o0o A Companhia de Artilharia 3514 foi formada/mobilizada no Regimento de Artilharia Ligeira Nº 3 em Évora no dia 13 de Setembro de 1971, fez o IAO na zona de Valverde/Mitra em Dezembro desse ano o0o Embarcou para Angola no dia 2 de Abril de 1972 (Domingo de Páscoa) num Boeing 707 dos Tams e regressou no dia 23 de Julho de 1974, após 842 dias na ZML de Angola, no subsector de Gago Coutinho, Província do Moxico o0o Rendemos a CCAÇ.3370 em Luanguinga em 11 de Abril de 1972 e fomos rendidos pela CCAÇ.4246 na Colina do Nengo em Junho de 1974. Estivemos adidos em 72/73 ao BCav.3862 e em 73/74 ao BArt.6320 oOo O efectivo da Companhia era formada por 1 Capitão Miliciano, 4 Alferes Mil, 2 1º Sargentos do QP, 15 Furriéis Mil, 44 1º Cabos, 106 Soldados, num total de 172 Homens, entre os quais 125 Continentais, 43 Cabo-Verdianos e 4 Açorianos» oOo

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

De Cabo Verde

De Severo Ramos de Oliveira
Boa tarde camarada António Carvalho. É com muito prazer que informe-te da sua mensagem, eu fico muito satisfeito, quando recebo mensagem dos meus companheiros, ex-combatentes do ultramar, agradeço-lhe a sua atenção e vou fazer tudo para ajudar-te a encontrar outros companheiros aqui em Cabo verde, agradecia que me enviasse alguns nomes desses colegas teus.
Abraços
Severo de Oliveira

terça-feira, 28 de outubro de 2008

De Arlindo Machado de Sousa (EUA)

Destacamento do Lumbango 1972, Arlindo de Sousa, Dimas, Carvalho e Araújo Rodrigues
Mais Vale Tarde que Nunca .....
Olá Carvalho..tudo bem? Espero bem que sim…que te encontres bem na companhia dos teus. Eu penso em escrever mas por um motivo ou outro vai passando e …. Quando damos por nós já não são dias…são meses! Como se costuma dizer "mais vale tarde do que nunca," aqui vai um abraço e uma mensagem que se achares por bem incluir no blog …tudo bem, e podes alterar ou modificar da maneira que quiseres…não tem direito de autor!!! Um abraço!
Pedreira do Nengo 1972 - Marques, Soares, Capitão Rui Santos, Cabo António Santos Oliveira, Carvalho, Arlindo Sousa, Cardoso da Silva, Rodrigues, Duarte e Diogo
Olá Camaradas…Desde que contactei com o Carvalho e tive conhecimento deste Blog da “nossa 3514”, sempre que posso dou uma vista de olhos ao que se escreve e vou acompanhando o desfilar de recordações, o descrever de episódios, alguns que não conhecia, outros que trazem recordações e fazem lembrar alguns, quase esquecidos, nas memórias de um passado distante…mas sempre presente, de um tempo que nos marcou a todos, para o resto da nossas vidas! Lá diz o Victor Espadinha que recordar é viver…. e graças a todos vós…vivemos cada dia mais um pouco, retomando contactos perdidos, partilhando recordações, matando saudades!!!
Estou nos Estados Unidos, na Califórnia, onde tive o prazer de ser co-fundador de uma organização de ex-combatentes que desde 1990 se reúne pelo menos uma vez por ano com um programa que normalmente inclui Missa por alma dos camaradas falecidos, jantar de confraternização e convívio. Na primeira reunião na cidade de São José, o Rev. Dr Noia que celebrou a Missa e trabalhava com ex-combatentes da guerra do Vietname internados em hospitais de doentes do foro psiquiátrico, disse na homilia, entre outras coisas : antes de mais dou-vos os parabéns por terem regressado de saúde e capazes de funcionar normalmente, trabalhando e vivendo uma vida normal com as suas famílias! É verdade…estamos de parabéns! Agora ao ver estas páginas recheadas de recordações, felicito todos os que para ela contribuíram e que de certo continuarão a fazê-lo, construindo e fortalecendo esta ponte que nos reúne de novo apesar de espalhados pelos mais variados pontos do Universo, que estou certo, muitos mais lêem, embora não comentem!
Um abraço e bem hajam!
Arlindo Machado de Sousa
Ps. - Os Grandes Amigos como o Arlindo de Sousa nunca se esquecem, longe ou perto, ausentes ou não, eles fazem parte dum grupo, duma geração, duma época, da interacção que criámos em determinado momento das nossas vidas, e como tal, estarão sempre de corpo inteiro e por direito próprio, no álbum das nossas melhores recordações.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Ponte do Rio Nengo

