou, Carvalho não te recordas daquela vez que ficamos atascados na chana? Respondi, em qual delas, foram tantas..! Eh pá foi por causa daquele furriel da tua companhia, que caçava sentado no saco de areia em cima do guarda-lama da frente da Berliett, a nossa sorte foi aparecerem os gajos do “cavalo branco”, se não dormíamos lá a sesta, tínhamos de assar a cabra para enganar a larica, marchava mesmo sem sal, digo-te, nunca mais me esqueci daquele “chico” com cara de pau, a querer fazer a tarimba ao pessoal, e a gente bem precisava…! Mas esse tal furriel chegou pró gajo, enfiou-lhe uma galga das antigas, não me lembro como se chamava..! Era o Medeiros..! Não, esse era aquele açoriano marado que puxou da canhota no jogo da bola ao pé da escola, gajo muito porreiro, mas quando se passava dos carretos, cuidado com ele…! Nem o Duarte, foi há tantos anos, já não me lembra o nome dele, (Carrilho) esse mesmo. Escapei desta, mas quando cheguei ao PAD a meio do dia, o 1º Gomes já andava á minha procura, desculpei-me que tinha adormecido no kimbo da minha lavadeira, lixei-me com a intrujice, apanhei uma semana à Benfica…!
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    1972 - Coluna militar à saida de Gago Coutinho
    Tenho ainda presente a minha estreia nocturna, tínhamos comprado um holofote a um camionista da TECNIL, saímos a meio da madrugada para caçar ao longo da picada que contornava a orla da mata, a caminho da aldeia do Mussuma algures na fronteira com a Zâmbia, onde estava destacada uma companhia do BCAV_3862, éramos um grupo de pessoal avulso, à procura de alguma cabra ou palanca, que eu só conhecia das caixas de fósforos, com apenas três ou quatro meses de comissão, havia relutância em sair depois do jantar, com medo de ocorrer algum imprevisto e passarmos a noite na mata, mas naquela madrugada o entusiasmo levou-nos a percorrer vinte e muitos kms por ali abaixo, (abatemos duas cabras).
    Começava amanhecer, de faróis apagados e holofote em punho seguíamos uns olhinhos esverdeados que brilhavam ao longe no meio do capim, com a cegueira de chegar à distância de tiro (perto do animal), fomos surpreendidos pela inconsistência do terreno, a Berliett adornou, com os rodado e o semi-eixo atolados, sem árvores na periferia para amarrar o guincho, depois de algumas tentativas, colocando sob o rodado traseiro, troncos, ramagens e os taipais laterais, para sair da situação, se terem gorado, restava-nos aguardar e rezar.
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    Picada de Gago Coutinho para Ninda 1972
    O Pires tinha teimado em não sair da picada, mas tantas vezes insistiram, que acabamos encalhados, a meio dia de caminho do destacamento, ficamos na expectativa de alguém se lembrar de vir à nossa procura, pois sabiam para onde tínhamos ido caçar.
    A espera gerava sempre tensão com recriminações, mau humor e discussões acaloradas, mas não tirava a vontade a ninguém de voltar no dia seguinte, já tinha passado bastante tempo, estávamos a ficar apreensivos por tardar o auxílio, quando de repente no silêncio da manhã, começámos a ouvir o ronronar familiar duma viatura ou de viaturas, ficamos perplexos com a direcção do ruído, mas se dúvidas havia depressa desvaneceram, quando ao longe começamos a vislumbrar primeiro uma nuvem de pó e depois mais perto a silhueta duma coluna militar vinda da Aldeia do Mussuma a caminho de Gago Coutinho.
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    Aldeia do Mussuma - Destacamento miltar 
    Assim que a frente da coluna nos interceptou, abrandou a marcha, e da terceira ou da quarta viatura, desceu o Capitão, exaltado aos berros, interrogando, quem são vocês, que andam aqui a fazer, quem é o comandante da viatura…? Enfim, se mal estávamos pior ficamos, não sei quem comandava a viatura naquela ocasião, nem me lembro de alguma vez, nos questiona-mos sobre o assunto, predominava por norma a razão do mais teimoso…!!
    O Carrilho tinha arranjado aquele trinta e um, ao insistir com o Pires que a chana estava enxuta e dura, gostava de dar ao gatilho e não olhava a meios, não me surpreendeu ao assumir a situação de peito feito, cheio de estilo (ou não tivesse sido forcado, conforme se afirmava e tantas vezes no kimbo dos furriéis noite dentro, fantasiava estórias das suas proezas nas arenas, em tardes de glória na cabeça dos toiros). Somos da “catorze” meu Capitão, estamos a fazer um reconhecimento à picada, para amanhã acompanhar-mos o Pessoal da Tecnil numa prospecção geológica a esta zona, saímos do trilho para inverter a marcha e acabamos de nos atascar.
    O Homem perante a informação e a constatação dos factos, bradou de imediato ordens a uma das viaturas da coluna para nos rebocar, que também acabou a patinar, depois sim com uma segunda Berliett de reforço foi possível sair do lamaçal.
    Nos destacamentos havia apenas um rádio “Racal  TR28” e sempre que saía uma viatura levantava-se sempre o eterno problema, quem vai ficar sem comunicações, o destacamento ou a viatura.
    Adeus até ao meu regresso 

    quarta-feira, 6 de julho de 2011

    Cheguei Tarde Amigo...!

