o0o A Companhia de Artilharia 3514 foi formada/mobilizada no Regimento de Artilharia Ligeira Nº 3 em Évora no dia 13 de Setembro de 1971, fez o IAO na zona de Valverde/Mitra em Dezembro desse ano o0o Embarcou para Angola no dia 2 de Abril de 1972 (Domingo de Páscoa) num Boeing 707 dos Tams e regressou no dia 23 de Julho de 1974, após 842 dias na ZML de Angola, no subsector de Gago Coutinho, Província do Moxico o0o Rendemos a CCAÇ.3370 em Luanguinga em 11 de Abril de 1972 e fomos rendidos pela CCAÇ.4246 na Colina do Nengo em Junho de 1974. Estivemos adidos em 72/73 ao BCav.3862 e em 73/74 ao BArt.6320 oOo O efectivo da Companhia era formada por 1 Capitão Miliciano, 4 Alferes Mil, 2 1º Sargentos do QP, 15 Furriéis Mil, 44 1º Cabos, 106 Soldados, num total de 172 Homens, entre os quais 125 Continentais, 43 Cabo-Verdianos e 4 Açorianos» oOo

domingo, 24 de outubro de 2010

Relembrando o passado - (Grafanil-Sala de Espera do "Inferno")

Capela do Embondeiro no Grafanil
Ora cá estou eu outra vez de volta às andanças literárias (fracas) e, desta vez, para relembrar o que era o local, situado nos arredores de Luanda, para onde eram “despejados” como que para “aclimatação” quase todos, se não todos, aqueles a quem tinha cabido o azar de terem sido nomeados para “comissão de reforço à guarnição normal” da RMA.
À primeira, pelo nome que lhe fora dado, dava a impressão de parecer um local bucólico e campestre, com paisagens verdejantes e convidativas para se darem uns agradáveis passeios, aproveitando-se para respirar o ar puro e revigorante! Mas ao chegar-se a tal lugar, à primeira vista, apresentava um aspecto semi-solene, com um portão atravessado por uma barreira, comandada por um “operador” alojado numa cabina situada à esquerda da entrada, com uma passadeira protegida da faixa de rodagem por um varandim metálico que servia para o acesso dos peões, que deixavam na cabina pendurados num grande placard os respectivos BI, levando em troca um cartão para circulação no interior do Campo, preso às lapelas dos casacos ou qualquer outra parte, bem visível, do vestuário. De seguida, entrava-se numa grande avenida, com enormes armazéns de cada lado, cada um deles com os Depósitos de Material inerentes a uma guerra: Material de Guerra(Armamento), Material Auto, Material de Intendência e, junto a estes, as Oficinas de reparações de todos os Materiais e ainda as Secretarias e Armazéns respectivos.
Seguidamente, do lado esquerdo, encontrava-se a célebre Capela do Grafanil, endossada a uma árvore gigante, com o nome de embondeiro ou baobá, representada na foto que ilustra este “post”. A Capela era dedicada a Nª.Srª.de Fátima, cuja imagem se pode nitidamente ver no altar da referida Capela. Em frente do altar, uma ampla área rectangular, ocupada com uma bancada rústica que, aos domingos e dias 13 de cada mês, se preenchia de devotos. Do lado direito e um pouco afastado da Capela, encontrava-se uma excelente esplanada de Cinema, com “écran” para “CinemaScope”, um palco em cimento e uma plateia com bancos confortáveis, mas rústicos, pois não tinham cobertura para se protegerem das chuvas e, claro, os projectores “dernier cri” como material mais delicado, estava instalados numa cabina fechada. Havia ainda um Bar bem fornecido.
Avançava-se um pouco mais e encontrava-se a área destinada a acampamento dos militares recém-chegados, que constavam de casernas de cimento semi-alpendre, com camas de betão, onde se colocavam colchões de espuma para servirem de cama(isto para praças, pois aos sargentos davam umas barracas de madeira tipo JC, onde se fazia o serviço de Secretaria, numa parte e alojamento noutra. Os oficiais e o Comandante iam para Luanda procurar outras acomodações mais compatíveis com o seu “statu”.
Pois, meus caros camaradas, o que vou dizer agora não é, para vós, nenhuma novidade, mas apenas para dar a conhecer a outras pessoas que desconhecem estes factos: O melhor da “festa” era à noite!...Enquanto era dia, a vida desenrolava-se normalmente e sem contratempos de maior!... Sim!...Como ia dizendo, à noite, é que eram elas!...: Eram todos atacados por esquadrilhas, “nuvens” de mosquitos em tal quantidade que não se conseguia dormir e só se ouviam as “palmadas” que os indefesos militares descarregavam neles próprios ao se sentirem “picados” por aqueles atacantes nocturnos esfomeados de sangue "fresco" e, de manhã, ao olharem uns para os outros, diziam: “Olha lá! Deves estar atacado de sarampo ou varicela! ” Respondiam-lhes. Não estou! Estamos!
Resta-me acrescentar que a passagem pelo CM do Grafanil, era feita essencialmemte para dotar as Companhias ou Unidades dos materiais necessários ao cumprimento da missão que vinham cumprir. Como os militares chegavam só com o fardamento, sem armas individuais e equipamentos estes eram levantados nos Depósitos respectivos, sendo-lhes então entregues, juntamente com outros materiais complementares.
Com esta pequena história, apenas pretendi relembrar esta experiência que, para vós, “Panteras Negras” da CArt 3514, foi única e sem repetição mas, que para mim, não foi assim, pois passei três vezes por esse “Inferno”!....
Acho que vou ter de terminar este “palavreado”, pois o “post” está a ficar um bocado longo e não quero tornar-me importuno a ninguém. Assim, e terminando, envio cordiais saudações para os restantes camaradas colaboradores, para todos os elementos da família Panteras Negras e familiares e para todos os eventuais visitantes deste blogue, onde quer que se encontrem.
Para todos um abraço do camarada e Amigo,
Botelho