Imagem enviada por César Correia

Imagem captada junto aos eucaliptos na ponte do rio Nengo, julgo eu, não tenho a certeza, com os camaradas, em cima: César Correia, Pimenta, Júlio Norte, Guerreiro e Liberto, em baixo: Joaquim Gonçalves (Beringel), Porfirio Gonçalves, Venâncio do Carmo e Bernardino Careca

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Chana do Rio Luce

Imagem enviada por César Correia


Imagem magnifica da ligação rodoviária entre Gago Coutinho e Ninda, atravessando a chana do rio Luce, ainda em fase de construção. Tivemos aqui dois sub-destacamentos em épocas diferentes, um em cada margem, junto à mata. Recordo-me de bons momentos aqui passados, havia muita caça ao longo desta grande chana que ladeava este pequeno rio, mas à noite as melgas eram um pesadelo. Pela manhã habitualmente iamos até à ponte dar um mergulho, era o único local com acesso ao rio, de menina a tira colo como sempre. Certo dia depois dum belo banho, regressávamos ao destacamento, e damos de caras com uma matilha de mabecos, vindo estrada abaixo, paramos indecisos com a situação, e os animais em formação cerrada continuaram a sua marcha na nossa direcção, tivemos de abrir fogo, só depois de termos abatido um deles, desarvoraram cada um para seu lado a toque de chumbo.
Mas também recordo com tristeza um fim de tarde de Agosto de1972 em que fui incumbido de vir ao Rio Luce onde estava o 2º pelotão, trasladar para G. Coutinho o corpo do nosso camarada 1º Cabo Joaquim Pedro Ricardo (Natural de Chanca - Sobral da Abelheira no concelho de Mafra) que aqui perdeu a vida num estúpido acidente.
Adeus até ao meu regresso

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Reliquias do Passado

O Pré
O César Correia fez questão de me enviar, este pequeno tesouro guardado religiosamente, à mais de trinta anos no seu baú de recordações, que não resisti em publicar, são estes pequenos nadas, que nos ajudam a lembrar as memórias do passado. Quatro notas emitidas pelo banco de Angola, o equivalente a dois ordenados mensais, que era na altura o Pré que um soldado auferia em África, qualquer coisa como oitocentos e tal escudos. Com esta massa na altura comprava-se muita cerveja, Cuca, Nocal e Eka, muito tabaco, bué de crika, até dava quase para tirar a carta de condução, só no Pica-Notas (Boite Pica-Pau) é que não comprava nada, só com camanga na algibeira.



sábado, 18 de outubro de 2008

Bravo Camarada!....

