Tínhamos chegado á pouco tempo a Luanguinga, e todos, desde
o Cmdt. da companhia, aos alferes, furriéis, cabos e praças, se prestaram a colaborar, na organização de algo que
ocupasse a mente nos tempos livres, uma solução foi a pratica desportiva e o favorito era o futebol, mas também o
voleibol a sueca e outros jogos de cartas, faziam parte da actividade lúdica. Outros de forma altruísta
dedicaram-se voluntariamente ao ensino das letras e números,
na alfabetização de alguns camaradas que as vicissitudes da vida não lhe
tinham permitido o acesso à escola enquanto jovens. Uma tarde alguém comentou á minha beira, o Furriel Soares
vai formar um grupo Coral, se quiseres participar a malta vai juntar-se no
refeitório, «um barracão que servia para esse efeito» claro que queria, ainda
hoje gosto de cantar!! Mal ou bem?? Não sei!!! Mas gosto, e com 20 anos!! Cheguei!!! e lembro-me que já estavam a ensaiar
o coro, quantos...!! Não sei, cantavam bem... também não me lembro, só recordo
dos vozeirões do Botelho, e do Paulo Ribeiro. Nova canção, e fui convidado
pelo Soares a participar no coro, depois das devidas instruções, começámos a
exercitar, levantei a voz para fazer frente aqueles vozeirões, queria dar nas
vistas, excedi-me!!!
.
O exibicionismo custou-me caro, o Maestro comentou em tom
irónico. A cantar alto já cá tenho muitos, vai dar uma volta, mentia se
disse-se que na altura não tinha ficado chateado, com vergonha, porque achei
que não era motivo para ser despachado assim, mas paciência, o coral foi um sucesso, eu teria tido muito orgulho em ter participado. Pouco tempo depois, voluntariei-me para formar a Equipa das
Obras, com, o Matos do 3º Gr, o Vaz do
1ºGr, e o CHEFE???? Furriel Soares,
pensei para mim!!! Já estou "F" tramado,
mas não meus caros aqui a música era outra e os instrumentos também,
durante mais ou menos dois anos, trabalhamos, colaboramos, discordamos, mas
conversamos sempre dentro dos limites com respeito, o objectivo era comum,
trabalhar bem, nas muitas e variadas obras que fizemos para a instalação dos
serviços da Companhia, e também para o bem estar de todos os Camaradas , e
também na construção da famosa Peixaria em Gago Coutinho em que
o Mestre Soares, encarregado de obra
discutia e dava suas opiniões a outros mestres de obras já bem credenciados, a
ponto de ser-mos convidados para os acabamentos de outras obras..!!! Éramos camaradas, tornamo-nos amigos, fomos
companheiros, aventureiros a ponto de
algumas vezes arriscarmos a própria vida,
colaboramos nas mais diversas decisões e ao fim destes quarenta anos tenho
orgulho de continuar a considera-lo um
grande AMIGO, pois nem sempre quem te repreende te quer mal. Um Abraço a todos Os Panteras Negras, que espero abraçar em
Penacova, e ao Soares, um abraço especial por me ter dado a
oportunidade de hoje estar aqui a recordar esta saudosa "estória" de Amizade
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