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Estórias d´Angola

Retirada Estratégica
No inicio de 73 a desmatação da nova via rodoviária, chegara ás margens Luati, local pouco afamado, pela actividade operacional permanente, vale estreito, mata envolvente muito cerrada, distante de tudo e de todos, onde as comunicações rádio eram difíceis de dia e à noite totalmente nulas, sujeitando-nos a ficar por nossa conta e risco até ao nascer do sol. Escolhemos um local para fazer o acampamento na orla da mata a meia encosta, na descida para o rio, já perto da ponte de madeira existente, numa zona densa com árvores de médio porte que nos protegiam do meio ambiente e do calor o dia inteiro.
O Luati era um corredor de passagem muito referenciado, com alguns trajectos utilizados pela guerrilha na infiltração de armamento e homens, entre as bases na Zâmbia e a floresta do Muié na região de Cangombe.
Face ás circunstâncias o 1º Grupo foi reforçado na altura com uma secção do 3ºGr durante algumas semanas, algum tempo depois de mudar o poiso e assentar o pó, começámos a fazer reconhecimentos diurnos na periferia á procura de chanas, picadas e trilhos de animais, apalpar o terreno envolvente, algumas das vezes com percursos na ordem dos vinte kms.
Protecção á Tecnil numa frente de trabalho
Ambientados ao meio, retomámos os raids nocturnos atrás da caça, e numa dessas saídas o imprevisto aconteceu no caminho de regresso, o condutor não sei se o Pires ou Beja, não me recordo, desacelera a Berliett e aponta para o caminho, á sarilhos, sussurra em voz baixa, olhem bem, passaram aqui os gajos á pouco tempo, havia pegadas frescas de botas da tropa, ficamos alarmados, desligamos o motor descemos e o Araújo Rodrigues de holofote em punho tenta averiguar se o tipo de rasto era similar ao do nosso calçado, parecia que sim, mas continuávamos com muito medo, havia mais de uma dezena de pegadas a toda a largura da picada, era pessoal que caminhava á vontade e sem receios, afastámo-nos da viatura, acocorados na escuridão, esperámos em silêncio e na expectativa, sem saber o que fazer de imediato, alguns longos minutos que mais pareceram horas, ouvimos por fim uma voz ecoar na noite, “Camaradas somos do Ninda, perdemo-nos, andamos á procura da picada,” depois outra voz com um sotaque genuíno “vocês sois da catorze? Nós somos do cabalo branco, carago..!!” Se dúvidas existiam, dissiparam-se com aquela inconfundível pronúncia do norte, após este grande momento de tensão e estabelecido o contacto, estalou o arraial com abraços e risos da tremedeira, o Alferes e os Furriéis de armas em bandoleira, depois de justificações, argumentos e considerandos da ordem, só queriam saber se tínhamos cerveja para dispensar ao pessoal.                                                               
Tudo para cima da Berliett a caminho do acampamento, onde nessa noite se esfolou uma cabra do mato para dar comer aquele pessoal, que só sossegaram depois de acabar a cerveja. O Saramago que estava de serviço de sentinela com a sua secção acabou fazendo as honras do bar ao Alferes Maçarico e depois dumas cervejolas bem bebidas e umas cigarradas, emprestou-lhe a tarimba por três noites. (Uma cama com colchão nestas paragens era uma dádiva caída do céu).
