Estórias dum sobrevivente, no outro lado da trincheira,
Alguns dos meus velhos comentadores, que se
debruçaram sobre os acontecimentos, da era colonial sobre a guerra, a vida e as
formas, afirmaram positivamente os momentos solene em que eles se encontrava. Sob
o mando do Administrador, "mais conhecido na era pelo Camuco" os cipaios
tinham um papel preponderante na captura dos rapazes que faltava nas aulas,
para ir comer a sopa nos tropa, uma vez capturados eram levados para a Administração
e os Encarregados da Educação eram punidos severamente e levado na margem do
rio Ninda, onde eram castigados durante uma hebdómada, com trabalho numa lavra
de arroz. E por outro recorda-me que havia a separação das cozinhas, isto é no quartel,
uma para os oficiais onde o cozinheiro - mor era o Sr. Mendes e não esquecendo
do Sargento de nome Ana Dias. Falando um
pouco do comércio, havia as lojas dos Comerciantes Europeus como a do Sr.
Almeida, de nacionalidade portuguesa mas residente na África do Sul, junto com
a esposa Dona Alzira mais conhecida por (Nhamundengo) que já dominava a
língua Luchazi, antes de falecer em Portugal, veio visitar a Vila de
Lumbala-Nguimbo, no ano passado onde cresceu e viveu, tinha três filhos o
Fernando, Neco e Jorge. Havia outros, o Fontes mais conhecido por (Sakurileno)
tinha a sua esposa Maneca professora e a filha dele a "Minguta" o Sr.
Pinto Martins (Chilengenha), Sr. Simões, Sr. Armindo, Sr. Afonso, havia o
restaurante do Sr. Castro onde havia entretenimento de matraquilhos e não
só, e não deixo de mencionar o Bar e a serração de madeira do Cassunha. O Padre
Agostinho e a irmã Maura da Igreja Católica e os professores da época o Sr.
Barnabé, Cândido, Emília Canhanga e outros. Não esquecendo do famoso
assassino da PIDE de nome Martins, mais
conhecido por Sr. Samiasso com o seu adjunto Tavares tinham a missão de
reprimir o povo, queimava barbaramente e fuzilava na margem do rio Ninda e
Mussuma pessoas inocentes. Luta de libertação encontrava-se fortemente instalada na Zâmbia, nomeadamente
no Sikongo no Campo de Mixaxe, com bases perto da fronteira, me recordo dos
aviões bombardeiro T6, da avioneta DO do Nordatlas, mais conhecido por
barriga de ginguba, e dos Hélios, quando partiam em missões para os destacamentos dos
guerrilheiros que se encontrava no rio Bombue no destacamento do Chicote, Luai,
Mukola, Luiu, Lucalai, Luati, Nhengo, Catoio, Canhangue e outros, por outro assistíamos os voos a levar provisão
aos soldados que se encontrava no Chiúme. O acidente do hélio quando voltava duma
missão, embater no eucalipto na aldeia do Mupiako, a escassos metros do Regedor
Nkalavanda. Acompanhávamos a construção das estradas Lumbala-Sessa-Cangamba-Luchazes
e das pistas de aviação, e as famosas Empresas de construção, JAEA e TECNIL e o
Samuwapa.
A reconstrução das vias deixada no tempo colonial para Ninda e a continuação
para o Chiúme já é uma realidade naquelas paragens.
Havia os ditos GE-Grupos Especiais e FLECHAS que constituíam um corpo de tropas
auxiliares, fundado pela PIDE, viviam ao lado do quartel e na margem do rio
Lumbala respectivamente, ajudava no âmbito da informação e como pisteiros mas
depressa as suas características fizeram deles temíveis combatentes, actuando
sempre com grande eficiência, eram tropas de intervenção temíveis, muito
conhecedores do terreno e óptimos pisteiros.
Na Vila havia a tropa Catangueses, os antigos GENDARMES do Zaire oriundos
da província do Catanga que falavam francês, até a minha avó veio a casar com
um homem desses no momento da independência de Angola, veio a parar na área do Camissombo na Lunda.
A vida era boa na altura, o gosto pelo desporto nos domingos começou a surgir
no decurso de competições entre as equipa militar, GEs e grupos dos FLECHAS
que se rivalizavam entre si na modalidade de futebol, sendo de salientar
a vinda do FC do Luso do famoso craque Chico Gordo, Séninho e Pimentel, e
o Diogo e o Careca da equipa militar local foram as estrelas da época na Vila do
Gago Coutinho. E não deixando de salientar a modalidade de FUTSAL, no ringue da escola, tudo isso coloria os cor
do fim de semana na vila dos Gago Coutinho. Numa das vezes havia a demonstração das Forças especiais de pára-quedistas e
noutra vez assistimos a um festival aéreo com acrobacias de aviões Portugueses e dos Africander, numa cerimonia que não consigo detalhar por razões de falta
de fontes credíveis.
Este teus blog, tem sido um exercício mental salutar! Hoje, já consigo conversar com gentes, quase com a nitidez de outros tempos. Porque valeu apenas partilharmos e revisitamos o passado com os amigos Portugueses que viveram aqui na antiga Vila do Gago Coutinho, actualmente Lumbala-Nguimbo. E não só partilhar este, mas também partilhar algumas fotos do então Vila, e cujas referências podem ser encontradas em anexos. Antes de terminar, quero lhe agradecer mais uma vez a todos quantos consigo têm colaborado enviando-me fotos, postais da minha Vila onde vim a nascer.
Este teus blog, tem sido um exercício mental salutar! Hoje, já consigo conversar com gentes, quase com a nitidez de outros tempos. Porque valeu apenas partilharmos e revisitamos o passado com os amigos Portugueses que viveram aqui na antiga Vila do Gago Coutinho, actualmente Lumbala-Nguimbo. E não só partilhar este, mas também partilhar algumas fotos do então Vila, e cujas referências podem ser encontradas em anexos. Antes de terminar, quero lhe agradecer mais uma vez a todos quantos consigo têm colaborado enviando-me fotos, postais da minha Vila onde vim a nascer.
Aquele abração
L. J. M.
PS: este mail foi recebido na nossa caixa de correio , remetido da antiga Vila Gago Coutinho por um Amigo que no nosso tempo tinha apenas cinco anos de idade, e que hoje através das novas tecnologias chegou até nós com estas palavras de ocasião, fazendo nos recordar vivências e momentos lá passados, contacto que iremos preservar e explorar com muito empenho.
L. J. M.
PS: este mail foi recebido na nossa caixa de correio , remetido da antiga Vila Gago Coutinho por um Amigo que no nosso tempo tinha apenas cinco anos de idade, e que hoje através das novas tecnologias chegou até nós com estas palavras de ocasião, fazendo nos recordar vivências e momentos lá passados, contacto que iremos preservar e explorar com muito empenho.
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