Hoje vou falar de mim
Estávamos no início dos anos 70 quando fui intimado a comparecer na Junta de Freguesia da minha área de residência a fim de fazer o meu Recenseamento Militar. Depois do acto foi me comunicado que devia consultar os editais afixados entre vinte e trinta de Maio desse ano, afim de saber o dia e a hora em que deveria apresentar-me à Junta de Recrutamento.
No dia 15 de Junho de 70 fui à Inspecção, depois de medido e pesado as perguntas da praxe, alguma anomalia física, visual, ou outra…? O troar do carimbo «apurado» sobre a Cédula de Recenseamento, excluía logo á prior o direito de resposta, estava condenado a vestir a farda, e pior ainda, candidato a dois ou mais anos de desterro em África, com bilhete de ida, porque o de volta era uma incógnita, que só o poder divino..!
A inspecção não passava de um mero acto de circunstância, pois raro era o jovem que escapava na altura ao veredicto «Apurado para todo o serviço militar», alguns com insuficiências de ordem física, visual ou padecendo de outras anomalia, tudo servia, tudo encaixava no puzzle politico de então, alimentar a guerra colonial. Dos vinte e tal mancebos nascidos em 50 que constituíam a ”Rapaziada das minhas sortes” nenhum escapou, foram todos apurados para o serviço militar.
Depois como era hábito na época, o ritual da praxe com o “Baile das Sortes”, um almoço de confraternização e para terminar a folia, a tradicional visita á "casa das bonecas", antes que algum morresse virgem...!!
Na manhã do dia 12 Janeiro 1971, fiz a primeira de muitas viagens, contrariado quanto basta até ás Caldas da Rainha, na companhia de dois amigos recrutas como eu, apresentei-me no Reg. de Infantaria 5 onde assentei praça como instruendo no CSM.
Não foi fácil a adaptação nos primeiros dias, o aprumo, a instrução, duches de água fria, a alimentação, o quero posso e mando, as ameaças constantes, os castigos por tudo e por nada com exercícios físicos, tudo era intimidante, mas com a rotina e o tempo tudo se molda e eu não fugi á regra, e hoje penso, que a vida militar em certos aspectos ajudou na emancipação, no respeito mutuo, no companheirismo e na forma de encarar a vida.
Criei grandes amizades na tropa, especialmente com os camaradas que me acompanharam em Angola, de entre eles o saudoso António José Carrilho que conheci no RI5, no segundo dia de tropa, onde era colega de pelotão, depois somos colocados no CISMI em Tavira, voltamos a encontrar-nos na mesma companhia e pelotão, em Junho no final da especialidade o Carrilho vai para EPI em Mafra e eu para RI15 em Tomar, no final de Setembro volto a encontrá-lo em Évora no Ral3, ambos mobilizados na Cart3514, até ao final da carreira militar, incluindo a comissão em Angola, de onde voltámos em Julho de 1974 á vida civil.
No RI5 fui recruta na 1ª Companhia sob o comando do Cap. Repolho, fazia parte do 3º Pelotão com um efectivo de 43 homens, a instrução a cargo do Asp. Mil F. Azarujinha e do 1ºCabo Mil. Sérgio Carrinho hoje presidente da C. M. Chamusca, era ajudante de campo do Major de Instrução o Ten. Mil. António José Conceição Oliveira mais conhecido por “Toni” ex-futebolista do S.L.Benfica, hoje treinador de futebol.
Estávamos no início dos anos 70 quando fui intimado a comparecer na Junta de Freguesia da minha área de residência a fim de fazer o meu Recenseamento Militar. Depois do acto foi me comunicado que devia consultar os editais afixados entre vinte e trinta de Maio desse ano, afim de saber o dia e a hora em que deveria apresentar-me à Junta de Recrutamento.
No dia 15 de Junho de 70 fui à Inspecção, depois de medido e pesado as perguntas da praxe, alguma anomalia física, visual, ou outra…? O troar do carimbo «apurado» sobre a Cédula de Recenseamento, excluía logo á prior o direito de resposta, estava condenado a vestir a farda, e pior ainda, candidato a dois ou mais anos de desterro em África, com bilhete de ida, porque o de volta era uma incógnita, que só o poder divino..!