O Alferes Maçarico, tinha chegado há quinze dias em rendição individual à CCS do Batalhão e colocado numa Companhia em Ninda no comando deste grupo de combate, a rapaziada já tinham um ano de leste, fartos de porrada, afectados pelo cacimbo, cansados de palmilhar mata, na fase decrescente a contarem os dias um a um à espera de rodarem para Malange.
Foram lançados manhã cedo a oeste da nascente do Mucoio, numa operação de quatro dias, ao final da tarde alcançam a margem do Luati, detectam movimentações na zona com cheiro a esturro, enviesaram o objectivo rodando para leste, caminhando na orla da mata ao longo da chana do rio até encontrarem a picada Gago Coutinho, Ninda.
Nunca pensaram caminhar tantas horas, e muito menos esbarrarem com o pessoal da catorze, naquele local e àquela hora da noite, de holofote em punho aos tiros atrás das cabras e das palancas.
Á noite no convívio do jantar, sob a luz do petromax, comentava-mos com eles em dialecto castrense, a razão pela qual tinham usado, aquela retirada estratégica, retorquiam na galhofa, baldámo-nos ou melhor, pirámo-nos, vocês vão para lá aos fogachos, espantam os turras e depois querem que a gente os agarre..!! Nos dias seguintes ao romper da aurora, tomavam uma malga de leite ao pequeno-almoço e abandonavam o destacamento para o interior da mata onde passavam o dia a petiscar rações de combate, a cozinhar pistas, a inventarem azimutes e coordenadas, para enviarem ao centro de operações.
Pratulha de reconhecimento numa chana
Regressavam antes do pôr-do-sol, largavam as mochilas e zarpavam a caminho do rio para um banho refrescante, na volta tomavam uma refeição quente do nosso rancho, depois do serão, acomodavam-se no chão das tendas, debaixo da viatura e onde calhava, para descansar e dormir.
Demos-lhes asilo e tacho, durante três noites, semanas mais tarde o Alferes Maçarico passou numa coluna pelo destacamento, para deixar umas grades de cerveja como recompensa e entregar ao saudoso Saramago, um “cartão de visita”, que depois de passar á peluda, lhe abriu a porta na maior fábrica de papel da península, como tributo, pela acção espontânea e desinteressada, como era hábito na sua maneira de ser e estar na vida.
Adeus até ao meu regresso

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Noticias de Lumbala Nguimbo


 Bundas - Um bebé de duas semanas morreu hoje, carbonizado em consequência de um incêndio, no bairro Kaxito, na Vila de Lumbala-Nguimbo (Moxico), por negligência dos pais. Os progenitores da criança sofreram queimaduras graves e foram transferidos para o Hospital Provincial do Moxico, onde recebem cuidados médicos. A mãe do bebé, Matins Chipipa, reconhece a culpa e diz que o incêndio foi provocado por sua negligência por querer entornar gasolina de um recipiente para outro, daí a combustão. Testemunhas informaram à Angop que a possibilidade de extinguir o fogo e salvar o bebé foi pouca, dada a intensidade das chamas, tendo em conta o material com que foi construída a casa (adobes e tecto coberto de capim). A falta de Serviço de Bombeiros na sede municipal dos Bundas para acudir casos de género é uma necessidade levantada pelas autoridades locais. Lumbala-Nguimbo é a sede municipal dos Bundas, situada a 356 quilómetros a sul da cidade do Luena. Tem uma população estimada em 53 mil e 484 habitantes distribuídos em seis comunas, nomedamente, Luvuei, Lutembo, Mussuma, Ninda, Sessa e Chiume.
AngolaPress 

Fátima 2010 (3)

