Estavamos quase no fim da comissão, talvez Fevereiro ou Março de 1974 ...! Finalmente, tinha chegado a hora de fazer os preparativos para o regresso a casa, juntar os trapinhos e a mobilia, tentar aforrar algumas economias, para trazer algumas recordações, uma mala de porão era indespensável, e só havia um local onde podia-mos adquiri-la, era na loja do senhor Anibal "O Chilanganha" como os Patricios lhe chamavam! ... Uma mala onde coubessem todas as boas recordações de dois longos anos, mas também alguns maçitos de tabaco, AC, LM, Ducados, que eram os "Difinitivos" lá do sitio, para trazer e oferecer aos meus amigos! ... Depois uns bem cheirosos after shave Old Spice, que lá eram baratinhos, fora do orçamento foi o tapete de parede que se vê na foto, ornamentado com uma paisagem da vida selvagem africana.
É esta preciosa mala, guardada religiosamente até aos dias de hoje como simbolo de um passado que não quero esquecer, lembrando todas os momentos, bons e maus daquela época que me marcaram pela positiva, num determinado aspecto, mas como não há verso sem reverso, este foi muito negativo, porque naquela idade poderiam ter sido os mais belos anos da minha vida.
Um abraço a todos os camaradas do amigo César Correia
Etiqueta de fábrica das malas de Angola Onil
A Folha de assentos da Caderneta Militar do Correia com o percurso desde a recruta, até ser mobilizado para Angola, com partida a 3 de Abril de 72 e regresso a Lisboa a 23 de Julho de 74
Eu bem disse que este César é uma "caixa" de surpresas. Até a que trouxe de Angola se encontra à vista de todos e bem conservada. Incrível!
ResponderEliminarDaqui a dias traz-nos a colher e a talocha com que trabalhou na construção da peixaria do Sr. Anibal em Gago Coutinho, o mesmo que lhe vendeu o baú e os "tesouros" que trouxe de recordação para si e os seus amigos.
Grande César!
César não vá na nas teorias do Soba Capulé com a conversa da talocha e da colher, mas o que eu lhe queria dizer, sobre essas malas bonitinhas, mas muito fraquinhas pois quando desembarquei do Navio Timor a bagagem da companhia no cais da Rocha Conde de Óbidos em Lisboa, as malas dos furrieis e dos alferes foram os alvos preferidos da "canalha fardada sem rei nem roque que reinava por cá na tropa pós revolução" que em vez de guardarem os haveres dos seus camaradas de armas, se dedicaram a coberto da noite a arrombar algumas e a pilhar algumas garrafas de whisky, mas o resto dessa história fica para a próxima.
ResponderEliminarCarvalho