Caríssimos amigos da CART 3514, volto outra vez neste vosso blog para conviver convosco um passado recente, cheios de acontecimentos frescos que dá todo o paladar e todo o desenrolar da história colonial nesta Vila antes e depois da vossa retirada. A Vila de Gago Coutinho Lumbala -Nguimbo na era colonial era constituído por 14 bairros: Chinhundo, Cerâmica, Nkalavanda, Mueliula, Samacaca, Mwe-Miuango, Nhacacunde, Mwe-Macai, Mwelionde, Nhachipango, Wachiya, Caxito e o bairro de Musseque. De momento a sede Municipal tem os seguintes bairros que descriminamos: Chinhundo, Cerâmica, Nkalavanda, Miuango, Nhacacunde, Macai, Ngola Yetu, Nhachipango, Caxito, Mwe-Mbandu e Catchana. No bairro Caxito vivia elementos da etnia Umbundu provenientes da províncias do planalto central nomeadamente, Huambo e Bié, eram grandes agricultores que nos anos 1946, provavelmente cruzaram o leste à procura de uma nova vida para sobreviver, iam para mineiros nas minas de ouro na África do Sul e outros iam na Rodhésia do Norte (Zâmbia) nas fazendas de tabacos e outros nos cereais e ao voltar não conseguiram atingir a área de origem por razões óbvias, a opressão colonial e as áreas de origem havia muitas bitacaias e portaram viver aqui na vila de Gago Coutinho.
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Ponte actual sobre o Rio Luce, entre a antiga vila G. Coutinho e Ninda |
Na baixa do rio Lumbala no bairro Nkalavanda nomeadamente, havia um canal de rega, este irrigava a cintura verde onde havia pomares, onde se podia ver tipo de plantas como as laranjeiras, tangerineiras, limoeiros, goiabeiras mamoeiros e outro tipo de frutas. No decorrer deste conflito a cintura verde já não existe, tudo anda estragado a maioria dos cultivadores já são falecidos. Para os novos residentes não acreditam que esta área tinha frutas de qualidades. Conto-lhe um episódio que tenha me acontecido na idade de 5 anos, uma vez, por ter ouvido a fama de sopa, num dia desse eu acompanhei o meu irmão para o quartel onde se encontra a tropa Portuguesa, esperando a hora do almoço, infelizmente acontece um grupo dos rapazes, vulgo (Kasopeiros) numa tradução mecânica (amantes de sopa) envolveram numa confusão logo o Oficial Dia que estava de serviço tira a sua arma de fogo ameaça o grupo dos rapazes, isto para mim foi uma chega, tive que voltar para casa a correria, esta foi a primeira vez e a última entrar no quartel com esta definida missão de comer sopa.
No quartel havia alguns familiares que trabalhavam ai cito alguns nomes como por exemplo, o Sr. Miguel Montanha, Joaquim Cahiata e outros na FAP, o Sr. Manuel Livingui na cozinha, Gabriel Chissenda, Chipango, Kayeye, Kuenhe, Afonso Cahiata e outros distribuídos em vários Departamentos. Uma vez assisti um show acrobático ou o lançamento de tropa paraquedista, nascia o dia cheio de expectativas a todos os munícipes daquela era, os hélios sobrevoam e riscam o céu azul não demorou naquela tarde os paraquedas foram lançado a equipa onde se encontrava os militares destemidos daquela especialidade vinham alguns acertaram, cair no alvo ou na placa e pelo infortúnio de outros vieram cair no posto de abastecimento de água para o quartel isto é na ponte Lumbala.
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Aldeia Caliangu l junto ao Rio Luati, entre a antiga vila G. Coutinho e Ninda |
Havia momentos de festa e distracção ou show de palhaços, o ritual de circuncisão o que se chama na língua local (mukanda) onde a batucada iniciava desde das primeiras horas do dia até ao pôr-do-sol, gente de semblante recheada de alegria, e me recordo havia momento em que a tropa portuguesa por curiosidade envolvia ou assistia esta palhaçada. Havia um dia, em que um soldado português pela curiosidade queria saber ou desvendar o segredo da tradição, na peça em referência o tropa imobilizou o Liquisi (Palhaço) para se identificar para tirar a mascara que estava coberto isto criou uma maka, o referido tropa apanhou uma chuvada de surra. Epa, é tudo por hoje, muito agradecido por fazer parte deste blog, por poder compartilhar histórias e passagens de África com os meus amigos Portugueses, nomeadamente pela a dedicação a este local do leste de Angola e pelas memórias dum passado que nunca vão esquecer.
Vosso amigo - L.J.M
Vosso amigo - L.J.M