Mensagens  recebidas e lidas no convívio:
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Um grande abraço para SI.
Infelizmente este ano não poderei estar presente no nosso convívio, transmita um grande abraço a TODO PESSOAL e muita saúde para todos.
Rui Crisóstomo dos Santos
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Estimados amigos, antes de mais agradeço muito este convite e acuso muito a recepção desta estimada carta que recebi com bastante satisfação, que me deu uma grande alegria e a oportunidade de puder comunicar com todos vós depois de longos anos sem notícias. Mas este ano não é possível, não sei se vou de férias, mas nessa data não vai dar, de qualquer forma muito obrigado pela atenção. A finalizar quero enviar um grande abraço para todos os nossos colegas, até uma próxima oportunidade, sempre ao dispor.
João Pinto da Fonseca
Bourget - France
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Amigos e Companheiros
É com desagrado que informo que por motivos imprevistos não poderei estar presente no nosso encontro do próximo dia 18. Espero que tudo corra bem, com espírito de camaradagem como vivemos há 36 anos. Agradeço a todos o empenho, a dedicação e o trabalho de me terem convidado. Com a promessa de nos encontrarmos numa próxima oportunidade envio um forte e sentido abraço para todos os Artilheiros presentes e ausentes, com votos de que vos aconteça tudo de bom. Não há ninguém que ocupe, o lugar de um Pantera, mas mesmo com menos um, haverá sempre primavera.
Vosso amigo e companheiro
Fernando Pereira de Oliveira
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Outras mensagens recebidas por SMS e Tel. de alguns camaradas que por motivos vários, não puderam estar presentes fisicamente, mas que não se esqueceram de manifestar de alguma forma, com palavras de amizade e muita saúde, óptima confraternização e um grande abraço a todos os presentes:
Bernardino Candeias Careca, Daniel Venâncio do Carmo, César Soares de Castro, António Dias de Freitas, Gilberto Nunes, Hélder Ramos dos Santos, Joaquim da Cruz Pimenta, António Elísio Soares.
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Em nome desta amizade.
Camaradas, Família e Amigos.
Em nome dessa amizade, que tão bem  preservamos até aos dias de hoje, amizade construída á muito tempo nas dificuldades, na entreajuda e na solidariedade que soubemos consolidar ao longo do tempo no seio da nossa Companhia.
Em nome dessa amizade, quero aqui saudar a vossa presença, assim como de todos os familiares e amigos, neste encontro comemorativo do 36º aniversário da nossa chegada a Lisboa, na noite de 23 de Julho de 1974, após 27 longos meses no leste Angola, e relembrar com exactidão, “os 842 dias de sacrifício passados num local hostil, onde cumprimos a nossa comissão, muitas vezes em missões arriscadas, mas também em aventuras insensatas, aprendemos a lei do “desenrasca”, sofremos os traumas da guerra, as insónias do medo, sentimos a impaciência dos dias, o desespero da distância os efeitos do cacimbo, palmilhamos picadas, vivemos momentos de incerteza, vimos sofrer e morrer, perdemos os amigos  Ernesto e Ricardo, mas nós bafejados pela sorte e pelo divino, devemos dar graças a Deus por estarmos hoje aqui, confraternizando e comemorando a glória de termos regressado com saúde e algum juízo..!!
Com o passar dos anos, começámos a sentir a vontade premente de saber o que era feito deste e daquele companheiro, daquela rapaziada ao nosso lado no retrato, demos volta ao sótão a revisitar o passado, revivemos sózinhos momentos e memórias que não podíamos partilhar, recordações que só a gente sente, que só a gente compreende. Ao apelo do Parreira e do Medeiros, respondemos com uma reunião na Mealhada na companhia do António Duarte do Pereirinha e julgo que também o nosso antigo Comandante, Rui Crisóstomo dos Santos, foi o inicio deste ciclo de encontros, com o primeiro no ano de 94 em Vale da Mó-Anadia com apenas duas dezenas de participantes, entre companheiros e familiares.
Depois começou a sério, com a chegada de muitos de vós, que nunca quebraram a rede de contactos, foi uma bola de neve, com a entrada todos os anos de mais participantes, encontrados através duma dica dum companheiro, através dos TLPs, das juntas de Freguesia, na Internet e também da vontade infinita de ressuscitar muitos daqueles que o tempo rompeu os elos de comunicação com o universo da cart3514.
Foi com imensa satisfação e prazer que envolvi alguns de vós nesta campanha, e hoje não vamos deixar passar a oportunidade de dar as boas vindas, saudar e aplaudir os companheiros que pela primeira vez abraçaram este convívio, Luís Manuel Francisco Alves, Augusto José Libãneo, António Santos Oliveira, Luís Fernando Pereira Rego, José Alves Pereira Ribeiro, Luís Ferreira da Silva, Graciano Fernando Simões, os Cabo-Verdianos, Adriano Mendes Teixeira e o João António Fontes, Joaquim das Neves Tavares, José Jesus da Cruz, e por último o José da Cunha Ramalhosa, o ”Homem dos Cinco Continentes,” que viajou de tão longe, fazendo um sacrifício enorme de New Jersey nos EUA até Fátima em nome desta nobre causa que aqui nos trouxe “AMIZADE”.
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Antes de acabar queria deixar uma pequena mensagem enviada a todos nós pela família dum nosso saudoso amigo, após o seu falecimento e que alguns já conhecem pois está no nosso Blog. É um pequeno trecho que muito me sensibiliza, sempre que o leio.
«Amizades que o tempo não destrói»
em http://cart3514.blogspot.com/2009/05/amizades-que-o-tempo-nao-destroi.html
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Para terminar queria lembrar e homenagear todos os camaradas “panteras negras” que partiram na frente, mas que nunca deixarão estar presentes nestes momentos e na nossa memória colectiva. Obrigado pela atenção.
Bem ajam