Fiquei muito sensibilizado com o escrito do César Correia. Porventura até hesitei em responder uma vez que, sendo um dos visados no seu conteúdo, pela positiva, se calhar não me ficaria bem tecer qualquer comentário.
Achei porém que a razão principal desta mensagem, ou melhor, a mensagem que ele nos dá, era de longe mais importante que o elogio pessoal recebido, que muito agradeço e retribuo pois, na verdade o César foi, por assim dizer, o meu braço direito na equipa que, com gosto liderei, para que mais conforto, segurança e bem estar, todos, directa ou indirectamente usufruíssem .
Muito trabalhador, humilde, conhecedor profundo do que fazia, amigo do seu amigo, fácilmente se relacionava com quer que seja, pois tem um coração bom e enorme que abarca toda a gente. Sempre o tive e tenho como um amigo especial e muito predilecto.
Todavia, o que quero aqui realçar, é a coragem do César. Dentro de poucos meses comemoraremos o primeiro aniversário do nosso blogue. Do inicio até agora apenas o César quis dar o seu testemunho. Cheio de emoção, de convicção, de solidariedade, de lealdade para com os camaradas com quem mais privou ou que, por qualquer outra razão, mais o marcou nessa nossa passagem conjunta pela CART 3514.
O objectivo principal deste blogue é exactamente o que o César fez; intervir, comentar, dar testemunho, recordar, manter bem viva a chama da amizade que nos entrelaçou e amarrou, de forma transversal, a todos, sem excepção, e que gostaríamos que perdurasse enquanto existissemos nesta "terra dos vivos".
Que belo exemplo o César aqui nos deixou! É caso até para lhe agradecermos pois, com esta sua iniciativa, provavelmente irá sensibilizar e incitar tantos outros camaradas a manifestarem a sua opinião ou a trazerem alguma recordação vivida, ao conhecimento de nós todos.
Desta forma o objectivo da criação deste blogue estava conseguido para satisfação de todos, em especial do seu mentor, o Carvalho.
É muito importante que se reescreva a história da nossa Companhia sob pena de perdermos para sempre todo o manancial de factos e acontecimentos, uns mais relevantes que outros, é certo, mas que marcaram de forma indelével as nossas vidas, ajudando assim a cimentar a relação fraternal que, ontem como hoje, defendemos e reclamamos.
Todos temos pois essa obrigação, uma vez que fomos nós os seus autores e actores. Personalizámos os eventos ocorridos por isso só podemos ser nós os legítimos relatores a registá-los na "Memória Colectiva" dos homens e mulheres deste país.
Bravo inesquecível amigo César Correia!...
Com um abraço

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Homenagem aos Meus Camaradas de Armas

O Orgulho de ser um Pantera Negra.
Bandeira Portuguesa ao alto na colina do Nengo onde tantos sonhos passaram, durante tantas horas, tantos dias, tantos meses e alguns anos.

