
De Octávio Botelho
A fim de dar sinal de vida, voltei à carga com a finalidade de contar uma história ocorrida durante a minha última Comissão de serviço nas ex-colónias portuguesas e que foi a que cumpri em vossa companhia na nossa CArt 3514.
A história que vou contar não necessita, em meu entender, de autorização dos intervenientes nela, porquanto um deles sou eu próprio e o outro foi e é ainda hoje, espero, um amigo que, embora não sendo, na altura do acontecimento da minha categoria hierárquica, não havia, da minha parte, quaisquer pretensões de dar aos ombros e mostrar as divisas!... Foi sempre minha “divisa”, nunca mostrar as divisas do meu posto para conseguir os meus fins e, deve dizer-se a verdade: Nunca, durante a minha razoavelmente longa vida militar, tive qualquer problema, por mais pequeno que fosse, com qualquer dos meus subordinados ou inferiores. E digo-o, porque a maior parte da minha ocupação durante os interregnos da minhas três comissões, sempre ocupei lugares de chefia em Secretarias e outras repartições em que tinha à minha responsabilidade bastantes subordinados e devo dizer, não querendo evidenciar as minhas excelentes qualidades de chefia, que nos demos sempre como Deus e os Anjos!... Mas isto agora não interessa para a história que vou contar e também porque não quero que pensem: “Ora!... Cá vem este, armado em bombeiro (quero dizer mais que bom), a vender o “peixe” dele!...
Em vista disso, vamos à história: Em data que me já não recordo, estávamos nós, aquartelados no acampamento do Luanguinga que era a sede da CArt 3514. Tínhamos um Destacamento no Lutembo, um outro também já me não lembro, tendo ficado na sede um GC ou dois, com o Comando. Dum desses GC, fazia parte o 1º. Cabo Socorrista António Elísio Soares que era muito amigo do Escriturário Carrusca e estava sempre pela secretaria, onde, quando tinha uma vaga se punha escrever à máquina correspondências suas, alguns serviços burocráticos da Secção Sanitária e que também, em alturas de aperto, dava uma “mão” ao Carrusca quando o serviço apertava!... Nessa altura o 1º.Torres já estava fora da CArt pois logo de início arranjou uma maleita psicológica e foi a uma consulta de psiquiatria ao HML e fiquei eu a responder no lugar dele.
Sucedeu em determinado dia, parece-me que num fim de semana, em que não trabalhávamos na secretaria, mas íamos para lá fazer um pouco de sala, com um rádio e estávamos lá entretidos, o nosso amigo Elísio Soares tinha entre mãos um qualquer serviço particular para fazer, pediu-me para lá ficar para o fazer, mas como me encontrasse um pouco indisposto, resolvi fechar a Secretaria e ir encostar-me um pouco para a cama até à hora do jantar e neguei-lhe a permanência no local!... Ele insistiu e eu voltei a negar-lhe o que me pedia. Não era por desconfiar dele, mas as coisas estavam lá um tanto ou quanto confusas, pois o Torres tinha deixado aquilo um bocado desordenado e eu estava aborrecido por causa disso e, contra o meu feitio, neguei-lhe novamente a estadia na Secretaria!... Em face disso, o nosso amigo Soares, tomando uma atitude de um declamador dramático, de braço direito estendido e com aquele seu timbre de voz estentórea, sai-se com esta tirada: “Vai, mísero cavalo lazarento!...” e sai pela porta fora da secretaria, não sei para que destino…
Fiquei siderado com aquela tirada, mas não ressentido ou magoado. Mas ainda hoje me pergunto a quem ele teria chamado “mísero cavalo lazarento”!... Se a mim ou a ele?
Mas agora já é tarde para sabê-lo e também não tem, nem teve nem terá qualquer
importância!...
Vou terminar esta já longa palestra, dizendo ao António Elísio que não guardo qualquer ressentimento, se por ventura o titulo de “mísero cavalo lazarento se referia a mim!... Agora vou mesmo findar, enviando cordiais saudações aos colaboradores do Blog e também para os visitantes do mesmo, com um abraço muito grande para todos, do amigo
Botelho
A fim de dar sinal de vida, voltei à carga com a finalidade de contar uma história ocorrida durante a minha última Comissão de serviço nas ex-colónias portuguesas e que foi a que cumpri em vossa companhia na nossa CArt 3514.
