Foi numa outra Segunda-Feira de Páscoa, há 37 anos atrás...
Imaginava que fosse já manhã quando acordei, porque desfrutei dos primeiros raios solares africanos.
Pouco depois, íamos aterrar na capital angolana – Luanda - parcela do império, jóia da coroa colocada no mapa por Diogo Cão, marcada e limitada a pulso por outros não menos ilustres portugueses, autênticos mareantes em terra (Roberto Ivens e Brito Capelo).
Pensei cá para comigo que teria sido muito melhor que não o tivessem feito.
Mas meditativo que estava, eis que acontece o primeiro choque, mesmo ainda dentro do avião que desde Lisboa nos transportava na “grande epopeia” dos militares da CART 3514, mais tarde, na ZML, sobejamente conhecida pelos PANTERAS NEGRAS .
Mal se abriram as portas, agora de saída, entrou sem cerimónias um bafo quente e húmido por ali dentro que quase nos sufocou. Aguardei para ambientar-me aquele novo clima de tão grande contraste com o ar frio do dia de Páscoa de 1972 em Lisboa.
Mas mal me assomei à porta, um dos “nossos hospedeiros” da TAM, ainda teve a desfaçatez de me animar, quando titubeou compreensivelmente, conhecedor daquilo que afirmava.
- Hoje, até parece que não está muito quente. Ainda é de manhã cedo.
Se isto eram os “entretantos”, como seriam os “finalmentes”. Não havia nada a fazer. Cá fora nem brisa nem ar. Além do bafo húmido que fazia apertar o peito de calor e de ansiedade, fui detectando uma nova miscelânia de cheiros novos e estranhos.
Estavamos por fim em África. Continente de sol que tingia de escuro a pele dos seus nativos e dava aquela cor morena e trigueira a todosos brancos europeus. África da guerra e dos contrastes.
Perdoai-me a inconfidência, mas um dos camaradas que me acompanhava ao descer das escadas do avião e que de lá mais alto mirou parte do “aeroporto”, não se contendo acabou por dizer:
- Caramba (podem crer que este caramba, foi dito num português vernáculo, cuja tradução aqui e agora só pode ser esta)!!! - Eu já sabia que África é terra de negros, mas não há brancos, parece que só somos nós!!!
Será por mais desnecessário afirmar, que neste comentário não havia qualquer tipo de racismo, sentimento esse, que na nossa mente dos verdes 20 anos, não cabia, e era até desconhecido de muitos.
Foi assim que, como todos os outros, dei por mim em Africa, e estas primeiras impressões nunca mais esqueci. Angola terra de asperezas e rigores, mas ao mesmo tempo, terra enfeitiçada que alicia a quem por lá passou, não se importar nunca de voltar, noutros tempos e noutras circunstâncias.
Por hoje, e para terminar, deixo uma saudação cordial a todos os companheiros, esperando que tenham passado uma óptima Páscoa na companhia das vossas famílias.
Imaginava que fosse já manhã quando acordei, porque desfrutei dos primeiros raios solares africanos.
Pouco depois, íamos aterrar na capital angolana – Luanda - parcela do império, jóia da coroa colocada no mapa por Diogo Cão, marcada e limitada a pulso por outros não menos ilustres portugueses, autênticos mareantes em terra (Roberto Ivens e Brito Capelo).
Pensei cá para comigo que teria sido muito melhor que não o tivessem feito.
Mas meditativo que estava, eis que acontece o primeiro choque, mesmo ainda dentro do avião que desde Lisboa nos transportava na “grande epopeia” dos militares da CART 3514, mais tarde, na ZML, sobejamente conhecida pelos PANTERAS NEGRAS .
Mal se abriram as portas, agora de saída, entrou sem cerimónias um bafo quente e húmido por ali dentro que quase nos sufocou. Aguardei para ambientar-me aquele novo clima de tão grande contraste com o ar frio do dia de Páscoa de 1972 em Lisboa.
Mas mal me assomei à porta, um dos “nossos hospedeiros” da TAM, ainda teve a desfaçatez de me animar, quando titubeou compreensivelmente, conhecedor daquilo que afirmava.
- Hoje, até parece que não está muito quente. Ainda é de manhã cedo.
Se isto eram os “entretantos”, como seriam os “finalmentes”. Não havia nada a fazer. Cá fora nem brisa nem ar. Além do bafo húmido que fazia apertar o peito de calor e de ansiedade, fui detectando uma nova miscelânia de cheiros novos e estranhos.
Estavamos por fim em África. Continente de sol que tingia de escuro a pele dos seus nativos e dava aquela cor morena e trigueira a todosos brancos europeus. África da guerra e dos contrastes.
Perdoai-me a inconfidência, mas um dos camaradas que me acompanhava ao descer das escadas do avião e que de lá mais alto mirou parte do “aeroporto”, não se contendo acabou por dizer:
- Caramba (podem crer que este caramba, foi dito num português vernáculo, cuja tradução aqui e agora só pode ser esta)!!! - Eu já sabia que África é terra de negros, mas não há brancos, parece que só somos nós!!!
Será por mais desnecessário afirmar, que neste comentário não havia qualquer tipo de racismo, sentimento esse, que na nossa mente dos verdes 20 anos, não cabia, e era até desconhecido de muitos.
Foi assim que, como todos os outros, dei por mim em Africa, e estas primeiras impressões nunca mais esqueci. Angola terra de asperezas e rigores, mas ao mesmo tempo, terra enfeitiçada que alicia a quem por lá passou, não se importar nunca de voltar, noutros tempos e noutras circunstâncias.
Por hoje, e para terminar, deixo uma saudação cordial a todos os companheiros, esperando que tenham passado uma óptima Páscoa na companhia das vossas famílias.
Eu sabia que qualquer dia te teria novamente na nossa companhia, decedidamente terás muito que contar dos nossos longos dias passados em África, o primeiro passo está dado agora há que rebuscares nas tuas memórias os melhores momentos, os caricatos e não só, porque os maus já à muito que os esquecemos.
ResponderEliminarUm abraço
Amigo Carvalho
ResponderEliminarA seu tempo, outras notas virão!!!
Fica desde já prometido. Sabes bem, que as grandes caminhadas, começam sempre por pequeninos passos!...
Um Abraço