o0o A Companhia de Artilharia 3514 foi formada/mobilizada no Regimento de Artilharia Ligeira Nº 3 em Évora no dia 13 de Setembro de 1971, fez o IAO na zona de Valverde/Mitra em Dezembro desse ano o0o Embarcou para Angola no dia 2 de Abril de 1972 (Domingo de Páscoa) num Boeing 707 dos Tams e regressou no dia 23 de Julho de 1974, após 842 dias na ZML de Angola, no subsector de Gago Coutinho, Província do Moxico o0o Rendemos a CCAÇ.3370 em Luanguinga em 11 de Abril de 1972 e fomos rendidos pela CCAÇ.4246 na Colina do Nengo em Junho de 1974. Estivemos adidos em 72/73 ao BCav.3862 e em 73/74 ao BArt.6320 oOo O efectivo da Companhia era formada por 1 Capitão Miliciano, 4 Alferes Mil, 2 1º Sargentos do QP, 15 Furriéis Mil, 44 1º Cabos, 106 Soldados, num total de 172 Homens, entre os quais 125 Continentais, 43 Cabo-Verdianos e 4 Açorianos» oOo

terça-feira, 27 de abril de 2010

O Mucoi e o TSF

Os Nossos Primeiros Cães
Melo e Carvalho com o TSF e o Mucoi
Quando chegamos a Luanguinga em Abril de 72 recebemos de herança estes dois cães deixados pela Ccaç.3370, o Mucoi e o TSF, dois belos animais de pelagem castanho claro, porte médio, raça “Leão da Rodésia” eram animais extraordinários, grande resistência, plenamente adaptados ao clima e ao terreno, muito independentes, territoriais e valentes, enfrentavam qualquer animal, pouco dóceis e muito agressivos com os civis indígenas, apenas um senão, não sinalizavam o perigo pois raramente ladravam, só rosnavam.
Criados no meio da tropa eram pouco obedientes, mas nos destacamentos davam caça tudo, ratos, cobras e escorpiões, não havia bicharada que entrasse pela calada da noite. Os pelotões que estavam nos sub-destacamentos, disputavam a posse dos animais, mas era difícil mantêlos, andavam sempre de um lado para o outro em cima das berlietts e ficavam onde queriam, era difícil controlá-los e algumas vezes fizeram uma dezena ou mais de kms dum destacamento ao outro estrada fora.

Mucoi
No inicio da comissão estiveram uma temporada no Lumbango com o 1º Grupo, depois da mudança para o Rio Mussuma, e já com alguns meses de comissão começamos a sair á noite para caçar de holofote em punho, soubemos das vantagens em levar os cães, aprendemos bastante acerca deste magníficos animais, sempre que o tiro errava o alvo, ficavam em cima da viatura seguindo o foco da luz, no inicio perante a sua pseudo-passividade, muitas vezes os empurramos da viatura, borda fora, para os obrigar a procurar o animal supostamente atingido, na escuridão da mata, o cabo Correia até chegou a sugerir uma dieta forçada aos rafeiros em dia de caça, afirmando que ninguém com a pança cheia gosta de trabalhar. Era raro a caça de pequeno e médio porte, morrer no local do impacto, depois de ferida fugia mata dentro, até cair ou ficar escondida a coberto da luz, no caso das cabras das seixas e também as palancas, quando não eram feridas mortalmente. Sempre que um animal era atingido, os cães saltavam de imediato em busca da peça alvejada, nunca soubemos ao certo o porquê da razão, talvez odores a sangue ou gemidos inaudiveis ao ouvido humano, mas que os cães supostamente detectavam.

Carvalho o TSF e uma "piton"
Uma noite demos um tiro a vinte metros numa seixa, caiu redondinha e os cães não saíram, fomos buscar o animal e reparamos que não tinha um único aranhão, nunca soubemos como morreu. Estes nobres cães não acompanharam a companhia até ao final, ficaram a meio do percurso, sentimos algumas mágoas e ressentimentos pelo seu desaparecimento prematuro, pois tínhamos habituado á sua companhia e segurança.
Ainda hoje recordo a excitação dos cães e as correrias que presenciei, quando o Pires ou o Beja começavam a montar o holofote na berliett e o pessoal a preparar as armas para sair a caçar após o jantar e a equipar-se com agasalhos quentes, camuflado e poncho, para vencer o frio naquelas noites geladas na época do cacimbo.
O TSF foi abatido numa noite de caça por engano, quando se abeiraram da bissapa, (arbustos) gritaram estão aqui duas cabras mortas..!! Uma delas, era o cão, tinha sido caçado, confundido com uma cabra, e o Mucoi levou o mesmo caminho, desapareceu também numa saída noturna, depois de termos atirado sobre uma onça, o cão saíu no seu encalce mata dentro, escura como breu, esperamos e desesperamos, e já madrugada regressamos, pouco convencidos que voltaria e o Mucoi nunca mais regressou.
Mais informação sobre cães de raça "Leão da Rodézia"    http://www.portalnet.net/petcenter/racas/racas_rhodesian.htm 

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