César Correia junto ao mastro da bandeira no pedestal central da parada com o brasão da Cart.3514, no destacamento do Nengo, obra que ele ajudou a construir, e de que fala com muito orgulho e jamais esquecerá.
De César Pereira Correia
2º Pelotão da Cart.3514
Após findar a minha recruta fui mobilizado para Angola e colocado em Évora a fim de iniciar a minha especialidade como atirador de artilharia na Cart.3516.
No final da especialidade fui transferido para a Cart.3514 e colocado no 2º Pelotão então comandado pelo Furriel Soares na ausência do Alferes Brás, que se encontrava em Tancos na Escola Prática de Engenharia a tirar a especialidade de sapador de minas e armadilhas (Fevereiro de 72), não esquecendo os Furriéis Carrilho e Ramalhosa, assim como os restantes camaradas.
Fiz a minha apresentação nessa manhã , depois já na companhia dos meus novos camaradas fomos fazer um crosse , como habitualmente para os lados de Valverde. Logo aí comecei a perceber o lado bom e humano de uma pessoa extraordinária de seu nome António Manuel de Melo Soares, que ao ver nosso camarada 1º Cabo Joaquim Pedro Ricardo ( Faleceu de acidente em Angola no dia 23 Agosto de 1973) em dificuldade respiratória, aproximou-se e perguntou o que se passava, sou cardíaco, e perante o sofrimento espelhado no seu rosto, comentou alto o seu desagrado perante os presentes, como é possível um homem com problemas cardíacos vir à tropa.
Aconselhou-o a ficar ali, a fazer uns exercícios leves de recuperação e esperar pelo regresso dos companheiros.
Este episódio marcou-me, não era normal na tropa um superior agir desta forma tão humana. Mais tarde convivendo de muito perto com o António Soares constatei que que aquela acção tinha sido uma mera gota de água no oceano, a sua personalidade forte e cheia de qualidades, que não vou aqui enumerar, pois é do conhecimento de todos que como eu privaram ao longo desse tempo com Ele.
Não quero deixar de fazer aqui uma homenagem ao nosso saudoso 1º cabo Ricardo, pela disponibilidade e voluntariedade na ajuda desinteressada aos colegas de armas, embarcou connosco nesta aventura desconhecida com a promessa de voltar mas o destino e a sorte assim não quiseram.
Todos foram meus amigos, mas a alguns deles não vou perder a oportunidade de fazer alguns elogios, o Ruivo que fazia o seu trabalho e o dos outros sem olhar a quem, para que a sua equipa executasse o que lhe era confiado, o nosso cabo Ribeiro a quem apelidámos “o reguila” era bom moço mas com muita garganta, os cabos Silveira e Rodrigues “enfermeiro”, tantos jovens da minha idade tudo rapaziada da boa, os Cabo Verdeanos que tão bem sabiam cantar as sua coladeras e mornas em horas de saudade, jamais vou esquecer o Cardoso, Augusto, Gomes, O Pequenino Pastorinho, Nunes, Borges, Montrond o mestre que construía violinos e cavaquinhos das latas do óleo, os continentais Ramos, Resende, Vilaça, Isidro, Ribeiro, Fogeiro “transmissões”, e todos os demais merecem a minha admiração, pelo que fizeram, pela amizade, pelo companheirismo, contribuíram para amenizar a dor que nos ia na alma, num lugar de incertezas, distante de tudo e de todos aqueles que choravam silenciosamente a nossa ausência.
Parabéns Rapazes um abraço a todos e não faltem aos convívios.
César Correia e o camarada António Soares
Comentário
Recebi hoje um email, do nosso camarada César Pereira Correia e duas dezenas de fotos do seu álbum de recordações alusivas ao nosso percurso militar desde a formação da Cart3514 em Évora á nossa comissão no Leste de Angola que retratam fielmente a sã camaradagem que sempre foi o lema das relações entre todos sem excepção, e em especial uma série de imagens do destacamento base do Nengo na fase de construção das infra-estruturas que vieram trazer mais conforto, segurança e bem estar, e o César fala sempre com grande orgulho nesta obra, pois participou activamente em todas as fases, desde a terraplanagem ao primeiro içar da bandeira no pedestal central da parada com o brasão da 3514, onde tantas imagens foram captadas para a posteridade. (Carvalho)

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Rui Bacelar comentou..!

Comentário
Boa tarde amigos e camaradas. Não fiz parte da v/guerra, mas de uma mesma guerra, um bocadinho ao lado. Era Furriel na Cart. 3540, que fazia parte do Bart.3881, que esteve no Leste, de 1972 a 1974. A minha Compª esteve no Lunhamége, depois houve alguns grupos que estiveram em Lumbala, mais tarde rodamos para o Luando, mais perto de Silva Porto (Kuito). Muitas vezes entro neste v/site (e em outros) para matar saudades. Um abraço para todos e até sempre.
Ps. Camarada Rui Bacelar, desde já muito obrigado pelo teu comentário, mas não consigo localizar Lunhamége no mapa, e a que Lumbala te referes, nós Cart3514 estivemos em Gago Coutinho, hoje Lumbala Nguimbo, mas existe também outra Lumbala no quadrado do Cazombo "Alto Zambeze", na provincia do Moxico.
Um abraço até sempre.
Carvalho

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Estórias de Caça (1)

Foto-recordação desta pequena história passada com 1º Cabo Correia «Estrangeiro» na companhia de alguns camaradas. Em baixo: David Monteiro, Carvalho, o nosso cão Mucoi e o Alf. Rodrigues. Em cima: Operário da Tecnil, Tomás da Silva, Valério (Bélinha), Rosa, David Vaz, Correia, Rego, Coutinho e Gaspar.