A história que vou contar não necessita, em meu entender, de autorização dos intervenientes nela, porquanto um deles sou eu próprio e o outro foi e é ainda hoje, espero, um amigo que, embora não sendo, na altura do acontecimento da minha categoria hierárquica, não havia, da minha parte, quaisquer pretensões de dar aos ombros e mostrar as divisas!... Foi sempre minha “divisa”, nunca mostrar as divisas do meu posto para conseguir os meus fins e, deve dizer-se a verdade: Nunca, durante a minha razoavelmente longa vida militar, tive qualquer problema, por mais pequeno que fosse, com qualquer dos meus subordinados ou inferiores. E digo-o, porque a maior parte da minha ocupação durante os interregnos da minhas três comissões, sempre ocupei lugares de chefia em Secretarias e outras repartições em que tinha à minha responsabilidade bastantes subordinados e devo dizer, não querendo evidenciar as minhas excelentes qualidades de chefia, que nos demos sempre como Deus e os Anjos!... Mas isto agora não interessa para a história que vou contar e também porque não quero que pensem: “Ora!... Cá vem este, armado em bombeiro (quero dizer mais que bom), a vender o “peixe” dele!...
Em vista disso, vamos à história: Em data que me já não recordo, estávamos nós, aquartelados no acampamento do Luanguinga que era a sede da CArt 3514. Tínhamos um Destacamento no Lutembo, um outro também já me não lembro, tendo ficado na sede um GC ou dois, com o Comando. Dum desses GC, fazia parte o 1º. Cabo Socorrista António Elísio Soares que era muito amigo do Escriturário Carrusca e estava sempre pela secretaria, onde, quando tinha uma vaga se punha escrever à máquina correspondências suas, alguns serviços burocráticos da Secção Sanitária e que também, em alturas de aperto, dava uma “mão” ao Carrusca quando o serviço apertava!... Nessa altura o 1º.Torres já estava fora da CArt pois logo de início arranjou uma maleita psicológica e foi a uma consulta de psiquiatria ao HML e fiquei eu a responder no lugar dele.
Sucedeu em determinado dia, parece-me que num fim de semana, em que não trabalhávamos na secretaria, mas íamos para lá fazer um pouco de sala, com um rádio e estávamos lá entretidos, o nosso amigo Elísio Soares tinha entre mãos um qualquer serviço particular para fazer, pediu-me para lá ficar para o fazer, mas como me encontrasse um pouco indisposto, resolvi fechar a Secretaria e ir encostar-me um pouco para a cama até à hora do jantar e neguei-lhe a permanência no local!... Ele insistiu e eu voltei a negar-lhe o que me pedia. Não era por desconfiar dele, mas as coisas estavam lá um tanto ou quanto confusas, pois o Torres tinha deixado aquilo um bocado desordenado e eu estava aborrecido por causa disso e, contra o meu feitio, neguei-lhe novamente a estadia na Secretaria!... Em face disso, o nosso amigo Soares, tomando uma atitude de um declamador dramático, de braço direito estendido e com aquele seu timbre de voz estentórea, sai-se com esta tirada: “Vai, mísero cavalo lazarento!...” e sai pela porta fora da secretaria, não sei para que destino…
Fiquei siderado com aquela tirada, mas não ressentido ou magoado. Mas ainda hoje me pergunto a quem ele teria chamado “mísero cavalo lazarento”!... Se a mim ou a ele?
Mas agora já é tarde para sabê-lo e também não tem, nem teve nem terá qualquer
importância!...
Vou terminar esta já longa palestra, dizendo ao António Elísio que não guardo qualquer ressentimento, se por ventura o titulo de “mísero cavalo lazarento se referia a mim!... Agora vou mesmo findar, enviando cordiais saudações aos colaboradores do Blog e também para os visitantes do mesmo, com um abraço muito grande para todos, do amigo
Botelho
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