domingo, 10 de outubro de 2010

Fátima 2010 (2)

Dos Açores com Amizade
Para os Camaradas da Cart.3514 presentes no convivio do passado dia 18 de Setembro 
Gostaria hoje de estar aqui para convosco celebrar com paixão e muita alegria o nosso 36º aniversário, revendo amigos, abraçando os que pela primeira vez se apresentam nestes Encontros e recordar momentos de grande prazer e comunhão que todos viveram.
Gostaria hoje de estar aqui para, neste grandioso e mítico altar de peregrinação de povos e civilizações, berço de religiosidade cristã, agradecer à Virgem de Fátima a graça que nos concedeu, pela protecção das nossas vidas e das nossas familias, do flagelo e sevícias duma guerra colonial imposta por tiranos, contra a legítima emancipação de povos, tais como nós, vergonhosamente explorados e oprimidos.
Gostaria hoje de estar aqui para, uma vez mais, manifestar o meu apreço e gratidão pelos camaradas Duarte, Gonçalves, Carrusca, Carvalho e suas familias, por serem eles o símbolo do serviço, da disponibilidade e do verdadeiro espirito de grupo, não se poupando a esforços para, de forma entusiástica, congregarem, através da organização destes Encontros, colegas e acompanhantes, a manterem sempre vivas a chama da amizade e fraternidade, denominador que de forma transversal a todos nos uniu naquela que foi a nossa façanha Africana, que pretendemos divulgá-la e transportá-la para as gerações futuras.
Gostaria hoje de estar aqui para vos recordar que manter essa chama e reescrevê-la para memória  futura, também é possivel fazê-lo através do nosso Blogue, das mensagens, da revisitação dos testemunhos de cada qual, dos comentários, das fotos, ou seja, através de uma participação activa que muitos de nós poderia, seguramente, aceitar  envolvendo-se assim num compromisso de cidadania em prol da consciência cívica.
Não é fácil manter aquele tipo de Blogue pelo “círculo vicioso” de informação - alguma reciclada - a que todos estamos sujeitos, relatando factos verídicos sim, ainda que circunscritos ao periodo de tempo em que fômos envolvidos na guerra. Daí a necessidade de cada qual contribuir com a sua estória, por mais simples que seja, para continuarmos a ter conteúdos  e substância para a sua divulgação, registo e manutenção.
Só o esforço titânico, até heroico do seu fundador e responsável, o Carvalho, e colaboração de meia dúzia de camaradas, tem sido possivel tê-lo bem vivo e presente nos nossos monitores informáticos, dando-nos noticia do reencontro de colegas, expurgando relatos e surpreendendo-nos, aqui e ali, por factos nunca dantes contados.
Gostaria hoje de estar aqui para em uníssono elevarmos o nosso espirito ao Divino e recordarmos todos os nossos camaradas falecidos, para que o seu descanso em paz, continue a alimentar a tranquilidade, a esperança e a coragem das suas familias.
Gostaria hoje de estar aqui para vos dizer  bem alto que, do coração, vos AMO a todos.
Finalmente, HOJE gostaria de estar aqui para num grito de guerra, convosco, mais uma vez e sempre gritar; VIVA A LIBERDADE!...
Um abraço fraterno para todos os meus companheiros da CART 3514 e suas familias.
Ilha do Pico/Açores,
                        18 de Setembro de 2010                       
António Soares ´