Gunga é o maior de todos os antílopes, os machos chegam a pesar 1 Tonelada
Nengo ano 1972
O destacamento da pedreira na margem esquerda do rio Nengo, foi criado para protecção duma exploração e desmonte de granito, britagem de inertes e central de betuminosos para asfaltagem da estrada que liga Gago Coutinho a Ninda, era um local aprazível, bastante arborizado a uma centena de metros do rio, onde de facto todos gostavam de estar, ficava a meia dúzia de kms da sede da companhia, onde íamos todos os dias buscar mantimentos e pão fresco, ali perto foi montado um acampamento para os nativos e famílias que trabalhavam na obra, o que tornava o local tanto de dia como de noite mais acolhedor e movimentado.
Estávamos com sete ou oito meses de comissão e o bichinho da caça começou a ser uma rotina nos hábitos do pessoal, começámos por sair á noite dar uma volta de berliett, por perto apalpando o terreno, cada vez mais longe, muitas das vezes só voltávamos depois de abater alguma peça de caça.
Tornou-se difícil gerir as saídas nocturnas pois toda gente queria ir, e quando encontravamos uma peça de caça, só um podia atirar como era óbvio, e de facto o Gaspar era o melhor, o que chateava o seu comandante de secção que era o Correia, a quêm nós carinhosamente tratávamos por "estrangeiro" devido a sua peculiar forma de falar, e que se vangloriava de ser o melhor atirador da sua aldeia e arredores.
Quando íamos caçar o Correia nunca se calava vociferando continuamente, ò furriel porra, desde quando é que um soldado raso passa a perna ao cabo.
Um dia ao fim da tarde a secção do Correia regressava da protecção à desmatação e vêem ao longe atravessando a picada duas ou três gungas, o condutor acelera e o Correia grita para o Gaspar hoje quem atira sou eu, e baixas a bolinha daqui pra frente. Chegados ao local o Correia levanta-se do banco, manda calar o pessoal, está além, está além, aponta arma e dispara um tiro, diz o Gaspar com sacanice, já mataste um ganbuzino, grita o Correia, ò meu ceguinho não viste que lhe acertei, e abala a correr mata dentro, ficando o resto do pessoal a gozar o prato, e o Correia na sua linguagem singular gritando "ó seus canalhas não bindes ajudar, tais fo...dos não lhes botam os dentes".
Não encontrou a gunga, a mata era fechada e a luz já era fraca, regressou irritado, por causa dos piropos dos camaradas, mas ninguém o demovia da certeza, que lhe tinha acertado, e moeu a cabeça ao Alferes depois do jantar par irem ao local com o cão e o holofote que o animal estaria perto do local onde ele o alvejou.
Na manhã seguinte o amigo Correia que levou a noite a a sonhar com a gunga foi dos primeiros a levantar-se para voltar ao local, quando fossem levar o pessoal da protecção, e tinha razão, pois quando iam chegando começaram a ver abutres sobrevoando a zona o que indiciava um animal morto por perto. Assim que pararam a berliett o cão saltou e arrancou logo naquela direcção, lá estava aquele grande troféu por terra a curta distância do local onde foi baleado pelo Correia.
Ninguém o calava, dizia ele eufórico, ó Alferes daqui para a frente quem atira sou eu, qual Gaspar qual car..lho, esse gajo nem um boi enxerga à frente dos olhos, quanto mais uma gunga a cem metros e a fugir, só o cabo Correia.
PS. O João de Almeira Correia era 1º Cabo, natural do distrito de Viseu, um moço sempre bem disposto e muito reinadio, muito alegre, amigo do seu amigo, que despia a camisa para ajudar qualquer um dos camaradas. Nunca mais tivemos noticias dele, julgo que emigrou, mas não perdi a esperança de o voltar a encontrar, o mundo não é assim tão grande.
Adeus até ao meu regresso

