Nas férias de 73 acompanhei o Luis, de G. Coutinho no leste de Angola até Lisboa, numa viagem que jamais esquecerei, tantas foram as peripécias ao longo do percurso, a começar no voo semi-clandestino a bordo do Nordatlas até ao Luso via Cazombo, a viagem de comboio, em primeira classe com bilhete de segunda até Nova Lisboa, depois no QG em Luanda, com a cabeleira pelos ombros, foi recambiado para o barbeiro pelo Cap. na secretaria do comando, situações já aqui narradas.
No dia da partida para Lisboa, fomos jantar á ilha, ou á restinga, de boleia no carro do Lehnan com uns Amigos de Évora, era sábado havia muito movimento no final do repasto, atrasados e em cima da hora de embarque, partimos em alta velocidade a caminho do aeroporto, no largo da Maianga entrámos em despiste, provocando um acidente com um motociclista, ficaram a contas com a policia e a nós valeu a boa vontade de um taxista, que conduziu uma dezena de metros por cima do passeio, para sair daquela embrulhada, evitando que ficasse-mos em terra naquela noite.
Com Lisboa aos nossos pés e para acabar em beleza, uma embalagem de água-de-colónia, “surripiada” no wc, entornou debaixo do nosso banco, quando abandonávamos o avião, a hospedeira com ar de gozo, perguntou se tínhamos tomado banho com lavanda. A viagem não tinha deixado muitas saudades, julgava eu que na volta, as coisas corressem normalmente, mas estava redondamente enganado. Depois de quatro semanas no aconchego da família e amigos, chega o maldito dia, de mais um “adeus até ao meu regresso” , apanhei o comboio depois de almoço, encontrei-me ao fim da tarde com o Luis no Marquês de Pombal, para levantar-mos “o passe de regresso” na agência de viagens, e logo ali as coisas não começaram bem, chateou-me a corneta, para meter na minha mala um embrulho em papel de merceeiro que trazia debaixo do braço, era leve mas volumoso, acabei por ceder, o gajo viajava sempre á Lisboa, com aquela pequena mala de fim de semana, onde mal cabiam três mudas de roupa e eu num contraste total, com aquele malão XXL, bem á moda da província.
Com Lisboa aos nossos pés e para acabar em beleza, uma embalagem de água-de-colónia, “surripiada” no wc, entornou debaixo do nosso banco, quando abandonávamos o avião, a hospedeira com ar de gozo, perguntou se tínhamos tomado banho com lavanda. A viagem não tinha deixado muitas saudades, julgava eu que na volta, as coisas corressem normalmente, mas estava redondamente enganado. Depois de quatro semanas no aconchego da família e amigos, chega o maldito dia, de mais um “adeus até ao meu regresso” , apanhei o comboio depois de almoço, encontrei-me ao fim da tarde com o Luis no Marquês de Pombal, para levantar-mos “o passe de regresso” na agência de viagens, e logo ali as coisas não começaram bem, chateou-me a corneta, para meter na minha mala um embrulho em papel de merceeiro que trazia debaixo do braço, era leve mas volumoso, acabei por ceder, o gajo viajava sempre á Lisboa, com aquela pequena mala de fim de semana, onde mal cabiam três mudas de roupa e eu num contraste total, com aquele malão XXL, bem á moda da província.
Fizemos o check in por volta das 23 horas em Lisboa e aterrámos em Luanda no dia seguinte ás 8 e tal da manhã, não era hábito fiscalizarem os passageiros á chegada, muito menos os militares, mas por qualquer motivo aconteceu, de entre alguma bagagem seleccionada pelo alfandegário, constava a minha para ser revistada, aproximei-me do tapete rolante, abri a mala e uma funcionária aduaneira, meteu as mãos delicadamente por baixo da roupa levantou um pouco, e deu-se o acidente, o embrulho abriu-se e começou a cair para o chão, langerie em fibra sintética, muito fina e escorregadia, de variadas cores, modelos e tamanhos, uma panóplia de roupa interior feminina, a senhora ficou muito atrapalhada e vermelha, olhando para mim, a pedir desculpa e eu no meio da gargalhada geral, dos assobios da plateia, e da confusão gerada, perplexo e envergonhado, viro-me para trás e aponto para o Luis e suplico á senhora, essa embalagem não é minha é daquele meu amigo acolá de jeans e pólo azul, o “sacana” vira a cara ao lado, assobiando, cigarro na mão, caminhando como se nada fosse com ele..!! Ajudei a senhora a refazer o embrulho, peguei na carga e saí porta fora lixado e fd com a cena, encontro o Luis “na maior” á procura dum táxi, arreganhava o beiço de orelha a orelha, mandei-lhe o embrulho para cima, e o gajo volta-se para mim naquela pose cheia de estilo, que só ele era capaz de compor e diz, mantém-te calmo e manso, senão, não ganhas nada com o negócio…!! (A roupa tinha sido comprada na botique C da feira do relógio em Lisboa na manhã da partida para Luanda)
Adeus até ao meu regresso
Fiquei deslumbrado não só com seu blog, como também pelas suas postages, maravilha!!!
ResponderEliminarConheça os meus em:
www.congulolundo.blogspot.com
www.queriaserselvagem.blogspot.com
Um abração do tamanho do mundo.