Não reconheci o Rio Luati nestas fotos, está muito diferente, a mata bordejava a chana em toda a sua extensão, o regresso das populações às suas zonas de origem, alteraram profundamente a paisagem que conhecemos na época, o arranque de arvores para combustível e construção dos novos kimbos e palhotas, a necessidade de novos terrenos de cultura na envolvente dos rios, empurraram a mata encosta acima.
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O Rio Luati foi e será sempre, um lugar de memórias na nossa passagem pelo leste de Angola, muitas estórias em redor deste local, onde as comunicações via rádio não funcionavam do pôr ao nascer do sol, e numa noite em Outubro de 73 um velho leão assaltou o destacamento para saborear uma parca refeição, um cachorro de poucos meses, abocanhado junto às pernas do nosso sentinela.
Ponte do Luati |
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Foi também bem perto da ponte, deste local de má reputação, que em Julho de 73 fomos baptizados, ao accionamos uma mina anti-carro com a berliett que provocou 2 feridos ligeiros e a viatura para a sucata, foi também aqui, junto à ponte, que num final de tarde com a luz no ocaso, o pessoal do 3º pelotão viu a menos de duzentos metros um grupo de guerrilheiros, caminhar ao longo da orla da mata em direcção à Zambia.
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Kimbos do Luati |
Em finais de Novembro uma grande emboscada, junto à chana do Mucoio à coluna do Batalhão quando ao pôr do sol regressava do Chiúme com uma companhia de Catangueses provocando dois mortos e vários feridos. Hoje apraz-nos saber, conforme noticias do nosso amigo que é um local de paz onde a vida prossegue livremente ao ritmo de antigamente, apesar do progresso das vias de comunicação.
Adeus até ao meu regresso
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