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Missão Católica de Gago Coutinho

Localização da Missão Católica de S. Bonifácio em Gago Coutinho

Lumbala Nguimbo
«Entrevista de Siona Casimiro»
A Missão Católica de S. Bonifácio está situada dentro mesmo da Vila sede de Lumbala Nguimbo. Esteve privada da presença missionária desde 1974. A Igreja local está em todos aspectos na estaca zero e, no quadro do esforço tendente ao seu reerguer, esteve em Luanda o seu pároco, Padre Orlando Agostinho, 33 anos de idade.
“O apostolado” abordou-o para saber do sacerdócio naquele sertão.
O Apostolado: Senhor padre, localize-nos por favor a vossa Jurisdição.
Padre Orlando AgostinhoA Missão católica de São Bonifácio está situada dentro mesmo da vila sede de Lumbala Nguimbo, município das Bundas, ao Sul da província de Moxico. Fundada em 1937 pelos missionários beneditinos, é uma das missões mães da Diocese do Luena, ao lado daquelas do Luau (Santa Teresinha) e S. Bento de Cazombo. Fica a quase 492 km da capital da província. Situa-se mais próxima da Zâmbia do que do Lwena, por exemplo.
O Apostolado: E a população residente,como a pode caracterizar?
Padre Orlando AgostinhoA população pertence ao grupo étnico Bunda, contando com outros grupos etnolinguísticos. Está estimada em 37.000 habitantes, na sua maioria recém retornada das Repúblicas da Zâmbia, do Congo Democrático e Namíbia, muitos deles não sabendo expressar-se em português, senão, em inglês. Um clima tropical quente domina na região. A pesca, a lavoura e a caça são as actividades essenciais dos habitantes. Os principais produtos cultivados são: massango, massambala, e cereais e colheita de mel. Realço ainda que a comunidade integra maioritariamente famílias de ex-militares, isto é, das extintas FAPLA, da UNITA, das FAA.
O Apostolado: Como se apresenta a situação da Igreja em termos de infra-estruturas por começar?
Padre Orlando AgostinhoA Igreja de Lumbala está em todos os aspectos na estaca zero fisicamente falando. Estruturas não existem. A guerra destruiu o único edifício da igreja que havia. Ficou sem cobertura, janelas, portas, chão, pintura, instalação eléctrica. Casa paroquial, internato masculino e suas casernas, sistema de água canalizada, residência das madres e seu dispensário e internato feminino, a aldeia dos idosos e leprosos... Tudo foi ao ar. Estas estruturas passaram momentos difíceis logo depois da independência. No ano 1978 com a adopção da política marxista–leninista, foram violentamente confiscadas pelo governo de então e muito património espiritual e material saqueado. Alguns imóveis voltaram à propriedade da Igreja nos anos 90, mas o recomeço da guerra impossibilitou a sua utilização, construção e reconstrução, bem como a colocação de um padre. A área mergulhou de novo na situação de abandono e saque por parte dos soldados. Hoje em dia, o próprio pároco está provisoriamente numa antiga casa de professores por equipar e sem espaço de acolhimento de visitas.
O Apostolado: Em termos sociais, como pode descrever a comunidade paroquial?