    Conheci o Isidro Ribeiro na Porta de Armas do Regimento Infantaria 14 em Viseu, cidade onde assentamos praça como recrutas, no 3º pelotão da 3ª Companhia,  depois de terminada a instrução e feito o Juramento de Bandeira, fomos colocados no RAL.3 em Évora,  no 2º pelotão da Cart.3516 para fazermos a especialidade, (Atirador de Artilharia). Fomos mobilizados para Angola e incorporados no 2º pelotão da Cart.3514 !... Durante a comissão em Angola, vivemos ombro a ombro as vicissitudes e adversidades, comungamos momentos de franca alegria e também de tristeza,  com as boas e más noticias, confidenciamos situações e projectos das nossas vidas, no dia chegada, depois de cumpridas as praxes e a meio daquele abraço de despedida, a promessa repetida de nos encontrarmos para relembrarmos as aventuras, e desventuras dos mais belos anos da nossa vidas que passamos enquanto Soldados.
    César e Pereirinha na Aldeia de Picão - Castro Daire em 29 Maio 20011
     Mas cheguei tarde amigo!..
    Quando consegui o teu contacto, tinhas partido á dez ou doze dias. Pela amizade e camaradagem, eu, César Correia, e J. M. Pereirinha, em nome de todos os Camaradas e Amigos da Cart3514, viemos prestar-Te esta pequena e sentida homenagem, e dizer-te que mesmo ausente, continuarás sempre presente entre nós, «Familia Panteras Negras» e despedir-me com um "Até Sempre Camarada".
    Um abraço para todos do César Correia

    segunda-feira, 27 de junho de 2011

    Faleceu Manuel dos Santos Roque

    Faleceu, Manuel Roque, nosso antigo camarada do 4º Pelotão. O Roque, natural e residente na Gafanha da Nazaré, pereceu no ultimo sábado, carbonizado na cama do quarto da sua residência , por um incêndio que segundo fonte dos bombeiros, deve ter sido provocado por um cigarro mal apagado, já que o fogo destruiu apenas o quarto da habitação. Já há alguns anos que sofria da doença da diabetes. A evolução desta doença provocou-lhe cegueira e causou de seguida a amputação dos dois membros inferiores, ficando a partir daí dependente de uma cadeira de rodas e do auxílio dos familiares.
    À sua família e amigos, os nossos sinceros pêsames, um abraço de solidariedade neste momento de angústia e dor. Ao nosso Amigo Roque um abraço em nome de todos os "Panteras Negras".
    ATÉ AMANHÃ CAMARADA...

    sexta-feira, 24 de junho de 2011

    Maravilhosa Ilha de S. Miguel

    É verdade amigo Botelho, ao sair dos licores «a mulher do capote» o tempo já não estava bom, mas quando estacionamos na Ribeira Grande para conhecer um pouco da Cidade,  já pensava em  baldar-me ao passeio, para  fazer uma surpresa ao camarada Botelho e dar-lhe um abraço, a chuva não me ia impedir de o encontrar, liguei apenas para saber se estava em casa, mas a chuva intensificou-se de tal maneira que o guia para aproveitar o tempo, pôs toda a gente no autocarro, e vamos embora para outro lado..! Voltei a ligar já dentro do autocarro, uma centena de metros estava a transformar-se em kms, devido à intensidade da chuva. No dia seguinte de visita ao Miradouro dos Mosteiros, contactei o nosso amigo Medeiros, disse-me que estava a cinco minutos do local, mas a pressa e a vontade de conhecer e ver muitas coisas, não dava para meter uma cunha aos meus acompanhantes, era uma injustiça fazer esperar tanta gente..!
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    S. Miguel - Açores:  João Medeiros, César Correia e Esposa
    A solução foi  combinar o encontro no restaurante, a mais meia hora de caminho, onde estava previsto o almoço, para dar aquele abraço, os meus companheiros de viagem ficaram surpreendidos com aquele efusivo cumprimento, mas depois de esclarecidos quando ao motivo, somos amigos e ex-camaradas de armas em África, reafirmado também pelo Medeiros num pequeno discurso de boas vindas, com palavras elogiosas por terem visitado a sua linda  Ilha de S. Miguel, com fotos e palmas ao Açoriano, Amigo do César, prova expressa no rosto da minha esposa, reflexo da minha  felicidade na presença deste grande amigo de longa data.  Falei também com o meu grande Amigo Soares, tinha saído do mesmo hotel á 3 ou 4 dias, azar, mas a conversa foi óptima deu para matar saudades, e lá se passaram dois dias numa pequenina porção de terra, maravilhosa , que aconselho a visitarem, nem que seja em contra-relógio como aconteceu comigo, mas prometi, e se Deus me der saúde vou cumprir!.. VOLTAREI.
    Um abraço a todos os camaradas Panteras Negras, e como diz o amigo Medeiros, venham aos AÇORES... César correia