A inspecção não passava de um mero acto de circunstância, pois raro era o jovem que escapava na altura ao veredicto «Apurado para todo o serviço militar», alguns com insuficiências de ordem física, visual ou padecendo de outras anomalia, tudo servia, tudo encaixava no puzzle politico de então, alimentar a guerra colonial. Dos vinte e tal mancebos nascidos em 50 que constituíam a ”Rapaziada das minhas sortes” nenhum escapou, foram todos apurados para o serviço militar.
Depois como era hábito na época, o ritual da praxe com o “Baile das Sortes”, um almoço de confraternização e para terminar a folia, a tradicional visita á "casa das bonecas", antes que algum morresse virgem...!!
Na manhã do dia 12 Janeiro 1971, fiz a primeira de muitas viagens, contrariado quanto basta até ás Caldas da Rainha, na companhia de dois amigos recrutas como eu, apresentei-me no Reg. de Infantaria 5 onde assentei praça como instruendo no CSM.
Não foi fácil a adaptação nos primeiros dias, o aprumo, a instrução, duches de água fria, a alimentação, o quero posso e mando, as ameaças constantes, os castigos por tudo e por nada com exercícios físicos, tudo era intimidante, mas com a rotina e o tempo tudo se molda e eu não fugi á regra, e hoje penso, que a vida militar em certos aspectos ajudou na emancipação, no respeito mutuo, no companheirismo e na forma de encarar a vida.
Criei grandes amizades na tropa, especialmente com os camaradas que me acompanharam em Angola, de entre eles o saudoso António José Carrilho que conheci no RI5, no segundo dia de tropa, onde era colega de pelotão, depois somos colocados no CISMI em Tavira, voltamos a encontrar-nos na mesma companhia e pelotão, em Junho no final da especialidade o Carrilho vai para EPI em Mafra e eu para RI15 em Tomar, no final de Setembro volto a encontrá-lo em Évora no Ral3, ambos mobilizados na Cart3514, até ao final da carreira militar, incluindo a comissão em Angola, de onde voltámos em Julho de 1974 á vida civil.
No RI5 fui recruta na 1ª Companhia sob o comando do Cap. Repolho, fazia parte do 3º Pelotão com um efectivo de 43 homens, a instrução a cargo do Asp. Mil F. Azarujinha e do 1ºCabo Mil. Sérgio Carrinho hoje presidente da C. M. Chamusca, era ajudante de campo do Major de Instrução o Ten. Mil. António José Conceição Oliveira mais conhecido por “Toni” ex-futebolista do S.L.Benfica, hoje treinador de futebol.
Caro Carvalho:
ResponderEliminarAgora, sim!... Começaste a tua "história" militar pelos "alicerces"!... Meu amigo, é e foi a de todos nós, incluíndo a minha!... Mas é bem verdade... Para nós, individualmente, é "única", "pessoal" e "intransmissível" como os passes da CP!... E, na verdade, apesar de ter sido um ritual que, quem por ele não passasse, correria o risco de não ser considerado "homem", é uma história igual para todos,mas, volto a repetir, inigualável entre todas as outras!... Era um "Cabo Tormentoso" que todos teriam de passar, com mais ou menos "stress" ou "trauma". Para alguns uma "aventura", para outros um autêntico "quebra-queixos"!... Enfim!... Contigências da vida que, muitas vezes causaram prejuízos irreparáveis em muitaS vidas mas, que, por outro lado, também para alguns se revelou "benéfica", pois que abriu a possibilidade se aprenderem sentimentos e qualidades como "camaradagem", "solidariedade","responsabilidade", "sentido de dever","iniciativa" e até "desenrascanço"!...
Enfim!... Tudo se passou em bem e hoje resta talvez, uma nostalgia, que como digo, não propriamente da situação vivida em si, mas daquele tempo em que tinhamos uma capacidade de sonho infindável e em que nos sentíamos capazes de enfrentar o que todos enfrentámos com maior ou menor paciência e estoicismo! Eenfim uma época que nos marcou com marcas indeléveis e que jamais se apagarão, por muitos banhos que tomemos!...
Não quero ir mais além, pois é já tarde!
Apresento cordiais saudações para todos os editores do blogue com um especial abraço de camaradagem do amigo,
Botelho