Padre Orlando AgostinhoA comunidade paroquial não foge muito ao que referi sobre a população local em geral. Ela integra muitas categorias vulneráveis. Entre as pessoas de terceira idade, há velhos rejeitados e estigmatizados tradicionalmente pelas suas aldeias e famílias. Há considerável número de desempregados e órfãos, em maioria crianças e jovens que não sabem expressar-se em português, senão em inglês mal falado e dialectos locais. Muitos repatriados não encontraram as suas famílias nas áreas de origem depois de muitos anos no exílio, pelo que se fixaram sem querer em comunidades de conveniência e não da sua proveniência.
O Apostolado: Pode ser mais profundo sobre as carências da população local?
Padre Orlando Agostinho
À dificuldades de vária ordem: falta de água corrente, de electricidade, de escolas suficientes, de hospitais que ofereçam segurança aos doentes, de emprego, sobretudo para jovens regressados e outros que se entregam rapidamente à vida fácil e de vícios. Para aquisição de certos meios, tanto os alimentos como materiais de construção, a distância de Lwena tem significado a triplicação ou quadruplicação da Missão Católica de Lumbala Nguimbo
ECCLESIAL 5
O Apostolado: Como tem sido encarado o pároco nestas condições?
Padre Orlando AgostinhoA Diocese, mesmo sem grandes condições para acomodar um pároco ouvira a súplica do povo e enviou aos 28 de Maio de 2006 um pároco. O povo alegrou-se e agradeceu isso ao seu Bispo. O ároco é visto e tido como o pai benfeitor-socorrista da comunidade tanto dos cristãos como dos não-crentes. É o padre que deve apoiar o transporte para doentes da comunidade, do hospital à casa e vice-versa; é o padre que deve e pode apoiar o transporte para levar capim e material de pau-a-pique para construir a casa de um(a) idoso(a), doentes e outras necessidades das pessoas que fazem parte ou não da comunidade cristã.
O Apostolado: Em que tem consistido o trabalho do padre nestas circunstâncias?
Padre Orlando AgostinhoAntes de mais, devo sublinhar que a miséria espiritual é muito notória. O povo de Lumbala Nguimbo esteve privado da presença missionária desde 1974, isto é, antes da independência. Assim, o nosso trabalho pastoral gira em torno da mensagem evangélica, transmitir aos nossos cristãos a esperança e o amor entre os irmãos na caridade, baseadas numa profunda dimensão humana nas suas relações pluridimensionais. A nossa mensagem vinca quanto não devem ser conceitos vagos a compreensão e o respeito pela diferença, a justiça social, o espírito de tolerância e reconciliação entre irmãos, o respeito pelos direitos humanos e democracia, em suma,a cultura da paz. Incentivamos as populações ao serviço particular e comum da agricultura, sobretudo lavras e hortas para a Caritas da Missão.
O Apostolado: Falando em incentivos, o pároco tem disposto dos meios necessários?
Padre Orlando Agostinho
Em verdade, falta tudo: meios litúrgicos (paramentos, mala de missas; máquina de fabricar hóstias etc...), materiais para o secretariado de pastoral paroquial, equipamento para os serviços comunitários da Caritas e residência paroquial, apetrechos para a biblioteca paroquial.