Ps - (Mensagem do António Soares transmitida no decorrer do almoço-convivio do passado mês Setembro no D.Nuno em Fátima)

domingo, 3 de outubro de 2010

Fátima 2010 (1)

Agora que o convívio deste ano já passou é tempo de fazer o balanço deste encontro que ano após ano vai aumentando o número de presenças. Comecei a preparar a festa á um ano com a reserva dum espaço de restauração para uma centena de amigos e familiares, depois recomeçámos a labuta de encontrar o maior número de camaradas, que o tempo quebrara os elos de comunicação, empenhei o meu tempo e o de alguns camaradas nesta pesquisa que acabou dando frutos, mais de uma vintena de camaradas ressuscitados, com quem reatamos as vias de comunicação, foram momentos de muita persistência mas também de muita alegria sempre que reestabelecíamos contacto telefónico, alguns próximos outros nem tanto, encontra-mos na Ilha do Fogo o David Monteiro, em Angola o Arlindo Sousa, nos EUA o Ramalhosa, em França o Pinto de Fonseca. Enviámos 76 convites, 52 presenças, 73 acompanhantes entre Familiares e Amigos, 125 no total, tivemos 11 baixas, 6 recuperados, 12 maçaricos pela primeira vez no convívio que aqui quero destacar, (António Oliveira e Augusto Libâneo do1ºGr, Cunha Ramalhosa, José da Cruz, Adriano Teixeira e Francisco Alves do 2ºGr, Graciano Simões e  José Ribeiro do 3ºGr, João Fontes e Ferreira da Silva do 4ºGr, Neves Tavares e Pereira Rego das Trms), de realçar a presença pela primeira de dois camaradas de Cabo Verde, que muito nos honrou e a promessa  de trazerem mais gente para o ano.
Na sexta-feira fui ao aeroporto de Lisboa buscar um convidado especial, o amigo e decano da companhia, Octávio Botelho vindo de S. Miguel nos Açores, ao fim da tarde recebemos um convite do Monteiro para jantar em Fátima com o Medeiros e as Esposas a que não podíamos faltar de modo algum, era meia noite estávamos a chegar a Torres Novas, na manhã seguinte novamente em Fátima dando as boas vindas á rapaziada repetente nestas andanças que tiveram alguma dificuldade em reconhecer as muitas caras novas que este ano se apresentaram pela primeira vez.
Quero agradecer a todos, que ajudaram na preparação e na participação desta nossa festa,  ás famílias e amigos que nos acompanharam,  agradecer também aos companheiros ausentes que de alguma forma se aliaram ao evento, expressando através de mensagens e palavras de incentivo a sua amizade e vontade de nos acompanhar numa próxima oportunidade. 
 
Imagem dos 52 companheiros presentes em Fátima
1ª fila-Jomi, Paulo Ribeiro, Angelo, Pereirinha, Beja, Milo, Carvalho, Carrusca, Galvão, Medeiros.
2ª fila- Cruz, Ruivo, Águas, Manuel José Oliveira, Costa Carreira, Porfirio Gonçalves, César Correia Ermandino Nunes, Botelho, Luis Ferreira da Silva, Antonio Oliveira, Gaspar, Francisco Alves.
3ª fila-Vieira, José Alves Ribeiro, Eduardo Barros, Parreirinha, Fonseca Marques, Fogeiro, Raul Sousa. Serafim Gonçalves, Augusto Libâneo, Dias Monteiro, João António Fontes, Melo.
4ª fila-  Ramalhosa, Graciano Simões, Aguiar, Nunes de Matos, António Manuel Oliveira, Emilio Pires, Victor Dinis, António Duarte,  Araujo Rodrigues, Parreira, Costa e Silva, Tavares, Fernando Rego, Conceição, Adriano Mendes Teixeira,  Santiago Duarte.