Começo por recordar aqui, algumas efemérides do dia 6 de agosto, sem ordem cronológica, porque o processador do meu computador central já vai tendo as suas falhas. Vale que, às vezes, socorremo-nos da placa gráfica (fotografias) e lá vamos lembrando de algum ficheiro mal arquivado e perdido no tempo. Carago...(desculpem o palavrão, mas eu sou um homem do norte), mas não era do computador que eu queria falar e vamos mudar de agulha e colocar o comboio nos carris.Em 6 de agosto aconteceram várias efemérides, como vinha querendo dizer: Lançamento pelos americanos sobre Hiroshima da bomba atómica "Little Boy" a partir do avião B-29 "Enola Gay". Foi também noutro 6 de agosto que foi inaugurada a Ponte Salazar, hoje Ponte 25 de Abril. Estas que acabo de referir, assim como outras, foram deveras significativas, algumas delas, pela sua importância ou gravidade, contribuíram até para a mudança do curso da história. Mas mesmo com a importância que lhes acabo de reconhecer, não é dessas que eu vos vou continuar a falar. Corria, então pois, o dia 6 de agosto do ano da graça de mil novecentos e setenta e dois, e esta praça que todos vós conheceis, integrada no 4º Grupo de Combate, que felizmente nunca combateu no verdadeiro sentido da palavra, tinha feito o assalto final à colina do Nengo, isto é, tinha-se lá estabelecido tendo por missão preparar o terreno onde futuramente se instalou a sede da CART3514 - OS PANTERAS NEGRAS.
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Colina do Nengo (Pareço,sem ofensa para os bravos de Ivo Jima, um dos heróis da batalha do Monte Suribachi). |
Tínhamos feito as queimadas. Uma máquina da TECNIL já tinha rasgado a picada de acesso ao cimo da colina, devastado a vegetação que tínhamos queimado, feito a terraplanagem e as barreiras de proteção, por forma a que esta tropa fandanga pudesse, com alguma segurança, montar o seu bivaque. Nessa manhã, muito cedo, cerca das cinco horas, passou na picada de Gago Coutinho/ Ninda uma coluna de pessoal do BCAV3862 - CAVALO BRANCO, que antes de passar a chana em direção a Ninda, puseram a sua "maquinaria pesada" a trabalhar a fazer uma limpeza das imediações da picada que continuava para além da chana. Como ainda ali tínhamos chegado há uma semana e o sítio não era nada afamado em termos de vizinhança ou de visitas inusitadas, apanhamos um grande “cagaço”. Mas dia que começa mal bem acaba. Nesse dia, a minha secção tinha que dar proteção ao prospector de pedra, coisa rara no leste, que era utilizada na base das estradas e na confeção da camada betuminosa final. A missão iria-se desenvolver na margem direita do rio Nengo da ponte para montante. Cerca das 10.00 horas da manhã chega o senhor prospector, que não era nem mais nem menos que o MENDONÇA da "JAEA" (Junta Autónoma das Estradas de Angola). A figura mais carismática e simbólica que eu encontrei em todo o leste de Angola. Segundo ele era o "preto mais branco ou o branco mais preto" de Angola. Isso devia-se ao facto de viver por ali há cerca de vinte anos, conviver e ser bastante respeitado pelos nativos e nunca ter tido problemas com as nossas tropas ou o IN. Deslocava-se para qualquer lado pelas picadas no seu jipe Land Rover a qualquer hora do dia ou da noite, acompanhado das suas boas garrafas de uísque e das famosas grades de cerveja, que funcionavam única e exclusivamente como sais de fruto, quando o índice "sangue no álcool" assim o exigisse ou aconselhava. A missão, decorreu dentro da normalidade, tendo-se nesse primeiro dia já encontrado vestígios de granito que vieram a ser estudados com mais minuciosidade e atenção nos dias seguintes. O achado foi profícuo vindo mais tarde ali a ser instalada a Pedreira do Nengo, a nossa melhor Estância de Repouso. No final do dia, regressamos ao acampamento e o Mendonça, foi convidado a jantar connosco e a partir desse momento eu passei por uma "grande aventura", que vos vou contar para encerrar este "post" que já vai muito longo. Mas como, ultimamente, tenho cá postado pouca coisa peço que me perdoem e aturem por mais umas linhas. Bem no fim de jantar, já que tínhamos convidados e como mandam as normas da hospitalidade e boa educação, puxamos do fundo da mala as nossas "bazucas" próprias para a ocasião e em cima da mesa apareceram garrafas de Uísque, de Bagaço, de licor Tia Maria e de Glayva. Mas o grande mal, foi que este doping era tomado em forma de cocktails com doses mais ou menos iguais, em copos de inox (aqueles que se usavam na tropa com mais ou menos 1/4 de litro). Eu apesar da distância no tempo não quero identificar os outros contendores desta refrega copófonica, mas garanto-vos que eu era um principiante desta modalidade. Todavia tinha na minha frente já corredores de fundo para não falar no Mendonça que já era um maratonista. Foi tão grande a bebedeira, que eu nunca me recordei como fui para a cama nessa noite. No outro dia quando acordei, ainda não coordenava bem os movimentos, mas ainda me recordo do amigo Maurício Ribeiro me levar para junto do rio e pedir para ligarem a moto-bomba de abastecimento das cisternas dos camiões e eu sentadinho num banco depois de dez minutos de água repuxada a cair-me na cabeça recuperei da ressaca e fiquei fresco e aprumado como um sargento deve estar.
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Assim foi o meu batismo de fogo nesta modalidade que só pratiquei por aquelas bandas e que felizmente não me deixou qualquer tipo de sequela. Por hoje termino, o que já havia de ter feito há muito tempo, mas as palavras são como as cerejas. Cordiais saudações para o "Blogmaster" e todos os outros colaboradores. Quero aqui também recordar todos aqueles nossos camaradas que já não fazem parte da nossa dimensão, mas que permanecerão para sempre na nossa memória. A todos os elementos da CART3514, a toda a família - OS PANTERAS NEGRAS - um forte abraço e até breve em ÉVORA.
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Colina do Nengo (O sorriso de boa disposição deve ser a resposta a alguma piada, sobre a coppofonia) |
Manel de facto não foi fácil tomar a Colina do Nengo, dificil foi contrui-la e mantê-la activa durante dois anos, e para nossa memória, passado quarenta anos ainda lá existem, no meio daquela imensa mata, vestigios bem visíveis da nossa pegada, naquela base de latrite, que tantas vezes calcorreamos de um a outro lado.
ResponderEliminarSem dúvida nenhuma. Tens toda a razão. Mas o parto, e este até foi prematuro, é sempre, dizem as senhoras, um ato doloroso..
Eliminarsou o filho do mendonça da jaea estive com ele no lutembo conheci o ernesto da silva gomes da 3370 morreu afogado no rio depois de um jogo de fotebol pas a sua alma um abraço rui mendonça
ResponderEliminarRui, então onde resides, qual é o teu Mail, conhecemos muito bem o teu Pai, o Ernesto era da 3514, a 3370 foi a companhia que rendemos em luanguinga, se voltares aqui o nosso Mail é cart3514@gmail.com abraço
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