A residência paroquial, por exemplo, é muito pequena para o próprio pároco e, pior, para acolher uma visita do Bispo e outros hóspedes. Aliás, quando isso acontece, alguns missionários dormem acumulados numa só sala, e outros ao relento, quer dizer, passando as noites dentro dos carros. Outro exemplo, a vastidão do município requer ao pároco visitar constantemente as comunas e pequenas comunidades, em companhia de um grupo de catequistas e seu conselho paroquial, mas o transporte é exíguo.
O Apostolado: Exíguo, como?
Padre Orlando Agostinho -Até só para tirar os meios de sustento para o pároco de Lwena ao município, o carro danifica-se logo na primeira viagem. Contando com os mantimentos, o combustível e os próprios ajudantes numa viagem duríssima e longa, o pequeno e único veículo já é insuficiente. De realçar que a viagem de Lwena-Lumbala Nguimbo gasta 200 litros de combustível por causa do uso permanente da tracção reforçada, porque sem esta técnica, a viagem torna-se cansativa, difícil e longa, levando 2 a 6 dias. A pastoral naquelas picadas ainda é mais complicada, colocando anecessidade de algumas motorizadas e bicicletas. As picadas muito arenosas, pantanosas, esburacadas recomendam a aquisição de um carro-aberto tipo“Land-Cruiser Pickap”.
O Apostolado: Mais exemplos, ainda?
Padre Orlando Agostinho
Posso referir, ainda, que animais ferozes abundam na zona, muitos deles à espreita na beira das estradas, pontes. Uma vez, quando me dirigia ao Lumbala Nguimbo, fui cercado por cerca de 30 mabecos, animais mais ferozes do que o leão. Em Maio/2006, aquando da tomada de posse do pároco, o Bispo Dom Mbilingi, alguns catequistas e a minha mãe, também, viveram quase uma experiência igual. Devido a presença de pegadas do leão no local de descanso, tiveram que transferir-se para outro sítio mais seguro.O Apostolado: O que faz no sentido de minimizar ou ultrapassar este ambiente de tamanha adversidade?
Padre Orlando AgostinhoOra, o sacerdote que está a trabalhar em Lumbala Nguimbo é ainda muito jovem. Esta é a sua primeira missão como pároco e está, por isso, com muita força de vontade de trabalhar e ajudar os seus irmãos a redescobrirem as raízes da sua fé e voltar às origens da primeira Evangelização realizada pelos missionários Beneditinos em 1963. Na perspectiva de reduzir as dificuldades materiais da sua actividade, concebemos um projecto de apetrechamento da Missão de que diligenciamos a aprovação e execução,
O Apostolado: A jeito de palavra final, o que apetece dizer para os leitores?
Padre Orlando AgostinhoA Comunidade dos fiéis de S.Bonifácio é formada actualmente por cerca de 3.000 fiéis só na sede. A grande limitação é os escombros deixados pela guerra que aí se desenrolou como bastião de guerrilha entres beligerantes. Estando a Missão em estaca zero, ela precisa urgentemente dos principais meios e usuários, residência paroquial e suas estruturas. O pároco lida com a solicitação constante dos catequistas de comunas distantes e confrontados com maiores dificuldades de satisfação do seu serviço. Eles têm desejo de se verem bem formados, pois temos catequistas sem baptismo, e outros com antiga e única formação. Esses desejam voltar às origens, fazer e dizer como os primeiros missionários faziam: formar, divertir e informar. Há o desafio de catequeses comunais e pequenas comunidades já existentes e outras ainda por se fundar. Em remate, reafirmo que, em Lumbala Nguimbo, trata-se de um voltar às raízes da primeira Evangelização, senão um recomeçar, um criar com mãos vazias
noticia http://www.apostolado-angola.org/

Água em Gago Coutinho

Lumbala Nguimbo 28 Set. 2008
Os munícipes da vila de Lumbala-Nguimbo, sede municipal dos Bundas, província do Moxico, ganharam hoje, sexta-feira, um novo sistema de captação, tratamento e distribuição de água potável. O sistema de abastecimento de água foi reposto em seis meses num investimento de 15 milhões de kwanzas, no âmbito do programa de melhoria e aumento da oferta dos serviços sociais básicos ás populações. Foi construído um tanque de distribuição com capacitdade 50 mil litros, sete chafarizes e quatro lavandarias públicas, para além de colocadas torneiras domiciliares. O coordenador do grupo de acompanhamento do comité provincial do MPLA, Domingos Máquina, que inaugurou o sistema, enalteceu o empenho do governo na resolução dos principais problemas sociais que afectam as comunidades. Para ele, o consumo de água potável vai contribuir para melhoria da qualidade de vida das populações. Maria Luzia Kayawo, de 64 anos de idade, regozijou-se com o trabalho do governo na reposição da água canalizada.
noticia AngolaPress