De César Correia
Era habitual, a rapaziada naqueles tempos comemorar o aniversário ou celebrar alguma data especial com um petisco, e ás vezes de confecção muito simples, uma boa lata de atum, salpicado de cebola, bem temperado e regado com uns canecos de vinho tinto, ou branco, quando o havia…! O Vieira, ou o Diogo desenrascavam muitas vezes a situação, porque nem sempre havia dinheiro para as Nocais, quando mais para os acepipes, mas a festa nunca deixava de se fazer. Eu e o Matos, com “residência fixa” habitualmente no Nengo, fomos algumas vezes convidados para outros eventos, e nunca vou esquecer o melhor pitéu em que participei, polvo seco confeccionado á Algarvia, que um dos condutores recebeu por encomenda lá das bandas de Sagres, não me lembro qual deles, mas desse polvo eu jamais vou esquecer.
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Mais tarde o Matos lembrou-se de retribuir esses petiscos, e pediu para lhe despacharem da santa terrinha por correio, se fosse possível, uma chouriças do fumeiro do Sogro, para celebrar com os companheiros o dia de anos do Filho, a Esposa depois de todas as de marches, respondeu que a encomenda estava a caminho, chegava o correio e nada, passou uma semana, segunda semana, e enchidos nem cheirá-los, até que uns dias depois, de termos festejado os anos do Puto, chegou a malparada encomenda.
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O Matos abriu o pacote e ao ver o estado e o aspecto dos enchidos cobertos de bolor, foi direito á barreira e atirou o pacote para o mato, o Matos nem queria acreditar, ficou pior que estragado, a rebentar de raiva. Chamei o David Vaz e disse-lhe, vamos pregar uma partida ao gajo, saltamos a barreira e fomos buscar o dito embrulho com as tês chouriças, lavei-as e limpei-as, pedi ao Escaleira um pouco de azeite, esfreguei-as, ficaram como se estivessem a sair do fumeiro. À noite convidamos o Matos para o petisco, assámos uma, e estava tão apetitosa que o Matos até a comparou com as do Sogro, então mostrámos as outras e dissemos-lhe, claro que são do teu sogro, olhou para elas e começou a chorar, tentámos confortá-lo dizendo-lhe que aquilo foi de virem muito tempo fechadas etc, etc. Depois mais calmo, religiosamente como todos os dias, pegou no bloco e foi escrever á sua Mulher. Num dos nossos convívios anuais, contei a história á Esposa e ela disse-me, César o dinheiro era tão pouco que despachar uma encomenda por avião era uma fortuna, motivo porque a enviei de barco, deixe lá, tudo acabou bem, era uma maravilha olhar para o Matos, e ver a satisfação com que ele comia as chouriças enviadas pela sua querida Mulher.
Era habitual, a rapaziada naqueles tempos comemorar o aniversário ou celebrar alguma data especial com um petisco, e ás vezes de confecção muito simples, uma boa lata de atum, salpicado de cebola, bem temperado e regado com uns canecos de vinho tinto, ou branco, quando o havia…! O Vieira, ou o Diogo desenrascavam muitas vezes a situação, porque nem sempre havia dinheiro para as Nocais, quando mais para os acepipes, mas a festa nunca deixava de se fazer. Eu e o Matos, com “residência fixa” habitualmente no Nengo, fomos algumas vezes convidados para outros eventos, e nunca vou esquecer o melhor pitéu em que participei, polvo seco confeccionado á Algarvia, que um dos condutores recebeu por encomenda lá das bandas de Sagres, não me lembro qual deles, mas desse polvo eu jamais vou esquecer.
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Colina do Nengo 1973 - César, Mininos e Júlio Norte |
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Colina do Nengo 1972 - Matos e César Correia |
Um abraço a todos os camaradas, e ás netas do Matos um beijinho.
César Correia,
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